De depoente a presidenciável
DE DEPOENTE A PRESIDENCIÁVEL
O depoimento da Ministra Dilma Roussef no Senado, no dia 7 de maio era esperado com muita expectativa pelo país inteiro. O mote proposto era a prestação de esclarecimentos sobre o PAC, mas sabia-se que o ponto de interesse seria o “dossiê” sobre os gastos do ex-presidente FHC, pois as velhas raposas da oposição raivosa nunca assimilaram a competência e a imposição política de Dilma.
Depois de uma notável militância na guerrilha, no período da ditadura que assolou o Brasil a partir de 1º. de abril de 1964 até os idos dos anos 80, Dilma surgiu na política como a competente Secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul. Séria, discreta e competente, essa mulher aos poucos conquistou a simpatia e o respeito de todos, culminando com o convite para o Ministério de Minas e Energia, onde ela acabou com os “apagões”.
Depois da desastrada queda de Zé Dirceu, ela foi para a chefia da Casa Civil, onde tem atuado com uma autêntica Primeira-Ministra. Seu destaque foi tanto, que hoje se fala, a boca grande, em sua candidatura ao Planalto. Com medo dessa ascensão, as raposas convocaram-na, para depor no Senado, com o fito único de derrubar esse mito.
Durante o “interrogatório” que levou nove horas, as perguntas, uma-a-uma foram tiradas de letra, por quem conhece o chão onde pisa. Um senador, num raro ato de gentileza, deu à Ministra, de presente, um mimo pelo “dia das mães”, um pingente, alusivo ao título de “mãe do PAC”.
A oposição, recalcada como sempre, não mede esforços para torpedear o PAC, mesmo que o prejudicado seja o Brasil, pois o sucesso do plano seria o sepultamento de seus objetivos pequenos. Dilma saiu-se muito bem em suas respostas políticas. A política, e por isto ela é fascinante, é altamente movediça, e pode a cada momento apresentar reviravoltas. E foi o que aconteceu na tarde-noite do dia 7, quarta-feira.
Lá pelas tantas, o senador Agripino Maia (DEM/RN) deu um formidável “tiro no pé” ao, mudando o foco do assunto, perguntar sobre fatos ocorridos sob o fogo da ditadura. Perdeu uma grande chance de ficar quieto.
Fez uma pergunta tola, fora do contexto, apenas com o intuito inferior de desmoralizar a Ministra. Como acontece nos projetos mal feitos, ele recebeu sobre si todo o veneno que tentou destilar. Conseguiu um destaque negativo.
Dilma deu uma resposta sensata e coerente, emocionada e objetiva, arrancando aplausos de toda a platéia. A infelicidade da pergunta de Maia conseguiu suplantar os picos de audiência da morte da menina Isabela e do escândalo de Ronaldo. Dilma Roussef entrou no Senado como depoente e saiu como presidenciável.