Prefiro a pequena Maisa aos nossos políticos

O comício organizado pela 7ª Zona Eleitoral em Laranjal do Jari, no sul do Amapá, neste último sábado (06/09) reuniu simultaneamente os seis candidatos que pleiteiam a prefeitura municipal e uma multidão de eleitores numa grande festa da democracia. O evento foi sucesso total, principalmente pelo comportamento exemplar das lideranças políticas e de suas comitivas, entretanto, a qualidade dos discursos e dos planos da maioria dos candidatos foi uma lástima.

Além dos tradicionais tropeços da língua materna, parte dos candidatos se embaraçou diante das suas próprias argumentações e promessas. Aconteceu de tudo. Dentre os piores lapsos um dos candidatos garantiu que faria tudo de “bom e de ruim” por Laranjal. Com vocabulário pífio, teve pretendente que se esqueceu até da função que ocupa atualmente. Outros deixaram claro que não sabem quais são as atribuições do poder executivo municipal e outros atingiram o ápice da ignorância afirmando que nos últimos anos Laranjal não haveria crescido um palmo! Também houve aspirante que bradou um sonoro “laranjauense” para o público presente ao invés de “Laranjalense” que é o adjetivo pátrio utilizado para os moradores de Laranjal do Jari.

Pelos despautérios que assisti cheguei à conclusão de que a maioria dos que pretendem vencer as próximas eleições confunde a prefeitura com outros locais de aprendizagem e de reestrutura econômica pessoal. Não, a prefeitura não é um lugar para aprendizes e quatro anos, como bem afirma o anúncio da Justiça Eleitoral, é muito tempo para que o município fique à mercê de aventureiros despreparados. O pior é que se levarmos em consideração os últimos índices do INAF (Índice de Analfabetismo Funcional) os quais afirmam que 72% da nossa população não têm o pleno domínio da leitura e da escrita, os representantes legítimos seriam justamente aqueles que demonstram o despreparo intelectual e administrativo.

Como podem pessoas públicas que almejam atingir o ápice do poder desprezar as regras básicas da língua portuguesa e tropeçar justamente naquilo em que deveriam ter domínio: no discurso e no conhecimento das suas atribuições. Talvez por esse motivo eu prefira assistir a pequena Maisa a maioria dos nossos políticos. A precoce apresentadora do SBT, com apenas 5 anos de idade, é uma das maiores atrações televisivas da atualidade.

Ao contrário da maioria daqueles que almejam a PMLJ, Maisa é inteligente, tem o domínio lingüístico e como criança é sincera nas suas declarações. Outro diferencial, e talvez o mais importante, é que nas horas de folga a pequena apresentadora brinca de boneca enquanto que aqueles que pretendem conquistar o nosso voto brincam de subestimar a nossa inteligência e consciência!

*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras.

IVAN LOPES
Enviado por IVAN LOPES em 20/12/2008
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