Disciplina no Trânsito
Ao volante do veículo, qualquer cidadão deveria estar consciente de que ali ele está na condição de motorista, subordinando-se às regras a ele inerentes. Infelizmente, a vaidade do poder ou da posição social ou econômica, faz com que alguns imaginem possuidores de privilégios, diferenciando-se de demais, onde direitos e deveres são iguais. Cometem infrações e não aceitam a abordagem dos guardas de trânsito, desrespeitando-os ou até mesmo tentando desmoraliza-los, fazendo voltar atrás sobre uma decisão a ele atribuída, no estrito cumprimento do dever. Ao invés de recorrer a quem de direito, discutem com os guardas, ameaçando-os de adotar algumas medidas punitivas, através de seus superiores. Ora, deixar de zelar pelo cumprimento das normas do trânsito não seria uma indisciplina?
Algumas autoridades esquecem que, pela sua posição social, tornam-se muito conhecidas e por isso são flagradas pelo cidadão comum em algumas infrações e ficam observando o seu comportamento diante de quem tem o dever de coibi-las.
Certo dia, vindo das minhas costumeiras caminhadas, vi um carro estacionado em local proibido e ali já estavam três guardas de trânsito, um deles já fazendo as anotações para a multa. Nesse instante, chega o proprietário do veículo que, invés de apresentar algumas desculpas pelo ato irregular, mostra toda a sua arrogância, querendo que o guarda retrocedesse da decisão. Talvez, se estivesse sozinho, teria se curvado pelo temor da reação do proprietário. Como estavam em três, mantiveram a decisão, entraram no carro da fiscalização de trânsito e foram embora, deixando o proprietário do veículo esbravejando. Pena que, pela condição do proprietário, aqueles guardas poderão ser repreendidos pelo simples fatos de estarem cumprindo com o dever.
Certo dia, estava eu saindo de um Hiper Mercado e à minha frente estava um táxi, onde o passageiro estava ainda colocando algumas compras. Aguardei tranquilamente, respeitando aquela rápida paradinha do taxista. De repente, eis que ouvi insistentes buzinadas de outro veículo, apressando a saída do táxi. Pelo que restava, não levaria um minuto para o passageiro colocar a última mercadoria. O taxista, educadamente, retirou o carro, mesmo ainda não completada a arrumação. Ao passar à minha frente o veículo do buzinaço, reconheci o motorista, uma figura pública, que por certo não se via não condição de motorista, mas na arrogância de uma autoridade que não só esqueceu a disciplina do trânsito, mas a própria condição de civilidade.