NO MUNDO DAS IDÉIAS

Enquanto o progresso da Ciência e da Tecnologia avança a olhos vistos, cresce o desencanto do ser humano com o mundo onde vive.

Por ser intensa a correria, o estresse e a falta de um significado permanente, alguém afirmou: nos tempos atuais, quem não for, pelo menos, um pouquinho estressado, não é lá muito normal.

O estresse encontra-se presente, tanto entre pessoas bem sucedidas como entre os excluídos.

Por pessoas bem sucedidas queremos significar:

TER um emprego estável e bem remunerado, após o curso superior nas melhores universidades; ter casa própria; carro do último tipo; saldo bancário, etc.

Por excluídas:

pessoas que se levantam bem cedo sem a menor idéia de como conseguir o alimento para aquele dia, muitas vezes, após uma noite mal dormida, sobre o colchão improvisado;

Que não podem comprar o remédio para a verminose ou a sarna dos filhos;

Mulheres que apanham dos seus maridos e não podem recorrer à justiça ou filhos que se sentem mais seguros vagando pelas ruas do que em casa, na companhia dos pais, etc.

Entretanto, desilusão, frustração e desespero são coisas muito antigas, que se agravaram nos dias atuais.

Aproximadamente mil anos antes de Cristo, o rei Salomão - um dos homens mais bem sucedidos da história humana já afirmava:

“Disse comigo: Vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade;

Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento”

(Eclesiastes 2:1, 17).

O lembrete seguinte, encontrado em algum lugar, causou um tremendo impacto:

“A felicidade é algo que estamos sempre correndo atrás sem jamais conseguir alcançar”.

Todos querem, muitos procuram, poucos encontram. Com raras exceções, um ou outro afirma desfrutá-la de forma permanente.

Está escrito:

“Acabam-se os nossos anos como um breve pensamento... o melhor dos dias da nossa vida é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:9-10).

Na situação em que se encontra a humanidade – um mundo duro, frio e hostil – multiplicam-se as perguntas e desaparecem as respostas:

O que é necessário para alcançar uma vida melhor?

Para ser feliz? Sendo mais objetivo: O que significa ser feliz?

Por que é impossível alcançar a felicidade?

De onde vem essa dor no peito, essa falta de significado, essa crise existencial, essa angústia, esse vazio na alma?

Por que será tão estreito o limite entre uma imensa alegria e uma profunda tristeza?

Gastaríamos o restante da vida questionando, fazendo especulações, sem obter respostas satisfatórias, porque quando analisamos o mundo em derredor, com as pessoas e suas atitudes, suas palavras e pensamentos,

A conclusão a que chegamos é que para muitos

“A vida é encarada como se a existência dependesse da maior quantidade possível de coisas acumuladas”.

Essas coisas acumuladas, geralmente, se transformam em um entulho qualquer ocupando espaço útil.

Torna-se imprescindível refletir sobre a vida, em seus inúmeros aspectos:

alguns incompreensíveis, inexplicáveis, ou difíceis de entender - como a paisagem, que alterna cenários de singular beleza com outros desoladores e deprimentes;

a humanidade com suas atitudes ou reações nem sempre louváveis;

e tantos outros, que certamente ocupariam o restante destas páginas.

Uma reflexão que não é tarefa fácil ou agradável.

Como pessoas modernas, queremos que tudo se faça instantaneamente - quanto mais rápido melhor!

Já não há tempo para se conviver juntos, compartilhando pequenas coisas que trariam um significado especial à existência.

Preocupado e perdido, em projetos mil, o homem pós-moderno está sem tempo para sonhar, planejar ou caminhar uns com os outros – muito menos para descobrir que ainda existe A saída.

Não há como escapar a esse tipo de reflexão se queremos:

Em primeiro lugar, entender que o ser humano vive sem perspectivas de um futuro melhor, sem algo que lhe dê motivação para viver;

Em segundo lugar, buscar forças para enfrentar os inúmeros desafios que se multiplicam a cada momento; e em terceiro lugar, é preciso ter um alvo, um objetivo por que viver – cumprir a função estabelecida pelo Criador.

É preciso fugir do modelo social adotado pela maioria, que valoriza excessivamente o TER, em detrimento do SER.

A tal ponto que a opção das pessoas dependerá muito mais da propaganda veiculada na mídia do que de uma escolha individual, conforme suas reais necessidades.

Dependerá do modismo, da boca do povo, da aprovação dos outros.

O poder de persuasão da mídia é facilmente verificável, pois que freqüentemente consegue convencer as pessoas a adquirir produtos sem levar em conta a sua utilidade, desde que o “precinho” da promoção se encaixe nas condições normais para endividamento.

Isso acontece, tanto na compra de um automóvel, quanto de uma simples escova de dentes.

Pense bem:

Após a aquisição de um carro, a despesa se resumirá às prestação e ao combustível?

Engraçado:

As campanhas publicitárias jamais orientam sobre o desgaste das peças!

Provavelmente,

Antes de terminar as “suaves prestações” o “cliente feliz” terá um encontro marcado com a matrícula do carro, com o seguro e, talvez, com as costumeiras multas de trânsito.

Liberdade de escolha ou pressão consumista?

O viver para TER gera um consumismo incontrolável, que escraviza os seres humanos.

Alguém já expressou, de forma objetiva:

“Não precisamos ter muito para viver bem!”

O ser humano desperdiça muito do seu precioso tempo correndo inutilmente em busca de um TER sem limites;

Esquecendo-se de fazer uma pausa para reflexão:

Por que, antes de acumular mais, não desfrutar do que já foi conquistado?

Quando se quer mais do que o necessário; muitos outros acabarão sem o essencial para sobreviver.

Os problemas atuais (como em todas as épocas e lugares), em sua maioria, é uma conseqüência direta do desnecessário acúmulo, de bens de consumo associado ao egoísmo por status social.

Certamente,

Sem esse objetivo egoísta, a vida teria uma tonalidade mais suave!

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 27/12/2008
Reeditado em 27/12/2008
Código do texto: T1355691
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