O Pecado da Generalização
Desde a mais remota antiguidade, o preconceito entre as classes sociais sempre existiu. O rico acha que sabe mais que o pobre, países desenvolvidos são mais civilizados que os subdesenvolvidos, regiões mais prósperas do mesmo país discriminam as mais pobres e por aí vão os mais diversos tipos de preconceitos. O nosso pobre Nordeste em relação às regiões Sul e Sudeste. Mas, não se pode ignorar as exceções. Cristo viveu na pequenina Nazaré e tornou-se o Rei da Humanidade. Há nordestinos que fizeram história neste país e além fronteiras. Nem vou citar nomes para não incorrer no pecado da omissão, pois são muitos os que fizeram ou ainda fazem parte da nossa história.
Agora justifico a razão de trazer à baila um tema tão polêmico no nosso meio social. É comum, às vésperas do Natal, aumentar o fluxo de pessoas no comércio, principalmente nos grandes supermercados. Mesmo com a adoção de caixas especiais, nem sempre todos os idosos podem ser atendidos a contento. Felizmente estamos crescendo na estatística, graças à melhoria da qualidade de vida. Por isso, às vezes, a sua fila nos caixas é maior do que a geral. Cabe-nos avaliar o fluxo e procurar uma menor, se for o caso. Assim fiz recentemente num Hiper Mercado, visando ganhar tempo, pois nem sempre a administração pode resolver o problema, quando em todos os guichês os caixas já estão funcionando. Uma senhora, também idosa, alegando estar com apenas um objeto, pediu à pessoa da vez para deixar-lhe passar à frente, ao que foi prontamente atendida. Duas pessoas, em posições de ordem diferentes, começaram a questionar o procedimento, alegando que isto só acontecia em Alagoas. Genericamente, discriminando o nosso alagoano. Não lhes demos ouvidos e eles, um homem e uma mulher, resolveram aumentar ainda mais a sua generalização. “Isto é coisa de nordestino”. A partir daí fizeram questão de se apresentarem como sulistas, mesmo um nem conhecendo o outro, mas com os sotaques característicos.
Enquanto consideramos um gesto de civilidade a cessão da vez àquela idosa que só tinha um objeto para passar no caixa, eles, jovens, achavam que a fila teria de ser respeitada sem nenhum tipo de exceção. Interessante é que a reclamação não era dirigida a quem de direito, apenas procuravam se destacar como sendo diferentes, nem alagoanos nem nordestinos. Esqueceram que todos somos brasileiros deste Brazilzão gigantesco, de dimensões continentais, ainda discriminado pelos países de primeiro mundo e que por isso mesmo devemos todos estar unidos em defesa da nossa grandiosa pátria, cuja grande virtude do seu povo é a de ser bom acolhedor daqueles que vieram de outros países para juntos construirmos um Brasil maior. Se abraçamos o mundo todo, por que menosprezar os nossos patrícios de regiões mais pobres?
Melhor do que dizer você é ruim é ensinar-nos a sermos bons.