POR QUE AS PESSOAS MIGRAM?

Quando crianças, nossa imaginação viaja para mundos distantes, terras de fadas, de perfeição, harmonia. Quando adultos, aviões, automóveis, barcos e a Internet nos levam a mundos desconhecidos. Tanto numa como na outra fase da nossa vida, a imaginação entra como combustível.

A maioria dos brasileiros tem suas raízes no velho mundo. Ao nos lembrarmos deles nossa imaginação faz um percurso de volta, tentando localizar as peripécias dos nossos antepassados até chegarem às terras americanas. O meio de transporte lento, pouco seguro; os perigos naturais ou as doenças desconhecidas; a língua e a cultura diferentes; o risco de se embrenhar nas matas onde as intempéries significavam perigo; a falta de abrigo; a saudade dos seus...

Hoje, no mundo dinamizado, onde o tempo é muito valioso, os meios de transporte são muito mais rápidos. A comunicação é instantânea por telefone ou Internet. As notícias do mundo todo nos perseguem até selva adentro, onde apenas as ondas do rádio à pilha chegam. Não existem mais distâncias. O mundo está globalizado.

O Pólo Industrial de Manaus está cheio de empresas com nomes quase impronunciáveis. Não raramente nos sentamos à mesa de um restaurante e ouvimos alguém falando uma língua estrangeira à nossas costas e outro uma diferente à nossa frente. Contudo, nem tudo é transitório. Com raras exceções, as pessoas que aqui aportam para trabalhar acabam se integrando com o povo do Amazonas e escolhem uma companheira por aqui. Depois disso fixam residência permanente, ou a levam para terras mais frias, longe daqui. O que não deixa de ser uma migração.

Hoje, ficou muito mais fácil migrar de um país para o outro. Mas nem por isso deixa de ser interessante. Nossos antepassados, quando alertados por seus parentes de que iam para muito longe, talvez tivessem respondido: “Quando estiver na minha casa, estou em casa e apenas vocês é que estarão longe.” Hoje, o retorno rápido basicamente depende de dinheiro e vontade de retornar. Contudo, todos têm consciência de que o mundo que ficou para trás também está em constantes mudanças. Assim, o retorno é apenas para o local que ficou para trás, mas nunca para o mesmo ambiente que existia na hora da partida.

As empresas também selecionam entre seus colaboradores aqueles que mais facilmente se adaptam à mudanças. Para ir a um país estranho não é suficiente se fazer entender na língua local. É necessário vontade de viver como o povo vive, de se adaptar a tudo, enfim. Quem não fizer isso vai viver lamentando ou resmungando.

É comum encontrarmos pessoas que vêm ao Amazonas, procedente do velho mundo e querem encontrar aqui pontualidade, eficiência, conforto que encontram nas cidades milenares da Europa. Claro que isso é possível, na essência. Mas as diferenças são uma das características que fazem parte da viagem e acabam marcando nosso roteiro. As pessoas que viajam e querem encontrar em outros mundos o mesmo que têm em suas casas, melhor seria então que nem saíssem delas.

Contudo, mesmo com as facilidades do mundo moderno, alguém para mudar-se temporária ou definitivamente precisa de uma grande dose de imaginação e espírito de aventura. Ninguém se aventura rumo ao desconhecido apenas porque é fácil e barato viajar.

Como todos nós exercemos e sofremos influência, as terras muito visitadas acabam adquirindo um pouco as feições dos visitantes. Nossa imaginação viaja, mesmo que estejamos confinados à paredes sem vida dos prédios da cidade grande.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 29/12/2008
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