O Padre FABIO DE MELO é um gato
Quando era criança pequena, e morava no sítio, vez em quando meus pais me levavam à cidade, prá chupar um picolé, comer um suspiro ou um doce cor alaranjado, em forma de coração feito com abóbora. Era o máximo, a cada três ou quatro meses ir à cidade de carroça, puxada por um cavalo.
Meu pai amarrava o animal na praça da igreja matriz e enquanto ele ia ver seus negócios em bancos ou comprar nas vendas, ficávamos à espera na tal praça da matriz, brincando debaixo das árvores, correndo, pulando, etc, fazendo coisas de crianças.
Mas, de vez em quando, saia lá da igreja católica, que fica até hoje no meio da praça, uma figura assustadora, e que nós morríamos de medo, corríamos prá longe da praça, fugindo daquela besta fera. Quando nosso pai chegava e nos via com aquelas caras de susto, pálidos, perguntava o que havia acontecido, e nós na nossa inocência dizíamos que tínhamos visto uma assombração.
Mas não era nada disto, era apenas o vigário, já cansado pelos longos anos de vida, com seus passos lentos, batina preta a lamber o chão, chapéu preto de aba larga e um guarda-sol preto, pra se proteger do sol, uma vez que ele era muito branco. Mais parecia a bruxa da branca de neve, ou um lobo mal, do que um representante dos Santos.
Acredito que este fato, não tenha ocorrido apenas comigo, mas com todas as crianças daquela época, mesmo em outras cidades. Os coitados dos Padres eram obrigados, ou até por costume, a sempre estar trajados com aquela vestimenta horrível, preta, e assustadora para as crianças. Como não haviam muitos padres, os coitados eram obrigados a permanecer no cargo até na mais alta velhice, com 70 ou 80 anos de idade. Acredito que muitos ficavam e ainda ficam na ativa, até por uma questão de gosto pelo ministério.
Mas que aquela figura velha, cansada, de cabelos brancos, nariz imenso, roupa longa, chapéu preto e ainda por cima de guarda sol, era mais uma assombração pra mim criança do que um amoroso senhor religioso.
Hoje os tempos mudaram, os seminários estão abarrotados de jovens a pleitear o cargo de padres, e os que já estão na ativa, são bastante jovens, se comparados aos dos anos 60 e 70. Tenho amigo padre que não tem 30 anos e já faz tempo que exerce a função e com glórias e méritos, pois é um excelente padre e realmente tem o dom.
Temos padres famosos hoje em dia, não que no passado não haviam padres famosos, pois o Pe. Zezinho, já é famoso há mais de 40 anos, mas hoje tem a mídia televisiva a favor das igrejas, e dos jovens padres, pastores, etc.
Hoje não vemos padres de batina na rua, no banco, no mercado, apenas no altar das igrejas, e somente durante as celebrações e as tais batinas hoje são de cores claras, brancas, alvas como a neve, que transmitem paz, alegria e amor ao próximo.
Além disto os padres, até por uma questão de juventude, são muito conservados, muito bem nutridos. Tem alguns padres que poderiam estrelar a novela da 20 horas, que passariam por verdadeiros galãs de tão bem afeiçoados que o são. Cabelos bem tratados, barbas sempre muito bem feitas, roupas impecáveis, raramente aparecem na mídia com batina, sempre de terno ou calça jeans.
Por estas e outras que acabo por crer que a igreja se modernizou, e pra melhor, adequando seus ministros à realidade da nossa contemporaneidade, mas que o padre Fabio de Melo é um verdadeiro gato, ah isto é. Um gato não no sentido de beleza física, mas na imagem que ele transmite a todos, pois o gato é um animal dócil, amável, bonito, limpo, e todo mundo adora afagar um gatinho no colo, de tão bonitinhos que os bichanos são e de tanta paz que os mesmos transmitem e o padre Fabio também transmite tudo isto. Mas o padre Fabio de Melo, se deixar a batina, não ficará solteiro, por um minuto se quer, pois tem muita moça querendo virar mula-sem-cabeça, pois querem casar com o padre, e acham que ele é muito bonito, e tem muito marido enciumado com suas esposas, que ficam a admirar a beleza do ministro.
Mas que o Pe. Fabio de Melo é um gato, ah isto é. E hoje é o homem, mais desejado pelas mulheres de todo o Brasil, mas esqueçam-no pelo lado físico e queiram-no pelo lado espiritual, que ele é muito melhor com o dom de evangelizar do que com a dádiva da beleza.
gerson calado
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