As faculdades de pedagogia formam professores incapazes

De acordo com a antropóloga Eunice Durham, as faculdades de pedagogia formam professores incapazes de realizar o básico. Entenda-se como básico o simples ato de ensinar a matéria. Há muito tempo tenho defendido essa mesma tese, entretanto, há uma larga diferença entre esse singelo educador e a entrevistada das páginas amarelas da Revista Veja. Aos 75 anos de idade e 50 na atividade de professora, Durham é ex-secretária de política educacional do MEC e integrante do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP. Sem dúvida, Eunice é uma das maiores especialistas brasileiras em ensino superior, motivo pelo qual lhe faço referência.

Para a antropóloga, um dos maiores erros das universidades é supervalorizar e teoria e menosprezar a prática docente, deixando evidente que o objetivo é ensinar aos professores conhecimentos filosóficos, antropológicos, históricos e econômicos, sendo que tais informações não atendem as reais necessidades das escolas. Durham afirma ainda que parte dos profissionais que saem das universidades com a formação de professor não conseguem escrever sem cometer erros ortográficos simples nem conseguem expor conceitos científicos de média complexidade.

Outro fato já mencionado neste espaço é a tendência comunista dos professores que os faz confundirem pensamento crítico com falar mal dos governantes ou do sistema capitalista. “Em vez de aprenderem a dar aula, os aspirantes a professor são expostos a uma coleção de jargões. Tudo precisa ser democrático, participativo e dialógico”, lamenta a ilustre professora.

Durham também critica as universidades pelo fato de as mesmas preferirem formar cidadãos críticos a investirem na formação técnica dos futuros professores. “O que o cidadão vai fazer da vida se ele não puder se inserir no mercado de trabalho?”, questiona a antropóloga.

Se a antropóloga Durham avaliasse as políticas educacionais do Amapá voltadas para a formação dos professores certamente iria criticar o fato de o Estado ter ofertado tantas vagas para o curso superior de pedagogia com licenciatura nas séries iniciais, enquanto que em várias áreas existe carência de profissionais como biologia, química, física e língua estrangeira, principalmente nos municípios do interior.

Devido à carência destes profissionais, durante muitos anos professores sem habilitação lecionaram disciplinas de 5ª a 8ª série, mas assim que a Secretaria de Educação conseguiu contratar os profissionais habilitados, os que estavam em sala de aula sem o diploma de nível superior foram descartados como um objeto qualquer. Alguns passaram sérios constrangimentos como se tivessem exercendo uma atividade ilegal por conta e risco. Tudo isso aconteceu porque os governantes preferiram contrariar a lógica do mercado e o pensamento sazonado de Eunice Durham.

*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras e membro da Academia Laranjalense de Letras.

IVAN LOPES
Enviado por IVAN LOPES em 19/12/2008
Código do texto: T1344545
Classificação de conteúdo: seguro