A MATEMÁTICA...NAS LETRAS!
Ontem no horário nobre da telinha, como de praxe aos finais de ano, foi feita uma retrospectiva d'alguns acontecimentos que marcaram a história.
E o Brasil pode rever o brilhantismo dum garoto do Nordeste (se não me falha a memória), que foi vencedor duma olimpíada de matemática.
Devo confessar que nunca dominei o raciocínio dos números, e considero a tal ciência mãe, uma habilidade dos gênios.
Ocorre que o garôto multiplica o seu mérito, por ser portador duma provável doença neuromuscular, pelo que pude captar da reportagem, que lhe trouxe graves sequelas físicas, infelizmente limitando-o a uma cadeira de rodas.
Recebeu todas as condecorações e reconhecimento da sua coletividade, inclusive do nosso Chefe maior, que ao seu lado , fez um discurso de emocionar, enaltecendo o brilhantismo do garôto.
Logo depois a telinha mostrou como sua vida e de seus familiares melhoraram.
Ganhou uma nova moradia, uma vaga na escola que até então pouco frequentara, uma cadeira motorizada, ganhou respeito e notoriedade.
Enfim, se tornou um cidadão do Brasil.
Mas é bom que se diga: Por mérito absolutamente "próprio", estimulado pelas perspicácia e sabedoria da mãe que lhe dava as primeiras aulas de vida...em casa.
Mas naquele momento do discurso, confesso que senti um mal estar, porque embora meu raciocínio matemático não seja lá aquelas coisas, minhas letras raciocinam e deveras ...sentem. E aqui precisam falar.
Foi ali que eu me perguntei: E antes da olimpíada matemática, como foi a vida do garoto?
Foi acometido por uma doença grave, provavelmente de ordem genômica, porém, teve os recursos prontos e suficientes para ser dignosticado e tratado?
Teve médicos, fisioterapeutas, remédios, transporte, alimentação e moradia voltados pra sua situação em particular?
Por que só agora, depois que provou ser especial no sentido mais denotativo da palavra, tem sua história a ilustrar os palanques poéticos dos discursos dos homens políticos?
Fiquei observando seus olhinhos de alegria diante do Gestor mais importante do país, e senti que o que eu sentia estava bem distante do seu sentimento e do seu entendimento. Dei graças a Deus por isso. Somos mais felizes quando acreditamos, e nada como ser criança para acreditar, ainda que no auge da genialidade.
Deixo aqui um questionamento: Esse fato nos reporta ao pensamento, de fato. Quantos vencedores potenciais anônimos estão sendo perdidos por falta de sérias políticas sociais, que ficam só no blá, blá , bla?
Nessa operação matemática, político algum quer ser campeão...de contas.
A matemática política sempre visa outros números.
Parabéns ao garôto pela garra, pelo exemplo brilhante de auto superação.
Que no seu caminho os números lhe contabilizem a alegria de muitas vitórias.