Transformando-se para transformar
O título dessa mensagem ressalta o aspecto dialético na relação homem e mundo. Todos nós criticamos o mundo com suas mazelas e apontamos soluções que na maioria das vezes requer mudanças na forma do outro viver, não nos incluímos nessa mudança. A história do cientista que procura a formula para consertar o mundo nos ensina o contrário (narrar à história). Dessa forma aprendemos que a transformação no mundo pressupõe minha transformação.
I. Transformando minha realidade
“1 Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rm 12.1 e 2
a) Apresentar o corpo em sacrifício a Deus
O início da transformação do ser humano está em se colocar nas mãos de Deus, pois por si mesmo não tem forças para mudar por mais que queira como afirma o apóstolo Paulo “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.” Só Deus tem a condição de restaurar a imagem inicial do homem em quanto vivia no Éden numa estreita relação com Deus e com o mundo em sua volta. Por isso, é necessário o retorno a olaria de Deus para que nos quebre como vaso velho e nos refaça como vaso novo.
b) Renovação da mente
Ao descemos a olaria e nos colocar nas mãos de Deus o Espírito Santo passa habitar em nós e, passamos a viver uma nova vida em Cristo com afirma o apóstolo“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” Essa nova vida pressupõe uma nova mente, por conseqüência, um novo olhar sobre as coisas, pessoas e mundo. Pois, agora “nós temos a mente de Cristo.”
Ao adquirimos a mente de Cristo por meio de uma experiência transformadora com Deus passaremos a ter condição de vencermos a nossa natureza pecaminosa e a partir de nós influenciarmos as outras pessoas.
c) Não conformação com o mundo
A renovação da mente nos levará propor mudanças em um mundo que jaz ao maligno e vive em meio às trevas. Mostrando que Jesus é a luz e onde há luz as trevas se dissipam. Só poderemos mostrar essa luz se primeiro ela brilhar em nós e através de nós. Na medida em que não passo a viver os esquemas desse mundo; trapaça, mentira, promiscuidade etc. Mas sim, os esquemas do reino de Deus; amor, paz, verdade, solidariedade etc.
II. Transformando a sociedade
“13 Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
15 nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt 6.13-16
Para muitos crentes (sinceros) após a experiência salvívica o ser humano deve se afastar do mundo por ser pecaminoso pensamento este contrário aos ensinamentos do Mestre. Jesus ao escolher seus discípulos os enviou as aldeias e cidades de sua época justamente para que pudessem impregnar às pessoas com o grande amor de Deus e, mostrá-las outra forma de se relacionar consigo mesmo, com o outro, com o mundo e com Deus.
Somos cientes da verdade bíblica que nos diz que somos peregrinos, a nossa casa é o céu, entretanto, ela também afirma que Jesus pediu “não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mau.” “eles estão no mundo não do mundo”. Dessa forma em quanto estivermos aqui temos o dever de tornar nossa estadia a melhor possível dentro dos parâmetros divinos. E se temos a mente de Cristo vamos fazer como Jesus fez e continua fazendo por meio da sua palavra e sua igreja. Daí a simbologia de nos comparar com o sal e a luz onde estivemos devemos fazer diferença.
Para John Stott, essa simbologia significa pelo menos quatro verdades:
a) Os cristãos são essencialmente diferentes dos não cristãos
As duas imagens, sal e luz, separam as duas comunidades. O mundo é escuro, pois jaz ao maligno e o cristão deve ser uma luz para ele. O mundo está se decompondo o cristão deve ser o sal para que não apodreça.
b) Os cristãos devem impregnar a sociedade
Os cristãos são convocados a refletir a luz abrindo caminho ou mostrando O caminho para essa sociedade sair da crise moral na qual está mergulhada. O sal no saleiro nenhum efeito externo obterá, mas colocado na alimentação a modifica dando-lhe sabor e mais tempo de vida. Assim devem ser os cristãos espalhados pelo mundo dando-lhe sabor e vida.
c) Os cristãos podem influenciar a sociedade
Não só podemos como temos o dever espiritual e político com a sociedade não importa qual seja, a qual parâmetro espiritual ela segue nós temos A Verdade que liberta. Milhares de pessoas vivem amarradas pelos grilhões do pecado essa Verdade precisa chegar até elas e eu sou responsável por isso. É muito fácil dizer que o mundo está cada dia pior e que as trevas têm tomado conta. A pergunta a se fazer é: onde está à luz (nós) que tem permitido isso acontece? Pois, onde há luz as trevas se dissipam se as trevas têm aumentado é porque a luz tem se dissipado. O mesmo com a afirmação de que o mundo está em estado de putrefação. A pergunta a se fazer é onde estava o sal que impediu esse estado? Se a Igreja está mundo e não está iluminando e salgando o mundo ela precisa repensar a sua forma de ser igreja.
d) Os cristãos devem manter a sua característica distintiva
Ao mergulhar no mundo para espelhar sua luz e seu sal os cristãos precisam tomar cuidado para não se envolver com mundo e ao invés de influenciá-lo é influenciado. Eles não podem perder essência de suas características, pois, se assim não for, pouco adiantará serem “sal” e “luz”.