A VIDA EM ARTE
2008 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
O ator é um privilegiado. Digo isso com sabores na boca: PRIVILEGIADO!
É o único ser que pode viver duas vidas. Não digo no sentido de viver personagens, mas ter, exatamente duas vidas. A sua própria e a VIDA EM ARTE.
Esta vida, a segunda, a vida em arte, também passa por momentos. A infância: o lúdico, a insanidade. O crescimento: os passos, as tentativas e as quedas. A descoberta: um amor tão intenso que o ator se doa de maneira como nunca mais se doará. O conhecimento e entendimento: as leituras, os autores, os clássicos mundiais, e o principal: a vivência, momento este, quando o ator está em cena, interpretando, criando, gozando da magia, experimentando todos os sentimentos, todas as dores, todos os risos, todas as mortes, todas as vidas, e então, o amadurecimento, quando ele, por mais inseguro que seja, e qual ator não é? Pode pisar no palco com a sabedoria de um ancião, e levar o público a acreditar na grande mentira, que é o teatro.
O ator maduro é aquele que acredita, verdadeiramente, na mentira que conta no palco.
O ator é assim, meio sem nexo, assim, assim... cheio de vida. Ah meu Deus, se todas as pessoas pudessem sentir o que sinto. Ah meu Deus, no palco me sinto perto de ti. Por que? Um ofício tão lindo, tão completo e tão difícil. Ao ver a maravilha de ser ator, esqueço-me do quão difícil viver da arte. Ah meu Deus, olhai pelos atores.
Por Lell Trevisan