Caso real de violência sexual.
O relato abaixo ocorreu durante uma de minhas aulas de sexualidade. Ao abordar a questão cíclica da violência sexual a aluna me perguntou se era verdade mesmo a questão do ciclo e imediatamente começou a relatar o fato, descrito na integra.
“Quando eu tinha 12 anos de idade foi molestada e violentada sexualmente por meu padrasto. Minha mãe ao ser informada do que ocorrera, não acreditou. O caso se espalhou por toda a família, até que um determinado dia meu irmão Augusto, fingiu ir para o trabalho e regressou, pegando meu padrasto no ato da violência sexual. Augusto lhe deu uma surra. Minha mãe teve que “acreditar” em mim, mas mesmo assim optou em ficar com o parceiro, me colocando para fora de casa. Fiquei traumatizada psicologicamente. So tive o meu primeiro namorado aos 20 anos de idade. Hoje, sou casada e tenho três filhos homens.”
Maria Eduarda ficou feliz em não ter filha mulher com medo do processo se repetir. Não quis enfatizar que o ato também ocorre com meninos.
O irmão Augusto casou, teve uma filha.
Para surpresa de Maria Eduarda e da família, Augusto violentou sua filha que acabara de completar cinco anos de idade.
Relato retirado do meu livro “A Visão Holística da Sexualidade.”
Vou bater na tecla que venho defendendo. Enquanto a sociedade se preocupar unicamente em punir o abusador e não procurar entender a causa, infelizmente este processo irá cada vez mais se repetir. A criança ou adolescente de hoje que sofre a violência sexual é chamado de coitadinho, ingênuo, anjinho, vitima. Se não for tratada no futuro pode cometer o mesmo ato e aí será rotulado de bandido, monstro, demônio. O ciclo, também ocorre com as pessoas que são envolvidas durante a violência sexual.
No relato da aluna como chamaríamos o irmão ao defendê-la da violência sexual praticada pelo padrasto com a conivência de sua mãe?
E como definimos este irmão ao repetir o ato com sua própria filha?
Devemos ou não mudar o foco de nosso olhar?
O estudo de sexualidade nas escolas é fundamental para desenvolvermos uma vida psicosexual saudável, desconstruindo e construindo valores para rompermos o ciclo, melhorar os relacionamentos afetivos e produtivos.
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