Idosos torturados
IDOSOS TORTURADOS
A mídia anuncia que o Brasil está se tornando um país de idosos. De fato, pelas melhoras da qualidade de vida as pessoas estão alargando sua faixa etária. A expectativa de vida do brasileiro vem subindo gradativamente. Embora o IBGE anuncie que nossa média de vida subiu de 69 para 73 anos de idade, a verdade é que as pessoas estão ultrapassando os 80 anos.
A média é puxada para baixo pelas mortes de jovens em acidentes, chacinas e também pela mortalidade infantil nas periferias. Se a longevidade é uma boa notícia para os velhos, deixa de sê-lo para a sociedade que tem que administrar esse fato.
Nos últimos anos a massa de pessoas de “terceira idade” cresceu. O “estatuto do idoso” estatui algumas prioridades que já não se adaptam à realidade. Hoje os locais de “atendimento a idosos” (sem falar em grávidas, deficientes e senhoras com crianças no colo) já são insuficientes. O fato é que nos supermercados, bancos, cinemas, lotéricas a “caixa dos idosos” tem uma fila maior que as reservadas aos não-idosos.
A realidade – exceção feita aos Correios – é no meu banco (a Caixa), nos supermercados onde faço compras (Bourbon e Carrefour) ou na lotérica onde pago os “galegos”, o idoso espera mais na fila reservada a ele do que nas outras. Não há vantagem à terceira idade, mas uma legítima tortura, pois os velhos ficam mais tempo, esperando de pé, que os demais. Eu já fiz a prova: tirei senha normal e senha de idoso. A normal geralmente é chamada antes.
Em face disso eu já reclamei nos supermercados e na Caixa onde tenho conta, e eles responderam que é impossível prover mais atendentes para os idosos. Ainda há um agravante: no Carrefour eles colocam caixas aprendizes, legítimas aranhas, que causam maior demora.
O atendimento aos idosos está deixando de ser um privilégio para se tornar um castigo, uma legítima tortura. Alguém tem que fazer alguma coisa. O “estatuto” está sendo descumprido. Em alguns bancos, o cliente normal aguarda a chamada em cadeiras estofadas, enquanto os velhos têm que aguardar de pé. Que nome se pode dar a esse abuso? Isso sem falar no “tempo de atendimento” imposto aos bancos, que é descaradamente desrespeitado.
O interessante é que esses burocratas, chefetes e seus aspones, um dia vão ser idosos em um mundo em que a massa de pessoas da “terceira idade” vai ser maior. Esta é a imprecação endereçada a eles. Aí, quem sabe, eles vão se lembrar da tortura imposta ao pessoal de mais idade, subjugado pela ineficácia de seus “sistemas de atendimento ao cliente”, que nada mais são do que um ato cruel de empurrar o problema para a frente.
Os burocratas tentam explicar o inexplicável sem serem capazes de resolver o problema. Alguém tem que fazer uma coisa. E urgente! Chega de tortura com pessoas frágeis e indefesas.
Quem ganha dinheiro com os velhos, hoje, são as geriatrias e casas do gênero, onde é difícil conseguir um lugar para uma pessoa de idade, mesmo pagando bem.