As obras da carne e do espírito (SERMO XX)

OBRAS DA CARNE E DO ESPÍRITO

Para nós que vivemos no mundo não é difícil observar que no dia-a-dia das pessoas há uma dicotomia de atitudes, onde muitos alternam ações positivas, boas e práticas negativas, más. Isto, embora cause transtornos ao convívio social, parece fazer parte da rotina da vida humana.

O cuidado com a incidência dessa dialética, ocasionada pelo bem e pelo mal, se observa desde o Antigo Testamento, quando o Senhor Yahweh alerta seu povo:

Eis que coloco à tua frente dois caminhos: o bem e o mal;

escolhe o bem e viverás (Dt 30,19).

Sintomaticamente, Deus une os juízos bem e vida, numa premissa unívoca e convergente. Praticar o bem é sinônimo de ter e transmitir vida. Ao contrário, e a recíproca parece bem clara, a conseqüência da escolha dos caminhos do mal não é a vida, mas a morte. Jesus, quando divulga sua missão, afirma ter vindo para que todos tenham vida, e “vida em abundância” (Jo 10,10).

O grande obstáculo para essa vida plena que Jesus veio instaurar no meio da humanidade é o mal. Aquele mesmo mal que no mito do paraíso provocou a ruptura do homem com Deus. Escrevendo aos gálatas – e este é o texto que servirá de base para a reflexão de hoje – São Paulo enfatiza o confronto entre o bem (que vem e conduz e a Deus) e o mal (que tem origem no Maligno e leva à perdição). Nesse confronto, o apóstolo universal cria uma dialética, cujas teses ele chama de “obras da carne” e “obras do espírito”.

As obras dos instintos egoístas (da carne) são bem conhecidas:

fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio,

discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, heresia, inveja,

homicídio, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito

o que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino

de Deus (Gl 5, 19ss).

Como vimos no texto acima, praticar certos atos, tidos como egoístas, legítimas “obras da carne”, acarreta uma exclusão da graça, do bem e da herança do Reino. Acredito que ninguém queira, por uma atitude impensada, perder a comunhão com Deus. A questão é que, mesmo sabendo o ilícito de certos comportamentos, tem muita gente que trilha por esses caminhos, alguns pelo prazer de caminhar pela beirada do precipício, sentindo aquele friozinho de quem sabe que está se arriscando. Desde os tempos antigos somos advertidos sobre os riscos de viver perigosamente, imersos no pecado:

Quem vive no perigo nele perecerá (Eclo 3,25).

Davi, o rei-salmista estatuiu certas condições ideais, como meios eficazes para celebrar a fé, e assim alguém penetrar no templo:

Javé, quem pode hospedar-se em tua tenda e habitar em teu

monte santo? Quem age na integridade e pratica a justiça, quem

fala sinceramente o que pensa e não usa a língua para caluniar;

quem não prejudica seu próximo, e não difama seu vizinho; quem

despreza o injusto, e honra os que temem a Javé; quem sustenta

o que jurou, mesmo com prejuízo seu; quem não empresta dinheiro

com juros, nem aceita suborno contra o inocente. Quem age

desse modo, jamais será abalado! (Sl 15,1-5)

No dizer do salmista, as portas do Reino se abrem a quem tem o coração puro, a quem não pratica o mal e – sobretudo – aos que louvam constantemente a presença de Deus em sua vida.

São Paulo iria ampliar esses critérios, estabelecendo as práticas que facultam ao crente, já não apenas adentrar no templo, mas no Reino dos céus. A seqüência abaixo, constante da carta aos gálatas dá uma panorâmica do conjunto de atitudes de quem teme a Deus e se coloca sob sua autoridade.

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade,

benevolência, fé, mansidão, domínio de si e fidelidade. Contra

essas coisas não existe lei. Os que pertencem a Cristo

crucificaram os instintos egoístas junto com suas paixões e

desejos (Gl 5, 22ss).

Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do

Espírito. Não sejamos ambiciosos de glória, provocando-nos

mutuamente e tendo inveja uns dos outros (Gl 5, 25s).

Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá

aquilo que tiver semeado. Quem semeia nos instintos egoístas,

dos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no

Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos

de fazer o bem; se não desanimarmos, quando chegar o tempo,

colheremos. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a

todos, especialmente aos que pertencem à nossa família na fé

(Gl 6, 7-10).

O ato de buscar em Deus o conforto e a segurança é preconizado desde as antigas Escrituras, como uma certeza de que a fé e a confiança no Senhor jamais serão defraudadas:

Examinem a história, e verão. Quem confiou no Senhor jamais

ficou desiludido (Eclo 2,10).

