INCLUSÃO EXCLUDENTE
Não. O título do artigo não está errado. Parece confuso? Incoerente?
Com certeza. Para nós escritores, que tanto prezamos pela lógica e pela coerência, é impossível escrever sobre algum lugar ou alguém que consiga a proeza de incluir excluindo.
Mas os freqüentadores do palácio do planalto, na capital federal, fizeram- me desenvolver tal raciocíno.
Diariamente, a mídia noticia as leis e projetos de lei aprovados e barradas pelos engravatados do poder.
Já escrevi, aqui mesmo no "Recanto", sobre nossas leis. Meus leitores já sabem o que penso sobre a eficiência delas num mundo como o nosso.
Aqui no Brasil, entretanto, os projetos que definem nossas leis, são demasiadamente estranhos.
As principais universidades públicas brasileiras, por exemplo, gratificam os alunos que concluíram o ensino médio em instituições públicas, bônus para quem alcança a segunda fase do vestibular.
De duas uma: ou estou precisando ser internado num hospício, ou li nas entrelinhas um grande equívoco. Universidades públicas deveriam ser de acesso comum a todo e qualquer estudante brasileiro.
E a igualdade de condições? Aqui, nem todos têm a mesma chance.
Provas são maratonas, onde estudar apenas, não basta. É preciso ser superatleta. No final das contas, grande parte dos aprovados chegam à porta da faculdade de carro importado e roupa de marca.
Passando para a rede privada, a incoerência toma proporções ainda maiores. Há uma redução no valor da mensalidade. O aluno paga com desconto e o governo lucra com a filantropia de instituições devedoras de seus cofres. Cartada de mestre! Os principais interessados sempre perdem. Daí os profissionais de hoje, que passeando pelos corredores das instituições, ganham um simples pedaço de papel, popularmente conhecido como diploma.
Não poderia esquecer minha classe, logicamente. Há vagas especialmente destinadas ao deficiente físico. Demonstração clara de falta de informação. Nem todo deficiente físico sofre de problemas mentais. Não teríamos a capacidade de conseguir uma vaga por méritos próprios?
Estamos a pouco mais de seis anos do maior torneio de futebol, cuja organização será nossa, pela segunda vez na história e o governo federal arquiteta parcerias, buscando subsídios para sediar com perfeição o mundial. A grande questão é a organização um tanto quanto desorganizada. Reformas de gramados atrasadas, construção de arenas que não saem do papel, obras de infra- estruturas por fazer...
Como o otimismo sempre foi minha grande marca, tudo estará pronto a tempo e a contento. Mas... Qual será o valor dos ingressos? O futebol é a grande paixão nacional. Não sei não... O dólar oscila muito, a distribuição de renda no Brasil não é das melhores...
Quem bancará a Copa do Mundo, talvez só consiga assisti- la pela tv.
A campanha da canditatura canarinho, pelo menos no início, convocava o povo todo. Espero que sejamos convocados agora, para assistir aos jogos do estádio.
A questão fundamental é que os problemas, em nossa pátria amada, não são resolvidos pela raiz. É o mesmo que estar com uma unha encravada e comprar um sapato cinco vezes maior do que o pé. Alivia a dor, mas não cura a unha.
Uma escola só inclui cidadãos na sociedade se oferece subsídios que formem pessoas com cultura suficiente, capazes de entender o mecanismo que as controla.
Sei que você que se arriscou a ler esse artigo, ficou, no mínimo confuso. Até mesmo o escritor ficou, acredite. Mas há coisas que só a paradoxal sociedade brasileira é capaz de fazer.