NO OCEANO DAS ODISSÉIAS

A correria da sociedade em busca do TER não consegue amenizar o dilema interior no SER humano.

Aparentemente a correria desvairada seria a solução.

Inclusive, na tentativa de dar agilidade ao processo de desenvolvimento, nos habituamos a aceitar pacificamente que o urgente ocupe o lugar do necessário, como se isso não fosse “colocar o carro na frente dos bois”.

Contudo, quando olhamos em derredor, os problemas visíveis no mundo “palpável” aumentam ainda mais a angústia.

Conforme Celso Antunes em seu livro Uma Aldeia em Perigo: “Ao longo dos séculos que nos precederam a humanidade jamais pôde assistir a tantas conquistas científicas, a tantas crises morais, a tanta esperança no futuro e a tão consciente convicção do desastre iminente... Esse progresso tem tanto de extraordinário quanto de desigual. Se alcançou milhões de homens, bilhões de outros estão agora mais pobres, mais famintos”.

Entre muitos, relacionamos alguns problemas que em todas as épocas desafiaram a sociedade e, infelizmente continuarão sendo uma “pedra no sapato”, com o objetivo de fazer uma pausa para reflexão antes de nos “empanturrarmos” com os banquetes de final de ano, “viajando na maionese”:

Em primeiro lugar, temos a FOME – uma pequena palavra que tem um grande impacto especialmente, nos países mais pobres. Seus efeitos nocivos têm ceifado milhares de vidas dentre as populações mais carentes do planeta; dentre aqueles que deixam de consumir a quantidade necessária de nutrientes para que o corpo funcione de forma normal.

Conforme Celso Antunes, “O século XX apresenta dois tipos de fome de alimentos: a fome quantitativa (fome aguda), provocada pela falta absoluta de alimentos, e a fome qualitativa (fome oculta), causada pelo seu consumo insuficiente, por uma grande parte dos habitantes de uma região... O regime alimentar médio de qualquer indivíduo deve situar-se acima de 2.500 calorias por dia e apenas 30% da população da Terra apresenta esse nível”.

Em 1988, a revista Veja publicava em sua edição especial de vinte anos: “O mesmo mundo que produz grãos em quantidade capaz de alimentar, vinte vezes, a humanidade não sabe distribuí-los”. Em sua edição de 10/07/2001, o Diário de Pernambuco publicou em seu caderno de Economia, uma matéria onde estava afirmado que “anualmente morrem, no mundo, aproximadamente onze milhões de crianças em conseqüência da fome. E estima-se que o Brasil tenha chegado ao século XXI com 50 milhões de miseráveis”; pessoas que são obrigadas a sobreviver com renda mensal per capita inferior a oitenta reais.

Existem, sim, possibilidades para superar a falta de alimentos, em tempos de crise:

O Nordeste brasileiro é uma área de acentuados contrastes:

O litoral com suas belíssimas praias, à disposição dos turistas - há muito consolidou sua posição no cenário mundial como o paraíso dos turistas; e

O Sertão Central com sua paisagem árida, semelhante à Palestina dos dias de Jesus - que nas Palavras do profeta Isaías era a “região da sombra da morte” (Isaías 9:2).

Foi nessa realidade que, aproximadamente 1.600 anos antes de Cristo, viveu José – filho de Jacó, vendido como escravo pelos seus próprios irmãos a uma caravana de mercadores que ia ao Egito.

Em terras estranhas, José (movido pela vontade de DEUS): Interpretou um sonho do Faraó, profetizou a seca que viria e apresentou uma política agrícola eficiente e eficaz impedindo o caos (Gênesis 41:29–38).

José, tendo o temor do Senhor que é o princípio da sabedoria (Provérbios 1:7), tomou aquela decisão política coerente com a necessidade do momento (Gênesis 41:33-36).

Segundo seu plano, cada um contribuiria com a 20% (vinte por cento) da produção (dos anos de abundância) para que na hora da crise todos fossem beneficiados.

Resultado:

O próprio governante, um pagão adorador de estranhos deuses, reconheceu o poder de DEUS sobre a vida de José:

"Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus?" (Gênesis 41:38).

Após esse episódio José passou dos “porões da escravidão” ao governo do país! Antes de colocar seu programa em prática ele andou por toda a terra do Egito (Gênesis 41:46).

Fazendo uma análise dos programas de governo nos dias atuais uma coisa é certa:

O relato bíblico contém erros de tradução ou as políticas sociais para o terceiro mundo estão erradas!

