FUTEBOL, SEMPRE O FUTEBOL!
O assunto do momento, no meio turístico e de eventos é a expectativa para a copa de 2014. Manaus, que é candidatíssima a sediar jogos, está fazendo projetos, enquanto espera a decisão da FIFA.
Sem dúvida, Manaus gosta de futebol. Do joguinho de pelada e dos clubes de fora. Se levarmos em conta o ranking dos times locais, a cidade não tem back ground para candidatar-se a ser sede de jogos da copa. Numa enquête feita entre universitários descobriu-se que num universo de 120 alunos consultados não havia um único de que torcia por time amazonense como primeira escolha.
Esse desinteresse por time local é tão visível que a maioria da população mal toma conhecimento do campeonato local. O estádio Vivaldo Lima costuma lotar somente quando vem um time de renome de fora. E, Manaus quase para quando acontece uma final de campeonato carioca. Talvez haja mais vibração de torcedores do Internacional e do Grêmio do que dos torcedores do São Raimundo e Nacional. Isto porque os times gaúchos distam quatro mil quilômetros de nossa capital.
Não se sabe se o desinteresse é causa ou conseqüência dos resultados pífios que os times alcançam. Alguns dizem que não há investimento porque nem sempre os responsáveis pelas finanças dos clubes tratou as verbas investidas com a devida seriedade. Seria uma das justificativas para que o futebol amazonense andasse com o caixa em baixa e jogadores com salários muito abaixo de seus colegas de outras praças. Há necessidade de financiamentos de empresas. O Pólo Industrial de Manaus está ai, mas não investe em cultura ou em esporte dentro do Amazonas. Por outro lado, temos de considerar que as empresas investem onde há retorno. Para haver retorno, há necessidade de seriedade.
O Amazonas tem investimentos altos em atividades que pouco ou nada tem a ver com a cultura local. O badalado festival de ópera é um exemplo disso. Começou como uma necessidade de se ocupar o Teatro Amazonas para a finalidade para a qual foi construído, na época da borracha e hoje é auto-sustentável, tendo até merecido destaque na capa do New York Times. O Festival de Cinema é outro exemplo. Embora resgate a tradição de que o cinema brasileiro começou em Manaus, está muito longe de ter o apelo popular que tem o futebol.
Numa época em que o Amazonas reduz suas verbas para o turismo, é bom pensar num marketing fácil para “vender” a cidade para turistas nacionais. É sabido que não se consegue visitantes, quando a população local não valoriza sua terra. Não vamos falar de artistas que reclamam da falta de apoio, mas eles mesmos trocem por times cariocas ou paulistas; nem dos jornais que dedicam uma página inteira ao lançamento de um livro estrangeiro e uma micro nota ao autor local e depois noticiam que o povo não gosta de ler. Não é isso. Estamos falando da indecisão do poder público em incentivar o turismo sem entender direito de que se trata. O turismo envolve meia centena de atividades e o poder público não pode fingir que não vê.
Vemos a Amazonastur recebendo mais verbas do governo federal do que do próprio governo estadual ao qual ela está subordinada. Assistimos a extinção da Manaustur por desilusão do atual prefeito com o desempenho do turismo de natureza. O encolhimento das verbas para o turismo não são uma solução para o setor, muito pelo contrário.
O apelo natural da Amazônia e, do Amazonas por carregar o nome da região é muito grande. Não há pessoa no mundo que não tenha uma simpatia pela região. Está faltando um plano que transforme este lugar atrativo num produto turístico.
Então, por que falei de futebol? O futebol é uma paixão mundial e nós somos responsáveis por tê-lo transformado nessa paixão. Ele apenas ajuda, nunca atrapalha.
Luiz Lauschner - Escritor e Empresário
www.luizlauschner.prosaeverso.net