INFANTILIDADES ADULTAS

Todo adulto, foi um dia criança. Há adultos, que sem perder o brilho da pureza depois de maduros, seguem vivendo, alegremente, feito verdadeiras crianças. Outros porém, insistem em contrariar a natureza da vida e crescem apenas fisicamente, permanecendo durante toda a vida, infantis.

Há crianças extremamente adultas, mentalmente falando.

Há, da mesma forma, adultos demasiadamente infantis. O crescimento psicológico não acompanha o corpo. Resultado: relação conflitante com o mundo, e por que não dizer, com seu mundo, um casulo que jamais se abre, protegendo- os das frustrações que possam, por ventura vir a sofer durante a vida.

Adultos infantis sofrem. Buscam constantemente, a auto- afirmação e a auto- descoberta, externamente. A vaidade aflora, desejando nunca deixar o corpo envelhecer, encobrindo o medo que possuem de viver a verdadeira emoção da vida sem esconder- se.

Tornando- se pais, projetam nos filhos, objetivos não conseguidos na juventude. A filha será modelo. O filho, jogador de futebol. Terá de namorar cedo, para desfrutar da oportunidade de um relacionamento pouco desenvolvido, pautado apenas em passageiras emoções.

Alguns adultos olham crianças em tenra idade, como se já tivessem formada a personalidade. Crianças precisam se divertir. Existem adultos, no entanto, que pulam a melhor etapa da vida. Uma etapa inocente, descompromissada.

Meu filho, você precisa mostrar o seu status à sociedade, papai comprou essa roupa de marca para você mostrar aos seus amiguinhos.

Filha, preciso que você conquiste o filho do nosso vizinho. Além de ser um pão, a família dele ajeita nosso futuro em dois tempos. Vá se produzir querida. Ele vai dar uma festa e nós vamos estar lá.

Vem a adolescência. Tempo de descobertas. Os adultos intensificam por sua vez, o incentivo ao relacionamento a dois.

Há certas coisas que precisam de incentivo para que aconteçam de fato. Outras situações da vida humana ocorrem naturalmente.

Estamos num mundo de constantes descobertas. Somos indivíduos. A socidade é formada por nós. O conceito de uma sociedade depende de cada um de nós. Para formar uma sociedade coesa, no entanto, precisamos reconhecer o terreno em que pisamos, dentro de nós mesmos, para que possamos plantar a flor do auto- conhecimento, sem o subterfúgio das vãs ilusões do mundo, que apela para o culto externo e a valorização da matéria.

O adulto frustrado de hoje é a criança de ontem que deixou de viver a infância em sua plenitude, brincando sem compromisso nenhum diante da vida.

Marcello Santos
Enviado por Marcello Santos em 28/12/2008
Reeditado em 29/12/2008
Código do texto: T1356489
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