Em geral, vamos às igrejas e escutamos falar sobre “obras da carne” (ou dos instintos egoístas) e “frutos do Espírito” através de uma lista de pecados e virtudes, sem maiores comentários ou divagações, e isto – pela falta de um aprofundamento – costuma confundir os ouvintes. Buscaremos aqui uma vista geral do modo de vida desses dois tipos de pessoas, ao enfatizar que a “vida no Espírito” e a “vida na carne” estão em permanente conflito entre si.

Nenhum trecho da Bíblia apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do que Gl 5,16-26.

Basicamente, devemos ter em mente que, na teologia paulina, “carne” (no grego sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (cf. Rm 8,6-8,13). Aqueles que praticam as obras da carne, afirma o apóstolo, não poderão herdar o Reino de Deus.

Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser dominada e mortificada numa guerra espiritual contínua, que o seguidor de Jesus trava através do poder do Espírito Santo.

É interessante, porém, salientar que o ser humano é formado de “carne” e “espírito”. Nossa carne, órgãos, tecidos, músculos e ossos, tudo aponta para uma criação de Deus, não sendo, portanto, algo pecaminoso. Não somos culpados de sermos constituídos de carne. Não!

Na concepção de Paulo, “carne” é aquela tendência negativa que se opõe aos desejos do espírito. Ninguém é candidato à perdição final apenas por ser feito de carne.

Afinal todos somos assim. O que pode gerar problemas é deixarmos que as tendências da carne (os instintos inferiores) tomem as rédeas de nossa vida. Vamos então estudar as “obras da carne” (5.19-21):

Fornicação (pornéia), isto é, a imoralidade sexual de todas as formas, como relações sexuais ilícitas, adultério e prostituição. Isto inclui também a pornografia. A expressão prostituição é mais ampla do que a pessoa vender seus favores sexuais por dinheiro, e se confunde com a impureza, que veremos adiante;

Impureza (akatharsia) são os pecados sexuais, atos pecaminosos (adultério, fornicação, masturbação, voyeurismo, fantasias sexuais, pornografia, etc.) e vícios, inclusive maus pensamentos e desejos do coração;

Libertinagem (aselguéia). É o pecado da sensualidade exacerbada. Refere-se à pessoa que segue suas próprias paixões e maus desejos; aparece em algumas traduções como lascívia;

Idolatria (eidololatria). É a adoração de espíritos, ídolos, sistemas, instituições ou objetos como se tivessem autoridade igual ou maior que Deus e sua Palavra;

Feitiçaria (pharmakéia). O espiritismo, a magia negra, a adoração de demônios, as superstições, “simpatias”, etc. Inclui-se aí o culto às “vidas passadas”, a reencarnação, e demais práticas esotéricas, animistas e espiritualistas;

Ódio (echthra). São as intenções e ações fortemente hostis; antipatia, desprezo e inimizade extrema;

Discórdia (eris). Refere-se às brigas, oposições e luta por superioridade;

Ciúme (dzelos). Ressentimento, ciúme, inveja do sucesso dos outros;

Ira (thümos). É a raiva ou a fúria explosiva que irrompe através de palavras e ações violentas;

Rivalidade (eritheia). É a ambição egoísta e a cobiça do poder;

Divisão (dichostasia). É criar partidos e divisões, na família, na sociedade e na comunidade; o mesmo que sectarismo;

Heresia (hairesis). Trata-se de contradizer verdades pregadas, reveladas ou dogmatizadas pela Igreja;

Inveja (fthonos). Trata-se de um “pecado capital”. Semelhante à emulação, refere-se ao ciúme e à antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e queremos;

Homicídio (phónos). O verbete indica o crime de matar alguém. Inclui-se aqui o aborto, a eutanásia, a seleção eugênica e demais experiências genéticas;

Bebedeiras (methê). Refere-se ao descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de bebida embriagante, drogas ou semelhantes;

Orgias (kómos). São os excessos com sexualidade, comida, bebida, luxos e palavreado inconsistente.

As palavras finais de Paulo sobre as obras da carne são severas e enérgicas: quem se diz seguidor de Jesus e dá abrigo a essas atividades iníquas exclui-se do Reino de Deus, perdendo assim, deliberadamente sua salvação. A presença do mal é uma realidade constante na vida humana. São Pedro compara-o à ameaça de um leão sempre pronto a nos devorar. Por isto é necessária muita vigilância.

Conta uma história que alguns discípulos pediram que seu mestre lhes falasse a respeito da ameaça e dos perigos do mal. O velho pensou e disse: “Dentro de mim há duas feras, como dois cães ferozes, em eterna luta. Eles são o bem e o mal”. Um aluno perguntou: “E qual deles vai vencer?”. O mestre olhou para os jovens e respondeu: “Aquele a quem eu alimentar!”.

