1, 2, 3... Gravando!

“Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem, não é sério...”. A música de Charlie Brown Jr., denuncia em tons e semitons contagiantes o grande descaso da mídia em relação à juventude, não só numa atitude equívoca de mostrar o rosto e o jeito da juventude, como também de não valorizar o potencial juvenil de comunicação.

No Brasil, segundo o Censo Demográfico do IBGE do ano de 2000, 34 milhões de pessoas pertenciam à faixa etária de 15 a 24 anos, ou seja, a juventude representando 20% da população brasileira. Juventude esta marcada por uma extrema diversidade e que manifesta de inúmeras maneiras as diferenças e as desigualdades sociais de nosso país. Uma juventude que estuda, trabalha, se diverte e que tem a mídia como um dos principais meios de conexão com o mundo e como potente influenciadora de sua identidade.

Porém, vemos que apesar desta imensa diversidade do mundo juvenil, apenas duas imagens de juventude predominam nos meios de comunicação: de um lado, as propagandas e telenovelas apresentam os jovens como modelos de beleza, saúde e alegria, e de outro, os noticiários, trazendo a imagem do jovem como gerador de violência e de comportamentos de risco. Certamente, estes são apenas estereótipos que não dão conta da grande diversidade de experiências da juventude brasileira.

O que também se pode perceber é a grande carência de programas destinados à juventude em nossa rede de comunicação brasileira. Programas ligados à realidade juvenil e suas necessidades, que o desafiem a pensar e discutir, e o ajudem a construir sua história no meio em que vivem, fazendo a diferença. Não precisamos de “Malhações alienantes”, que por mais que encante a juventude, a engana e dissimula uma realidade (se é que se pode chamar de realidade), bastante longe da maioria de seus telespectadores.

Neste sentido, é preciso que se valorizem as experiências de Ong´s, rádios e jornais comunitários, de iniciativas de jovens que fazem comunicação desde o jornal da escola até a participação em programas da comunidade. É preciso que se incentive a utilização da comunicação numa perspectiva educativa e transformadora da realidade, e que se forneça elementos que trabalhem a leitura crítica da mídia, especialmente da televisão.

Temos o direito de receber informações de qualidade, democratizadas, comprometidas com a verdade, para que possamos participar na construção de políticas públicas justas e na construção de uma sociedade melhor.

NAna Oliveira
Enviado por NAna Oliveira em 19/12/2008
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