No desenvolver da ação política (de José no Egito), nada foi escrito em relação a uma DOAÇÃO de alimentos, alistamento de pessoas em frentes de emergência, distribuição d’água através de carros-pipas, etc.

Pelo Contrário:

Os impostos arrecadados durante o tempo da fartura, 20% (vinte por cento) da produção, foram transformados em estoque regulador do Estado para ser VENDIDO durante a seca.

Em segundo lugar, temos o ABANDONO – Em 02/05/1999, a Folha de São Paulo publicou um caderno especial intitulado: Qual Será o Futuro das Cidades;

Lamentavelmente, a grande maioria da população não teve acesso, onde levanta a questão seguinte:

“Um bilhão de pessoas vão morar em barracos de madeira, amontoadas em cortiços ou em instalações sem as mínimas condições de higiene. Esse é o prognóstico urbano mais otimista para o próximo século (XXI), segundo a ONU e a Water-Aid (organização inglesa de desenvolvimento sanitário)... Com tanta gente vivendo nas cidades sem acesso a esgoto e água encanada, as organizações mundiais de saúde temem ainda a volta de epidemias como tifo e tétano”.

A falta de um lar torna-se, depois da fome, talvez o maior dilema do homem pós-moderno. Tanto do ponto de vista material – não ter um teto onde se abrigar; quanto do ponto de vista afetivo – não ter o aconchego de uma família onde se possam dividir alegrias e tristezas.

Não é preciso ir muito longe para encontrar pessoas dormindo nas ruas ou morando em casas improvisadas com caixas de papelão, latas, pedaços de tábuas e outros materiais semelhantes.

Muitas vezes ao lado de mansões ao estilo do primeiro mundo.

Certamente, tal coisa somente é menos desumana que a existência de menores abandonados pelas esquinas da vida, cheirando cola e apanhando de adultos.

Se a falta dé um teto pra família acontece por coisas que "estejam" fora do controle humano, não é preciso desesperar – “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46:1). Contudo, em muitos casos éincompetência humana mesmo.

O ser humano tem uma imensa carência afetiva, a tal ponto que mesmo depois de grandes batalhas em que é bem sucedido, pode sentir-se frágil, desprezado por tudo e por todos, dependente dos holofotes da fama. Quando estes se apagam, sente-se rodeado pela sensação de fracasso, solidão, abandono.

Encontra-se nas páginas da Bíblia, a história do profeta Elias, que experimentou o poder de DEUS de uma forma tremenda:

Em primeiro lugar, O SENHOR demonstrou seu poder quando aceitou o sacrifício oferecido por Elias e enviou fogo do céu sobre o altar, consumindo a oferta que estava sobre o mesmo - em “oposição” aos 450 profetas do deus Baal e os 400 profetas do poste-ídolo que comiam da mesa da esposa do rei de Israel (1 Reis 18:18-19).

Em segundo lugar, DEUS enviou chuvas, após os três anos e meio da seca (também predita por Elias), em resposta à oração do Profeta. Após uma vitória tão maravilhosa, Elias sentiu-se abandonado por DEUS quando Jezabel jurou vingança pela morte dos 450 falsos profetas de Baal (1 Reis 19:4–18).

Em vista da demonstração do amor de DEUS, adquirimos uma melhor compreensão daquele conhecido poema “Pegadas na Areia”:

Nos momentos mais duros de nossa caminhada, podemos até pensar que ELE nos teria abandonado; entretanto, estamos adormecidos enquanto ELE nos carrega em seus braços.

Daví, rei em Israel, um homem segundo o coração de DEUS, soube expressar muito bem essa presença de DEUS, quando compôs o Salmo 139:

SENHOR, TU me sondas e me conheces.

SABES quando me assento e quando me levanto;

de longe PENETRAS os meus pensamentos.

ESQUADRINHAS o meu andar e o meu deitar e

CONHECES todos os meus caminhos.

Ainda a palavra me não chegou à língua, e TU, SENHOR,

já a CONHECES toda.

TU me cercas por trás e por diante e sobre mim PÕES a mão.

Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim:

é sobremodo elevado, não o posso atingir.

Para onde me ausentarei do TEU Espírito?

Para onde fugirei da TUA face?

Se subo aos céus, lá ESTÀS;

Se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá ESTÀS também;

Se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a TUA mão,

e a TUA destra me susterá.

Se eu digo:

As trevas, com efeito, me encobrirão,

e a luz ao redor de mim se fará noite,

até as próprias trevas não TE serão escuras:

As trevas e a luz são a mesma coisa.

