Professores: vocês são melhores ou piores do que pensam?

Ao encerrar a segunda palestra proferida durante o II Congresso de Educação de Laranjal do Jari/AP, o educador, escritor e conferencista Celso Antunes afirmou que os professores presentes eram muito melhores do que eles próprios imaginavam. Confesso que não me sinto nenhum pouco à vontade para questionar qualquer declaração de um profissional da educação que é referenciado no mundo inteiro, sobretudo, pelos quase 200 livros escritos na área educacional, mesmo assim, não poderia me furtar a essa árdua e talvez única missão neste jornal, que é provocar reflexões nos estimados leitores.

É muito provável que dentre tantos educadores ali presentes, tenhamos um seleto grupo de profissionais preparados, dedicados e comprometidos com a educação da nossa região, entretanto, os números divulgados por renomadas instituições do Brasil e do mundo comprovam que os professores brasileiros estão mais engajado com as suas próprias causas do que com o que fazem no dia-a-dia nas salas de aulas. Prova disso, são os resultados do último INAF (Índice de Analfabetismo Funcional), os quais afirmam categoricamente que 72% da nossa população adulta não é plenamente alfabetizada.

O conceito de alfabetização funcional mudou bastante nas últimas décadas. Hoje, é considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita e habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de seu contexto social e utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. A situação se complica ainda mais quando somam-se os resultados do SAEB, IDEB e outros. De acordo com as provas do SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) apenas 25% dos alunos de 8ª série das escolas brasileiras sabem que ¼ é o mesmo que 0,75 de um inteiro.

Na avaliação do PISA feita com 57 países, o Brasil apresenta números ainda mais sofríveis. O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é avaliar o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Dentre os 57 paises analisados, o Brasil fica em 53º lugar em matemática e 52º em ciências.

Pesquisas qualitativas feitas pelo INEP e UNESCO revelaram que parte dos professores possuem idéias esquerdistas e que veneram Karl Marx e Che Guevara. São esses mesmos educadores que repassam aos seus alunos a idéia de que os responsáveis direto pelo desemprego no país são as máquinas e os seus proprietários. O mesmo ocorre com uma das principais ferramentas usadas pelos professor na sala de aula: o livro didático. As cartilhas didáticas apresentam muitas falhas principalmente quando o assunto é globalização, privatização é fatos históricos.

Perguntado aos docentes sobre quais fatores mais influenciam no aprendizado do aluno, 78% revelaram que era o “acompanhamento e apoio familiar”, sendo que a “competência do professor” foi citada por apenas 32% dos entrevistados. É impressionante como os professores brasileiros atribuem mais importância às questões familiares do que ao próprio trabalho realizado nas escolas. Mais interesssante ainda é que 90% deles se consideram bem preparados para atuar em sala de aula e 89% dos pais de alunos avaliam que as escolas prestam bons serviços aos seus filhos. O problema é que 58% dos pais entrevistados não tinham nem ao menos o Ensino Fundamental completo, ou seja, tem cego guiando cego nessa escuridão!

*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras.

IVAN LOPES
Enviado por IVAN LOPES em 26/12/2008
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