Assim sucede conosco. Em nosso coração digladiam-se forças contrárias, graça e pecado; bem e mal. Vai vencer e tomar conta de nossa vida aquela a quem favorecermos. Somos tentados, no dia-a-dia a alimentar as discórdias, as divisões, a luxuria e as ações contra a vida. Se não dominamos essa tendência, invariavelmente estaremos favorecendo a proliferação do mal em nosso coração, em nossa família, em nossa sociedade e no mundo. O mal que assola o mundo nasce no coração do ser humano.

O estudo das “obras da carne” não é importante para nós agora, neste momento. Refletimos sobre elas para conhecer as armadilhas que o inimigo arma contra os seguidores do Ressuscitado. Em contraste com essas obras dos instintos egoístas, temos o modo de viver íntegro e honesto que São Paulo chama de “os frutos do Espírito”, já enunciados acima.

Esta maneira de viver, que se realiza no cristão à medida que ele permite que o Espírito Santo dirija e influencie sua vida, é que importa para a edificação de nossa vida cristã e de membros da Igreja. Os frutos do Espírito têm o poder de tal maneira a subjugar as tendências do pecado, levando-nos a andar em comunhão com Deus. Os frutos do Espírito incluem:

Amor ou caridade (agápe). É o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca; o amor é o sentimento puro, desprendido, que Deus mostra para conosco. A única maneira de aprendermos este amor é olhando para seu exemplo. Em 1Jo 4,7-12, lemos: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós; em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como vítima expiatória pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado”;

Alegria (xára). A sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, pertence àqueles que crêem em Cristo; a alegria descreve o privilégio de regozijar-se em Cristo, apreciando as maravilhosas bênçãos de nossa relação com ele. Esta alegria não é dependente de nossas circunstâncias físicas. Dinheiro não compra esta alegria. Um dos livros do Novo Testamento que fala mais claramente sobre alegria foi escrito por um homem que sofreu muito.

Enquanto ele estava na prisão, onde às vezes lhe faltava o essencial, Paulo escreveu a seus irmãos em Filipos:

Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se

(Fl 4,4).

Muitas pessoas pensam que a felicidade depende das circunstâncias. Até mesmo muitas igrejas falam tanto de saúde física, bênçãos materiais e prosperidade que dão a impressão de que apenas essas coisas são necessárias à felicidade. O verdadeiro cristão percebe que as provações são motivos para alegria e oportunidade para crescimento espiritual. Nossa alegria vem de Cristo;

Paz (eiréne). É aquela quietude de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o cristão, o Pai e os irmãos; paz é a sensação de bem-estar e tranqüilidade que resulta de nossa amizade com Deus. Numa de suas horas mais difíceis, Jesus falou com seus apóstolos a respeito de sua partida. Ele tinha que ir embora, para completar sua missão. Mas o próprio pensamento desta partida afligia profundamente os apóstolos. Nesse contexto, ele lhes deu esta segurança: “Deixo a vocês a paz, a minha paz eu lhes dou; não como a dá o mundo. Não se turbe o coração de vocês, nem se atemorize” (Jo 14,27). Jesus nos deixou sua paz!

Paciência (makrothymia). Trata-se da perseverança, longanimidade, lentidão no irar-se ou incapacidade para o desespero; paciência é a capacidade de pensar antes de agir. Deste modo, demonstramos perseverança e longanimidade. Por causa disto, Deus tem dado tempo suficiente ao homem para se arrepender de seus pecados. Ele não quer condenar ninguém, então procura a reconciliação com cada pecador. Paulo nos diz (em Ef 4,2) que a mesma atitude deveria governar nossas relações com nossos irmãos.

Em vez de ter raiva ou agir violentamente para ferir aquele que nos feriu, devemos pacientemente mostrar nosso amor e procurar a reconciliação com essa pessoa. Tal atitude melhorará nossas relações em todos os aspectos. Você pode imaginar como poderiam as igrejas, famílias e sociedade serem mais fortes e mais felizes se cada membro praticasse a paciência verdadeiramente?

Bondade (chrestotes). É o propósito de ser bom e não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor ou qualquer tipo de sofrimento; bondade é a benignidade de Deus, que é mais bem ilustrada por suas ações para nos salvar quando estávamos profundamente enterrados no pecado. Deus nos viu em pecado, como escravos de todo tipo de desejo ruim, e totalmente incapazes de nos salvarmos.

