Páscoa
PALAVRAS DE VIDA
Pr. Serafim Isidoro.
PÁSCOA / COMUNHÃO
Mc. 14.12-26
Em ambiente da maior simplicidade transcorre uma das mais significativas mudanças já acontecidas em todas as épocas. É comum ao ser humano festejar pomposamente as importantes datas da vida, sejam nascimentos, inaugurações, casamentos, formaturas e, até mortes. Grandes são os preparativos para tais acontecimentos e a antecipação deles exige tempo e dinheiro. Na ocasião que estamos focalizando, entretanto, todas estas atividades foram postas de lado. Deus é simples - Jesus representa-O - e a ceia do Senhor, o jantar que foi transformado na significação de somente dois elementos dentre os que estavam a mesa, pão e vinho, marcaram para sempre a comemoração de uma vida, morte e ressurreição.
A Páscoa é uma das grandes festas judaicas. Relembra, comemora, enaltece a saída dos hebreus do Egito, a libertação da escravidão de um povo, a vitória do sobrenatural, milagroso YHWH, que os retirou com mão forte e poderosa. A Páscoa é celebrada somente uma vez por ano, mas todo descendente de Israel deve comemorá-la, deve participar dela. Um carneiro sem defeito é sacrificado, assado no fogo, observadas devidas partes, que também são significativas.
No plano global de Deus, um tempo haveria quando o relacionamento divino da Trindade como um todo, seria mudado. Seria aperfeiçoado. A Páscoa comemora um ato temporal e exalta um povo que, libertado do cativeiro, seria introduzido em outro país, do qual foi dito que manaria leite e mel. A ceia do Senhor, eucaristia, comunhão, comemora a libertação de um cativeiro espiritual e exalta a esperança de um povo - a Igreja - que caminha para uma eternidade - sem fim, é claro - para o que é espiritual e ainda não claramente definido.
O centro da comemoração, na ceia, não está focado no ingerir, participar, comer um carneiro, um animal, mas simbolicamente participar através do pão, através de um Personagem, de uma vida humana que foi abatida em sacrifício a favor de toda a humanidade. A favor de todo aquele que O aceite como suficiente Salvador, dado Este por parte de Deus. Assim como, também o vinho, que sempre representava festa, alegria, passa agora a marcar o exaurir daquela vida humana santa, pura e imaculada.
Na ceia, comunhão, eucaristia, participa-se dessa vida, representada pelo pão, e comunga-se do sangue derramado - tipificado no vinho. Simples, objetivo, porém significativo ritual, identificado pelo apóstolo Paulo como sendo o anúncio da morte do Senhor até que Ele venha, que Ele regresse. A sala para o evento de tão significativa Páscoa, era emprestada. "O Filho do Homem - título de Jesus - não tem onde reclinar a cabeça". Nos Seus três anos e meio de empreitada a favor de Israel, o Senhor não teve residência fixa, não mais cuidou da Sua família, da qual Ele certamente fora o arrimo; não teve cobertura humana para alimentação ou pousada. Dependeu de Deus e daqueles que se dignassem servi-Lo.
Ele enviara discípulos a indagar a certo já combinado morador, onde deveria comemorar a Páscoa. Os preparativos, os alimentos, o cordeiro assado, o pão, o vinho, as ervas amargas, os talheres, a mesa, tudo já havia sido colocado em ordem para aquela que seria a maior mudança de Dispensações no plano de Deus.
Quando examinamos com mais profundidade o cristianismo, descobrimos que a palavra simplicidade é a mais adequada para defini-lo. Ele, cristianismo, oferece o que há de mais singelo para a salvação da alma humana: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo; tu e tua casa"; "Quem come da Minha carne e bebe do Meu sangue, tem a vida eterna"; "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar-nos". Sem mais do que pão e vinho, o simbolismo do cristianismo pode ser entendido por pessoas simples, até pelas crianças, pelos estultos, pelos menos racionais. Jesus é simples.
Só Jesus.
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