Elevando o rebaixamento
Rebaixamento é a base para o “elevamento”.
A queda do consagrado Vasco em 2008 para a 2ª. divisão como a de tantas outras honrosas agremiações sutilmente pode ser comparada com a queda de qualidade de vida de nosso povo.
O fato em pauta não decorre de um único ato numa última partida. Um gol perdido ou um impedimento mal marcado. Ele é construído ao longo de sucessivos erros acumulados durante anos pelos vários setores que compõem a sociedade esportiva ou civil.
Administradores que se eternizam no poder visando seus interesses próprios e que efetuam contratos suntuosos no momento, mas com graves prejuízos no futuro para a entidade que eles representam no momento.
A seguir vem a falta de fiscalização por parte dos conselhos fiscais e administrativos dos clubes cujos membros estão mais interessados nos almoços semanais, freqüência em festas com direito a estacionamento e livre acesso para familiares a amigos. Em paralelo, na esfera pública, ocorre a omissão de ministérios, secretarias, autarquias e “agências” que apenas visam as mordomias de seus condutores concedidas sem merecimento por normas indecentes.
Depois atrelamos outras confusões a este cenário: falta de pagamentos regulares a funcionários, atletas e impostos diversos que criam dívidas que comprometem seus patrimônios. Na área pública, por analogia, encontramos professores, médicos e policiais com vencimentos defasados e atrasados. A corrupção se instala em todos os níveis e o caos financeiro rompe os orçamentos das obras sociais através dos desvios tolerados.
Jogadores sem qualificações são empurrados para o clube por empresários que os deseja numa vitrine de exposição mundial. E os torcedores pagam ingressos caros para vê-los. Na esfera pública, contratos lesivos sem licitação, elaborados por incompetentes são colocados no colo do povo que paga a conta e não possui arquibancadas para montar uma sonora vaia.
Dirigentes esportivos perdoam atletas que se atrasam para os treinos, que são apanhados embriagados em boates e são expulsos dos jogos por banalidades trazendo prejuízos à equipe. Da mesma forma que a impunidade concede méritos aos administradores públicos que torram nossos impostos com suas vaidades.
Resta às torcidas apaixonadas manifestarem sua indignação sem violência (existem várias formas) contra tais dirigentes para bani-los do cenário esportivo. Da mesma forma o povo pode exterminar as ratazanas que poluem nossos gabinetes públicos.
Existem mais uma dezena de comparações, mas o árbitro me deu um cartão amarelo e os deixarei para uma próxima jogada.
Durante o ano em que permanece na 2ª. divisão, um time grande composto por 10 ou 30 milhões de torcedores, sofre com a situação mas tem a esperança com data marcada para despertar do pesadelo passageiro.
Durante as dezenas de anos que o nosso país vive no “quinto mundo”, a população de mais de 150 milhões de agoniados padece pelas precárias condições de vida.
E não enxerga a data em que a esperança fará um gol a nosso favor!
Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ
Autor do livro: Brinque e cresça feliz!