PISTAS DE COMO SE FAZER UMA RESENHA.

Compreender, na perspectiva discursiva,

não é, pois, atribuir um sentido, mas

conhecer os mecanismos pelos quais se

põe em jogo um determinado processo de

significação.

Eni P. Orlandi

Antes de tudo, vale ressaltar: resenha não é simples resumo. Neste, nos limitamos apenas ao conteúdo do trabalho, evitando qualquer juízo. Naquela (resenha), além do próprio resumo, mergulhamos numa avaliação, fundamentada, sobre o texto. De modo que são claramente apresentadas as linhas básicas do mesmo, procurando seus pontos fortes e fracos.

Boa resenha traz, à luz, possíveis falhas, revela eventuais lacunas e demarca as virtudes de um trabalho. Ademais, é de fundamental importância explorarmos o contexto da obra em todos os sentidos e compará-la com outras que tratem da mesma temática.

Resenha verdadeira é fruto de um “espírito” crítico conhecedor do assunto. Afinal, cabe ao resenhista emitir opiniões cujas evidências estejam quer na própria obra resenhada ou em outras que utilize como suportes. Em síntese, é o que diz Júnia Lessa França: “Se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não o conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o recensor se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma recensão crítica. Se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com dados extraídos da obra recenceada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar seus próprios julgamentos”.

Elementos Imprescindíveis de uma Resenha:

a) referência bibliográfica;

b) dados biográficos referentes ao autor;

c) resumo da obra ou síntese do conteúdo;

d) precisão dos sentidos das categorias utilizadas pelo autor, ou seja, como o mesmo trabalha determinado conceito;

e) avaliação crítica. Esta é a razão de ser da resenha. Pode-se partir de uma avaliação interna (conteúdo da obra em si, coerência frente aos objetivos levantados, há falhas lógicas ou de conteúdos?) e se chegar à externa (contextualização do autor e sua obra, tendo-se como referencial um quadro mais amplo – histórico ou intelectual – procurando-se ver não só a contribuição frente a outros autores, como também o grau de originalidade).

Portanto, é dever do resenhista buscar sempre a totalidade da obra. Os “detalhes”, sem dúvida, podem desfigurar o conteúdo real da mesma. Enfim, o absolutamente relevante há de ser considerado. Nada mais deplorável, alerta Pedro Fonseca, do que uma crítica vazia de conteúdo, sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que podem parecer corporativismo ou “puxa-saquismo”.

Antes de terminar, fica aqui a sugestão de leitura do capítulo oito (08) do livro “Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas”, de João Bosco Medeiros, da editora Atlas, no qual se trata exatamente da resenha. As seis condições de abordagens textuais abaixo, contidas no capítulo referido, têm de ser respeitadas:

1) Delimitação da unidade de leitura;

2) Análise textual;

3) Análise temática;

4) Análise interpretativa;

5) Problematização;

6) Síntese pessoal.

Prof. Ms. Ary Carlos Moura Cardoso.