O QUE É MÚSICA, AFINAL?
Não sou músico. Talvez nem tenha esse talento. Sou apenas um apreciador das boas canções, sobretudo aquelas compostas por brasileiros.
Diante de minha condição de leigo, não possa talvez, discorrer com profundidade sobre o que um músico deve fazer para ser bom profissional. Apenas gosto de ouvir algo que me agrade aos ouvidos e toque meu coração.
Cartola, Chico Buarque, Candeia, Renato Russo, Dorival Caymi, Vander Lee. Esses são, para mim, verdadeiros artistas, pois fazem arte na acepção da palavra.
Certamente, esqueci- me de vários grandes nomes, que seguramente estão em meu acervo. Mas, na verdade, talvez nem valha a pena lembrá- los já que a mídia brasileira não os tem fornecido tanto ou nenhum espaço. Nada mais natural em um país que costuma cobrar tão caro o acesso de seu povo à cultura.
Além do mais, certamente é um tanto trabalhoso pensar. Demanda muito esforço, cansa.
Sem falar ainda, naqueles pedaços de papel coloridos, recortados uniformemente, que nós dizemos ter algum valor. De fato, sem dinheiro seria mais difícil sobreviver.
Levando- se em conta os fatores acima citados, qual seria o interesse da mídia, em escrever, mostrar ou falar sobre alguns desses verdadeiros artistas? Entendo. Uma emissora de tv ou rádio, um jornal, uma revista e até mesmo uma gravadora, só sobrevive com dinheiro, e não é pouco.
Mas tem gente por aí apelando! Hoje, o que vemos, são mulheres sendo chamadas de frutas ou animais. Certamente, a natureza, em sua sabedoria, há de não ofender- se. Não é esse o caso.
O caso é que nos tempos atuais tudo é extremamente banalizado. O corpo precisa estar sarado, inteiro, a fim de uma boa foto ou filmagem.
Há canções, se é que podem ser chamdas assim, compostas de dois ou três versos completamente obscenos, repetidas inúmeras vezes, adentrando, contra a nossa vontade, em nosso cérebro.
O que esperar de cidadãos, cujos nomes artísticos, expressam a completa vulgarização do ato sexual?
O que esperar de crianças educadas por pais que incentivam o completo congelamento cerebral das mesmas?
Voltando à mídia, que segue arduamente a missão de emburrecer as pessoas, tornando- as bestas sociais, só cabe dizer uma coisa: onde está a concorrência sadia pela audiência?
Por nossa vez, também carregamos certa culpa pelo quadro que se apresenta. Há tanta coisa boa pouco explorada... Por quê não buscá- las, sem ter de ficar à mercê de todo lixo existente?
Parece- me que ainda temos o direito à escolha. É preciso cautela, para não perdermo- nos por morangos, melancias, bananas e similares. Diriam Chico Buarque, Toquinho, Vinicius e outros grandes poetas vislumbrando tal situação: O que é música afinal?
Certamente, não é o que hoje é valorizado, mas sim, aquilo que vem da alma, fazendo pensar, formando opinião e tocando de algum modo o coração.