Por causa de sua bondade e amor, ele nos abençoou ricamente através de seu Filho e do Espírito Santo e resgatou-nos do pecado (cf. Jo 3,16). Agora, em vez de sermos escravos, somos herdeiros, com uma esperança de vida eterna! É assim que Deus mostra benignidade. Temos que imitar tal bondade, mesmo para com nossos inimigos! Será que é possível?

Benevolência (agathosüne). É o zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade ou na repreensão e na correção do mal. A benevolência é semelhante à bondade. Esta palavra ressalta a generosidade em dar mais do que alguém merece. É a palavra que Jesus usou para descrever o homem que pagou ao seu empregado mais do que seu trabalho realmente valia.

Os cristãos não devem ser pessoas tão preocupadas com o que é “certo”, pois perdem a capacidade de ser generosas e dar mais do que uma pessoa realmente merece. Em certas oportunidades, nossa “mania de perfeição” atenta contra o dom da benevolência. Deus é generoso para conosco. Nesse modelo, podemos ser generosos para com outros?

Fé (pistis). Reflete a lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade; fé é aquele tipo de lealdade a Deus, aceitando sua vontade e colocando-se filialmente sob sua proteção. Fé – ensina São Paulo – é ver o que ainda não se enxerga, é agradecer o que ainda não se recebeu e já possuir aquilo que se espera (cf. Hb 11,1). A fé vê o invisível, espera o impossível e recebe o inacreditável.

Mansidão (prautes). Retrata aquela moderação, associada à força e à coragem; a mansidão é algumas vezes confundida com fraqueza e timidez, mas esta qualidade nunca é fraca. Mansidão, ou brandura, é a força sendo dominada. Jesus era manso, mas mostrava força para enfrentar as autoridades poderosas de seu tempo e condenar claramente seus pecados. A sabedoria com mansidão é o que orienta o cristão;

Domínio de si (egkratéia). É o controle sobre nossos próprios desejos e paixões; aparece também como autodomínio. A virtude do domínio de si é a capacidade de governar nossos próprios desejos. Diferente da pessoa que anda na carne, como um escravo de suas paixões, o servo do Senhor deve mostrar o domínio próprio (cf. 2Pd 1,6). Esta característica nos capacita a negar nossos desejos inferiores. A pessoa que aprende o autodomínio é capaz de vencer os vícios e maus hábitos para atingir a luz de Deus.

O ensinamento final de Paulo sobre os frutos do Espírito é que não há qualquer restrição quanto ao modo de viver aqui indicado. O cristão pode, e deve buscar aperfeiçoar e fortalecer a prática dessas virtudes. O estudo sobre os “frutos do Espírito”, por se tratar de uma reflexão a respeito dos dons que o Espírito Santo nos cumula por toda a vida, é algo que nunca se extingue.

Pelo contrário, a cada momento descobrimos novas definições sobre essas motivações que Deus suscita em nós. A seguir, por se tratar da parte mais importante do estudo ora proposto, vamos esmiuçar esses fatores ainda mais, pois eles são vitais para a construção do nosso edifício espiritual.

Nós sabemos como amar pelo exemplo de Deus. Este amor, qual um afeto maternal sempre procura o melhor para aqueles que são amados. Deus procurou o melhor para nós quando deu seu Filho. O esposo que ama sua esposa procura cuidar dela e protegê-la, até ao ponto de sacrificar sua vida para salvá-la.

O discípulo que ama Cristo obedece a tudo que o Senhor ordenou. O imitador de Deus que ama seus inimigos não procura destruí-los, mas ajudá-los e salvá-los. Não há maior desafio nas Escrituras do que amar como Deus ama. Em contraste com as paixões da carne, vazias e passageiras, este amor é eterno.

Como vimos, nossa existência tem tendências de bem e de mal, de vida e de morte. Enquanto o Espírito de Deus nos ilumina para o caminho que conduz à vida, o Maligno, através de mil tentações e armadilhas tenta nos levar ao caminho do pecado e da morte.

Afinal, nunca nos esqueçamos, conforme ensinou São Paulo que “a retribuição do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo” (cf. Rm 6,23). Enquanto isto, é salutar que se saiba que o justo viverá através de sua fé (cf. Rm 3,28). Hoje vimos que existem duas opções:

Eis que coloco à tua frente dois caminhos: o bem e o mal;

escolhe o bem e viverás (Dt 30,19).

Ficamos conhecendo através do estudo que ora encerramos as características de cada uma delas. Quem conhece tem condições de assumir uma posição. Qual será a nossa escolha?

O autor é Doutor em Teologia Moral. Esta meditação foi levada a efeito em um retiro de seminaristas em Camargibe, Pernambuco, arredores de Recife, em 2005.