A REPÚBLICA DE EDUARDO PAES
Prefeito da capital fluminense, assim que empossado, nesse dia 1º, baixou um pacote de medidas com o qual visa possibilitar melhorias para a cidade do Rio de Janeiro. Mas, dentre elas, uma diz respeito direto à qualidade do poder de discernimento do cidadão: o fim da aprovação automática nas escolas de sua metrópole. Ou seja: em princípio, entende-se que o cidadãozinho daquela urbe irá à escola para aprender a ler letras, palavras e números, sem o que ele não receberá certificação de se haver alfabetizado. E o poder de discernimento aqui referido, fundamenta-se obrigatoriamente no saber ler (e ouvir) e compreender, que deverá completar-se nos estudos posteriores.
Cícero, magistrado romano, laureado como poucos, remontando à Era Cristã, por volta do ano 66, escreveu, em Da República, que “não é bastante ter uma arte qualquer sem praticá-la. Uma arte qualquer, pelo menos, quando não se pratique pode ser considerada como ciência; mas a virtude afirma-se por completo na prática, e seu melhor uso consiste em governar a República e converter em obras as palavras que se ouvem nas escolas”.
Sócrates, mestre de Platão, já anteriormente a Cícero, a respeito do ato de filosofar, teria se pronunciado assim: “Nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio – pois já é –, assim como se alguém mais é sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser sábios; pois é nisso mesmo que está o difícil da ignorância, no pensar, quem não é homem distinto e gentil, que lhe basta assim. Não deseja portanto quem não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser preciso”.
Nos nossos dias, exatamente nesse 1º de janeiro de 2009, um proeminente economista brasileiro foi instado a expressar nos microfones sua opinião diante da até agora malograda intenção do Senado Federal em criar mais 7.854 vagas para empregar vereadores em todo o território nacional. Ele disse que seria importante que se criassem essas vagas, mas para empregar médicos, odontólogos etc., e não para vereadores, já que, certamente, isso, o povo brasileiro não quer.
Não é profunda, a filosofia do Economista. Nem mesmo sua reflexão chega a ser uma filosofia. Mas, ele, certamente, filosofa; pois não é nem um deus nem um ignorante. Qualquer brasileiro, nestas condições, não-deus, não-ignorante, a ser instado a respeito da farra do Senado, provavelmente “filosofaria” assim. Também, Eduardo Paes.
Ao abolir a aprovação automática em suas escolas, é possível que ele tenha querido implantar a filosofia de Sócrates e agir segundo os preceitos de Cícero, para que seus cidadãos não sejam deuses ou ignorantes e não venham a ter dificuldades em raciocinar.
Talvez fosse interessante que a Federação Brasileira seguisse o exemplo dA República de Eduardo Paes.
José Izidro Manoel
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