Dizem que um “cara” chamado Emanuel nasceu na noite de 25 de dezembro de um ano que até hoje não se sabe ao certo, certo mesmo é que segundo a história, faz 2041 anos; diz que aquele “cara” era filho de uma moça humilde e virgem chamada Maria, que engravidou por obra do Espírito Santo, e casada com o marceneiro José. Este homem de nome Emanuel, virou Jesus Cristo o salvador e filho unigênito de Deus Pai, criador do céu e da terra.  
Nos 33 anos de vida deste que é o Messias para os cristãos, não se comemorava o evento do natal, mas depois de sua crucificação e morte, seus seguidores e adoradores passaram há adotar o dia 25 de dezembro como sendo a data marco para as religiões que o adotaram como o elo entre os povos e Deus.
 
Desde que alguém resolveu comemorar a data natalícia de Jesus Cristo, passaram a adotar a época como sendo motivo de perdão, solidariedade e ajuda ao próximo; natal no mundo cristão é sinônimo de ceia farta e muitos presentes. Todos se mobilizam para comprar e esperar receber os presentes, da mesma forma que há a maior matança mundial de perus para saciar a fome dos mais abastados que comem estas aves em suas ceias; vinhos, castanhas, nozes, frutas cristalizadas também são consumidos em demasia na data e o comércio comemora as altas compras, mesmo em tempos de crises.
 
Não é preciso escrever muito, dizer palavras bonitas ou inventar mensagens natalinas para mostrar que é nesta época que nos lembramos dos menos favorecidos ou reafirmar que mais de 1/3 da população mundial passa fome; mas a pergunta que não quer calar é: o que você faz para mudar isso? Provavelmente nada!
 
Em minha mensagem do ano passado eu escrevi sobre uma cena dramática e no mínimo curiosa para os que se dizem cristãos; um casal de atores encenou o nascimento de cristo como se fosse à atualidade; ela estava grávida de verdade e ele a acompanhou por várias casas na noite de 24 de dezembro pelas ruas de São Paulo. Eles estavam mal vestidos e pediam desesperadamente por abrigo para que a moça tivesse seu bebê longe da agressividade das ruas paulistanas. Os atores percorreram vários bairros e várias casas, mas ninguém lhes concedeu abrigo para aquela noite; muitos ofereceram comida e até roupas, mas abrigá-los era uma situação não permitida para todos aqueles que comiam e bebiam com suas famílias. Porque abrigar um casal pobre, sujo e ainda com a mulher grávida? Seria um transtorno para as pessoas que estavam recebendo convidados para uma reunião tão importante. O governo que lhes dêem abrigo e arque com sua responsabilidade social de cuidar dos pobres...!
 
Com toda certeza todas as pessoas visitadas pelo casal de atores sequer lembraram-se do motivo das comemorações daquela noite ou do que prega a igreja crusta. Com certeza se os atores fossem bater a porta de um padre ou de um pastor evangélico à probabilidade deles serem acolhidos também seria zero, pois é assim que age a maioria dos que se dizem cristãos.
 
O casal foi depois de a meia noite buscar abrigo em um bairro periférico, de gente tão pobre quanto eles apresentavam ser e para surpresa dos organizadores da pesquisa, na primeira casa que bateram a porta eles receberam abrigo e o pouco de comida que havia a mesa lhes foi dividido. Por mais que alguns afirmem que pobre não gosta de pobre eu digo, isso é mentira; somente quem passa ou em raros casos, quem já passou por privações desta natureza é quem pode ajudar o seu próximo. A solidariedade dos que não têm quase nada é muito maior do que a de quem teve a vida inteira, isso é fato e jamais mudará. Quando um personagem abastado da sociedade faz alguma coisa para ajudar os que necessitam, chamam a Rede Globo para noticiar ou alardeiam dizendo que Deus lhes dará em dobro, ou seja, é como um negócio lucrativo fazer a tal da caridade.
 
Eu acredito muito na caridade dos céticos porque eles jamais poderiam esperar qualquer coisa de Deus ou ainda, jamais farão algo por temor divino. O mundo está cheio de gente egoísta que se auto-rotula como benemerentes, benfeitores, pais protetores e dignos de honrarias sociais, mas isso são atitudes que na maioria dos casos servem apenas para eles ganharem notoriedade pública e medalhas insignificantes. O povo de modo geral fala muito em ajudar os necessitados, de ajudar as crianças carentes ou os velhinhos abandonados em porões imundos que o Governo chama de “asilo”, mas na verdade, pelo que podemos perceber, se todas estas pessoas morressem o mundo seria muito menos dolorido e arranhado.
 