Pois TU formaste o meu interior,

TU me teceste no seio de minha mãe.

Graças TE dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso

me formaste;

As TUAS obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem;

Os meus ossos não TE foram encobertos,

quando no oculto fui formado

E entretecido como nas profundezas da terra.

Os TEUS olhos me viram a substância ainda informe,

E no TEU livro foram escritos todos os meus dias,

Cada um deles escrito e determinado,

Quando nem um deles havia ainda.

Que preciosos para mim, ó DEUS, são os TEUS pensamentos!

E como é grande a soma deles!

Se os contasse, excedem os grãos de areia;

contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim

(Salmo 139:1-18).

O problema não é que DEUS se encontraria “afastado” ou “inacessível”,

Mas, a triste realidade, do ser humano (homem e mulher),

Haver se rebelado contra Ele, desde o jardim do Édem.

Estamos afastados, rejeitando o seu perdão e amor,

Oferecidos na CRUZ DO CALVÁRIO,

Quando JESUS CRISTO,

derrubando a parede de separação

Que havia entre O CRIADOR e SUA CRIAÇÃO,

SE TORNOU a ponte que nos conduz ao CRIADOR.

Em terceiro lugar, temos a questão do PRECONCEITO. Conforme o Aurélio: idéia preconcebida; suspeita, intolerância, aversão a outras raças, credos, religiões, etc.

“Ao pensarmos na guerra, na fome, nos latifúndios, na miséria, nas favelas, nos mocambos do Nordeste, ou ainda nos arsenais de bombas atômicas, nossos sentimentos de injustiça se excitam. A injustiça nos perturba”

(Samuel Escobar – Teólogo da América Latina, em seu livrete: Não Concordo Com DEUS).

No momento que a injustiça social deixa de causar indignação, algo não vai bem.

Contudo, entre o indignar-se com a injustiça social e o senso de fazer justiça com as próprias mãos,

há uma distancia tão grande quando a fronteira, entre os “tubarões” da alta sociedade e favelados “acampados” ao lado de suas belas mansões ou apartamentos à beira mar.

Entre o preconceito e a injustiça social há uma relação de causa e efeito, que se mostra claramente nas inúmeras manifestações de discriminação presentes, nas esquinas da cidade.

Contudo, mesmo que a possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos pareça encantadora para alguns, um pouco de reflexão levaria à triste conclusão que (inclusive nessa idéia) existe a “semente” do preconceito social o qual, de forma direta ou indireta, atinge a humanidade.

A luta contra o preconceito racial tem avançado, de modo que vamos nos ater a outras manifestações de preconceito que poderão trazer desagradáveis conseqüências a nossa já pobre e podre sociedade.

O preconceito social se oculta, até mesmo sob a bandeira de algumas lutas em prol dos direitos humanos.

Existe uma espécie de “lista negra” na mente das pessoas:

“Para alguns, dela deveriam constar os comunistas.

O mundo se desenvolveria pacificamente se não houvesse comunistas agitando e fazendo sofrer as massas sob a tirania por detrás da ‘cortina de ferro’.

A restauração do mundo começaria com a eliminação deles.

Para outros, a ‘lista negra’ teria início com os americanos, os grandes da ‘Wall Street’, os banqueiros e os magnatas que fabricam guerras e armamentos.

Outros começariam com os militares. O mundo marcharia melhor sem botas e galões.

Haveria outros que fariam a sua ‘lista negra’ com os maçons, os judeus, os líderes religiosos e as quadrilhas internacionais.

Cada um de nós, se fosse Deus, saberia como limpar e reorganizar este mundo. Certamente você também tem suas idéias sobre uma tal lista”

(Samuel Escobar, idem, ídem).

O ser humano, por mais civilizado que possa parecer, está sempre, disseminando alguma idéia preconcebida::

a) A mesma mulher que, para alguns, torna-se a "famigerada" sogra, é vista, por outros, como a doce e meiga "mamãe" - teria ela dupla personalidade ou estaria sendo "avaliada" conforme interesses mesquinhos?

b) "Enfeitiçado" pela paixão, o homem enfrenta todas as opiniões contrárias para "capturar a vítima”.

É até capaz de casar, somente para conseguir aquilo que cobiça.

Passados os primeiros momentos "mágicos", passa a tratar a mesma mulher de forma preconceituosa.

c) A mesma moça "pobre", transformada em "princesa" por quem a assedia, passa a ser vítima do preconceito social se, num momento de fraqueza, perde a "virgindade" ou "cai na rede" dos gaiatos de plantão.

