PAU ROSA - O PERFUME DA AMAZONIA

Imortalizado por Marilyn Monroe o perfume Chanel nº.5 também leva em sua composição o linalol - importante fixador natural extraído da Aniba rosaeodora Ducke ou Pau Rosa.

Nativa da Amazônia o Pau Rosa é uma árvore singular – não frutifica todo ano. Sua diminuta flor mede alguns milímetros e é polinizada por insetos e abelhas. A inflorescência na copa das árvores a uma grande altura do solo, dificulta o estudo e o manejo das mesmas para polinização artificial.

É do tronco transformado em pequenas lascas e processado em reatores a vapor que o óleo é extraído, e para isso, a árvore tem que vir abaixo. Calcula-se que durante o período de exploração sem controle, mais de dois milhões de árvores foram derrubadas e o Pau Rosa chegou a ocupar o terceiro lugar na planilha de exportação do estado do Amazonas. Na década de 80 o estado produzia cerca de 500 toneladas de óleo essencial de pau-rosa, hoje a exportação baixou para cerca de 40 toneladas ano.

Para extrair 180 litros de essência, é necessária de 15 a 20 toneladas de madeira, sendo preciso a derrubada de cerca de mil árvores.
O preço atual na Europa é 300 U$ o litro e movimenta U$ 1,5 bilhão por ano. Já existe a produção de linalol sintético mas não substitui o uso do Óleo Essencial de Pau Rosa pois o produto sintético apresenta impurezas que alteram seu odor.

Há o que seria um excelente substituto para o Óleo de Pau Rosa - o Óleo Essencial extraído da madeira da cinnamomum Camphora que possui um alto teor de linalol superando até mesmo o Pau Rosa, mas nada de concreto ainda sobre o mesmo. Em sua tese de mestrado, o agrônomo Hermes Jannuzzi decobriu numa espécie de erva cidreira de folha, um alto teor de linalol e uma espécie da mesma planta chegou a 83% de concentração de linalol, quase alcançando o Pau Rosa que é de 85%. Esta pesquisa coloca a nós, brasileiros no ranking da perfumaria.

Tentando preservar a madeira preciosa e garantir o fornecimento do fixador para a indústria perfumista, químicos e pesquisadores trabalham incessantemente como é o caso do professor Lauro Barata da Unicamp que chegou a desenvolver um projeto para extração do óleo essencial utilizando apenas as folhas da Anida rosaeodora já que o rendimento e qualidade são semelhantes aos obtidos da madeira processada.

Com o projeto multiinstitucional de Conservação e Utilização de Plantas Medicinais e Aromáticas, o Ibama só libera para o corte da árvore se houver a reposição da espécie, para que possamos sentir o perfume da Anida rosaeodora nas trilhas da floresta amazônica existe a preocupação de entidades como é o caso da Reserva Ducke que faz o replantio das mudas e estudos sobre a espécie.

E quem sabe se nesta corrida para descobrir um fixador tão eficiente quanto o linalol algum pesquisador perfumista não acabe criando uma nova fragrância o Chanel nº. 6 para alegria das muitas “Marilyns” adeptas ao perfume e nos deixe as floradas de Pau Rosa para embevecer o nosso olhar e olfato.




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Foto: Óleos Essênciais de Pau Rosa
Thiago Arruda

 
Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 22/12/2008
Reeditado em 16/04/2021
Código do texto: T1348346
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