Esta semana, após as denúncias de furto dos donativos das vítimas das enchentes de Santa Catarina, podemos perceber que os voluntários sumiram e que quadrilhas de desonestos estavam se aproveitando desta ausência para levarem para suas casas as oblatas que chegaram de todo Brasil. Os depósitos cheios de comidas, roupas, colchões e água potável sequer tinham seguranças, mas em um deles, um velhinho humilde não desistiu de sua missão de ajudar; perguntado a este velhinho sobre sua própria condição, ele disse que perdera tudo nas enchentes, mas que era preciso ajudar os outros iguais a ele que sequer podiam andar...! De cada 1 milhão de pessoas, podemos dizer que uma é igual a aquele velhinho, puro de alma e coração; este sim é um seguidor de Jesus Cristo!
 
Para resumir, minha mensagem pessoal de Natal para 2008 é: não afirme aos ventos que és cristão, bom e caridoso; ao invés de afirmar aos ventos, afirme para si mesmo e prove para si mesmo de que isso é primeiramente importante para seu crescimento; ajude dentro de suas possibilidades e jamais espere recompensa, nem que seja a de Deus. Antes mesmo de crer que existe uma Divindade suprema, você precisa acreditar que existe um Deus dentro de cada ser humano e que fazemos parte de uma única raça, a raça humana. Pretos, pobres, ricos, brancos, judeus, mulçumanos, ladrões, padres, enfim, todos são compostos da mesma matéria e existimos pelos mesmos desígnios; todos nós temos o mesmo destino e precisamos ajudar a quem quer que necessite de nossa ajuda, seja no Natal, seja no dia 14 de setembro, onde não se comemora nada; todo dia é dia de Ação de Graças, a graça de estarmos vivos.
 
Eu mesmo, que não fiz 0,01% de tudo que poderia ter feito e que nem sei no que acredito; tamanha é a confusão mental que este tipo de tema me causa, já me mobilizei para fazer a minha parte e reafirmo que poderia fazer muito mais. Eu gostaria de poder ver a humanidade com menos sofrimento, de poder ver a cura da AIDS e do câncer, de não enxergar nenhuma criança nas ruas pedindo esmolas ou ainda de jamais observar um ancião que já deu tanto duro na vida a mercê dos lixos e da própria sorte, mas sei que isso tudo é e sempre será mera poesia; estros dormentes que fazem parte dos discursos medíocres daqueles que se utilizam da dor alheia para ganhar notoriedade.
 
Eu só sei que este 0,01% de minha mobilização, quando acontece, me faz crescer internamente, me faz acreditar que eu posso ainda mais e que existe uma saída para todas as questões da humanidade. Eu jamais passei fome ou dormi ao relento; tenho pelo menos o pão de cada dia e agradeço todos os dias por ele e sei que muitos sequer possuem este pão simbólico, mas ainda assim, agradecem da mesma forma que eu e talvez ainda com mais entusiasmo e mais garra.
 
Olhe bem seu armário e observe que um ou mais pares de sapato há anos não cobrem seus pés; observe em seu armário da cozinha que uma gelatina ou uma pipoca de microondas há meses se escondem no canto lá do fundo; em seu guarda-roupa, por mais humilde que seja, haverá uma camisa e uma calça que há meses já não mais lhe entusiasma. Utilize mais cada item esquecido ou doe-os para quem necessita deles para matar a fome ou a vaidade de uma veste diferente. Não se importe se sua doação é pequena; lembre-se de que haverá alguém que jamais teve a simples condição de recebê-las.
 
Para este natal, esqueçamos os preconceitos, afinal de contas, preconceito nada mais é do que um conceito antecipado e muitas vezes errôneo; se fores cristão, não alardeie aos ventos porque você poderá estar errado; prove para si mesmo esta condição e lembre-se daquele “cara” que nasceu há 2041 anos lá pelas bandas da Palestina e que segundo contam; deu sua vida pela humanidade. Você não precisa dar sua vida para a humanidade, mas se conseguir fazer apenas uma boa ação por ano, já estará ajudando-a a ser menos estúpida e sem perspectiva.
 
Lembre-se que se o Natal fosse uma festa religiosa o dinheiro das árvores milionárias e dos outros gastos suntuosos que os envolve serviriam para matar a fome e a sede dos milhões de serem humanos e também filhos de Deus, que morrem por falta de comida ou de água em vários cantos do mundo. O natal é uma festa maravilhosa, mas somente para quem ganha rios de dinheiro com ela e ninguém mais!
 
FELIZ NATAL E QUE 2009 CONSIGAMOS TER MAIS MOTIVOS PARA SORRIR.
 
 
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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Enviado por CHaMP Brasil em 22/12/2008
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