A mulher, em nossa cultura, foi transformada em objeto de cama, mesa e banho.

Muitas são aquelas abandonadas com a tremenda responsabilidade pela criação dos filhos.

Muitas outras, apesar não ser abandonadas, tornam-se vítimas heróicas dos "machões" de plantão - homens covardes, que não admitem que iludiram o sexo oposto, com a desculpa de casamento, para que pudessem ter uma empregada sem salário ou uma "prostituta".

A classe política, enquanto governo, tem sido responsável por grande parte do preconceito social,

sempre quando exclui os eleitores do partido adversário dos benefícios que se destinam à população do município ou do estado

– como se a liberdade de escolha ideológica (na hora do voto) fosse um retrocesso social.

Com raras exceções, a nomeação para os cargos no governo depende de critérios técnicos

– o mais comum é transformá-los em “moeda” para troca de favores políticos.

Se isso fosse o único problema; porém a comunidade paga um alto preço sempre que, o ocupante de cargo público, através de “critérios políticos", “trabalha” para que o eleitorado simpatizante ao candidato do chefe ocupe o primeiro lugar no momento da distribuição de favores.

Para completar esse tipo de preconceito, ruas ou avenidas da cidade podem ficar sem o saneamento básico ou calçamento, porque a maioria dos moradores votou no “outro lado”.

Em termos de preconceito social, àquelas pessoas bem sucedidas, materialmente falando, acreditam que os menos privilegiados estão “pagando” o preço de não terem se esforçado tanto quanto elas.

Assim, não há problema algum em sair por aí, “colocando o pneu do carro nas poças d’água” para dar um banho de lama nas pessoas que aguardam o transporte coletivo nos pontos de parada ou que caminham ao longo de calçadas.

O preconceito social (aparentemente) não traria conseqüências nefastas para os menos favorecidos;

Contudo, à luz da Palavra de Deus, é também responsável pelas desigualdades sociais.

Certa vez, um intérprete da Lei, querendo experimentar JESUS, perguntou-lhe qual é o grande mandamento na Lei ouvindo em resposta:

“Amarás o SENHOR, teu DEUS, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”

(Mateus 22:34-40).

Nos ensinos de JESUS, como em outras partes das Sagradas Escrituras,

as orientações estão vinculadas a forma como devem ser colocados em prática.

Ou seja:

Tão importante quanto cumprir a LEI é a obediência

– de nada adiantará, “cumprir” determinada recomendação, se para tanto, estamos criando um problema maior.

No texto em questão, a ordenança exorta, de forma bem clara, estimulando o ser humano, no sentido que ame o DEUS-CRIADOR,

“de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento”,

ou seja, com todo o ser – corpo, espírito, intelecto.

A forma como a humanidade considera DEUS e as coisas divinas,

nos leva a crer que o entendimento do texto seria outro:

“Amarás o Senhor, teu DEUS, da boca para fora”.

O MANDAMENTO também nos orienta “amar o próximo”,

acrescentando a forma como se deve amar:

Como a si mesmo!

Certamente, as duas coisas não estão sendo feitas:

Nem o amor a DEUS de todo o coração, alma e entendimento,

Nem o amor o próximo como a si próprio.

Isso colocado em prática, o mundo estaria agindo de acordo com a vontade de DEUS:

Haveria paz nos corações, menos egoísmo, menos individualismo e menos outros ismos.

Concluindo, não haveria limites para as especulações sobre o conteúdo do presente artigo;

porque a nível humano, talvez não conseguissemos convencê-lo, da mesma forma que você não teria argumentos para demonstrar que o alerta não tem razão de ser.

Mas, não é nesse sentido que o artigo foi elaborado.

DEUS, como soberano absoluto, não precisa convencer o homem sobre SUA Palavra;

muito menos sobre aquilo que já está decretado, pela SUA infinita sabedoria, desde os tempos eternos

– Assim, como tem sido o nosso propósito desde o início, queremos abrir espaço para que, cada um possa sentir-se desperto para refletir sobre o essencial:

O encontro marcado com o DEUS Eterno Todo Poderoso para o Dia do JUÍZO FINAL.

Está escrito:

“De tudo o que se tem ouvido, a suma é:

Teme a DEUS e guarda os seus mandamentos,

Porque isto é o dever de todo homem.

Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras,

Até as que estão escondidas,

Quer sejam boas, quer sejam más”

(Eclesiastes 12:13-14).

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 28/12/2008
Reeditado em 28/12/2008
Código do texto: T1356439
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