Tão próximos, porém tão distantes!
Tão próximos, porém tão distantes!
O mundo pós-moderno proporcionou ao homem oportunidades que há um século não passariam de ficção científica, contudo é interessante observar, que o homem como ser social tem se distanciado de uma forma surpreendente de princípios básicos inerentes a sua existência, como ser que sempre viveu em grupo, sim, notamos que este tem deixado o convívio de pequenos grupos ou comunidades, para jogar-se a um mundo hostil e mecanizado do século XXI.
Este fato se torna mais acentuado nos grandes centros, onde é possível que em um edifício que reside centenas de pessoas, alguém possa viver de forma solitária, sem cumplicidade com o seu vizinho de apartamento; são pessoas que sobem e descem as mesmas escadas, usam o elevador, sem comunicarem uma palavra, sequer um bom dia!
É incrível, como temos convivido neste mundo como se não fossemos de uma mesma espécie! Selecionamos as pessoas. Rotulamos. Temos preconceitos. Somos a única espécie que teme a si própria! Alguém já disse que “o homem é o lobo do outro homem”, isso é verdade! Acontece em todas as raças, tribos, tradições, credos e religiões.
Com o advento das tecnologias de comunicação, o homem ao invés de melhorar o seu relacionamento, parece-me que piorou! Vejamos, o telefone que é uma ferramenta indispensável para nos comunicarmos, tem também o seu lado negativo, podendo transmitir falsas concepções. Quando falamos com alguém ele não pode ver a nossa comunicação corporal, não verbal, os nossos olhos, a nossa face, enfim pessoas podem chorar, rir, representar à vontade, que o seu interlocutor não vai saber, a este resta a dúvida ou a certeza, deve tirar suas próprias conclusões.
O homem desenvolveu várias tecnologias, todavia parece não saber lidar com elas ainda, isto é, não sabe quais são as suas conseqüências dependendo do uso que fazemos delas. Outro exemplo bem claro: A TV, outrora sentávamos a mesa para realizar nossas refeições, porém isto não existe mais. Esta tem ocupado o centro das atenções, talvez perdendo para o computador o seu espaço.
Hoje as pessoas, passam mais tempo falando no celular e na Internet, do que falando pessoalmente, mandamos “mensagens prontas” por e-mail, esperando que elas possam transmitir nossos sentimentos, que elas falem por nós (as vezes nem lemos estas mensagens). As pessoas se “conhecem”, sem jamais terem simplesmente saudado com um aperto de mãos. Confidenciam verdades, mentiras, fantasias, para o primeiro que se mostrar dispostos a ouvi-las (ou melhor a lê-las), demonstrando uma carência afetiva, de interação social muito séria.
Digo isso com experiência própria, pois também sou participante dessa “apoteose da comunicação moderna”, uso estes meios para comunicar-me com “amigos” desconhecidos, com pessoas que parecem fazer parte da mesma “comunidade virtual”. Porém, necessário é, analisar toda essa forma de “sociedade digital”, que estamos criando, na qual estamos inseridos.
Será que já paramos para pensar, o quão perto estamos das pessoas, porém vivemos como se elas não existissem!? Vivo em uma realidade menos atingida por essa distância social, porque moro no interior, cidadezinha pacata, na qual todo mundo literalmente se conhece, não existe o anonimato das grandes metrópoles. Contudo, sei que esse processo de “civilização digital” do homem pós-moderno, também chega aqui, demonstro minha preocupação, por saber que, muito em breve cada vez mais, as pessoas estarão conectadas ao mundo, sem se darem conta do mundo ao seu redor ( família, amigos, colegas de trabalhos).
Destruímos barreiras continentais, mas construímos barreiras sociais, pessoais, atravessamos o mundo, mas não atravessamos a rua para tomar um café com o nosso vizinho. Na verdade a distância social, essa indiferença, não será superada por redes de comunicações, quaisquer que sejam. Devemos voltar a sentar na calçada, dialogar com o nosso vizinho, cumprimentar e também interagir com os nossos colegas de trabalho; principalmente, reservar um tempo para prática disso em família, um tempo especifico com a esposa, os filhos, para na cumplicidade do lar (hoje temos pessoas residindo numa mesma casa, dificilmente uma família) resolvermos essa crise de comunicação pessoal, afetiva e real.
Luciano Costa – Pedagogo.