A força do poder econômico...

O Brasil está tomado por um sentimento de derrota, depois que o Supremo Tribunal Federal, na pessoa de seu presidente, Sr. Gilmar Mendes, concedeu o Hábeas Corpus ao banqueiro Daniel Dantas.

Foi o mesmo que decretar a ineficácia do Supremo, foi o mesmo que determinar que no Brasil, como sempre, para tudo se tem um jeitinho, tudo se resolve tudo se arruma, tudo tem seu preço.

Sinceramente, tem horas que sinto vergonha de ser brasileiro, de ter nascido num país corrompido no que de mais sagrado existe, que é a ética, a moralidade e a honestidade de seus líderes, onde as instituições governamentais não servem ao povo, onde quem mata é absolvido, quem rouba é promovido e quem se presta à corrupção é reeleito. Como vou mostrar para minha filha ainda pequena, que este é um país que vale a pena? Como vou ter condições de exemplificar a ela que quem faz o bem é que deve prosperar? Como vou demonstrar valores morais num país sem as mínimas condições de ética, moralidade e de civismo? Como vou explicar a impunidade explicita e indecente da classe política e seus banqueiros?

Aqui deve ser um dos poucos países no mundo, onde está cada vez mais evidente que o crime compensa que a ética é coisa somente dos bancos escolares, que moral e bom costume de nada servem que honestidade para nada adianta que corrupção não se pune.

A soltura do banqueiro Daniel Dantas é inaceitável, um homem de passado sombrio, de negociatas ilícitas, de favorecimentos fraudulentos, que há anos vem se favorecendo dos governos, que notoriamente enriqueceu de forma desonesta, que comprovadamente tem ligações perigosas com políticos e doleiros e causa enormes prejuízos aos cofres públicos por meio de sonegação fiscal.

Esse tipo de decisão do Supremo, mancha de preto nossas esferas judiciais, denigrem a imagem do Brasil ao mundo, nos envergonham a cada episódio acontecido, nos entristecem e nos deixam sempre a impressão de que neste país a impunidade está intimamente ligada ao poder aquisitivo de quem se beneficia dela.

A justiça brasileira sai arranhada desse episódio cinzento, o povo brasileiro tem que reagir a esses absurdos cometidos, precisamos parar de ficar fazendo piada da nossa própria desgraça, acomodados nos sofás confortáveis da obediência e amordaçados pelo medo medíocre do poder econômico. Precisamos mostrar que nesse país tem gente séria, tem gente que fica indignada com essas barbaridades que acontecem no nosso dia a dia e que por motivos banais não nos damos conta, não reagimos, não nos manifestamos.

Do futuro podemos esperar de tudo, que haja uma profunda e total mudança na forma de se fazer justiça nesse país, ou que as coisas não mudem tanto quanto deveriam, quanto nós pobres mortais queríamos que mudassem, ou ainda pior de tudo, que além das coisas piorarem nesse aspecto, tenhamos que assistir a outras decisões equivocadas do Supremo Tribunal Federal, que ao contrario de outros países, parece existir não para confirmar a culpa de políticos desonestos e de banqueiros corruptos, mas para conceder Hábeas Corpus vergonhosos como esse, sabe-se lá a que preço.

Adilson R. Péppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 13/01/2009
Reeditado em 21/11/2014
Código do texto: T1383048
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