O Destino Humano
 
Morte e Juízo Particular
 
A Igreja acredita em dois destinos finais- um para os indivíduos e outro para a humanidade como um todo.
 
O que você pode esperar na morte está expresso no Novo Testamento, na Carta aos Hebreus: "Está determinado que os homens morram uma só vez, depois do que vem o julgamento..." (Hb 9,27).
 
Sua vida como peregrino na terra atinge o ponto de chegada no momento da morte. Tendo transposto o limite deste mundo de tempo e mudança, você não pode mais escolher uma realidade diferente como o máximo amor de sua vida. Se sua opção fundamental de amor no momento da morte foi o Bem absoluto que chamamos Deus, Deus permanece sua posse eterna. Esta posse eterna de Deus chama-se céu.
 
Se sua definitiva opção de amor no momento da morte foi algo inferior a Deus, você experimenta o vazio radical de não possuir o Bem absoluto. Esta ruína eterna chama-se inferno.
 
O julgamento no instante da morte consiste numa revelação límpida da sua condição imutável e livremente escolhida: a eterna união com Deus ou a eterna alienação.
 
O Purgatório e a Comunhão dos Santos
 
Se você morre no amor de Deus, mas está com "manchas de pecado", estas manchas são eliminadas num processo de purificação chamado purgatório. Tais manchas de pecado são principalmente as penas temporais devidas aos pecados veniais ou mortais já perdoados, mas para os quais não foi feita expiação suficiente durante sua vida. Esta doutrina do purgatório, contida na Escritura (Cf. 1Cor 3,9-15; Mt 12,32) e explanada na tradição, foi claramente expressa no II Concílio de Lião (1274 d.C.).
 
Tendo passado pelo purgatório, você estará plenamente livre do egoísmo e será capaz do amor perfeito. Seu eu egoísta, aquela parte de você que sem cessar procurava auto-satisfação, terá morrido para sempre. O seu "novo eu" será a sua mesma pessoa íntima, transformada e purificada pela intensidade do amor de Deus por você.
 
Além de ensinar a realidade do Purgatório, o II Concílio de Lião afirmou também que "os fiéis na terra podem ser de grande ajuda" para os que sofrem o purgatório, oferecendo por eles "o Sacrifício da Missa, orações, esmolas e outros atos religiosos".
 
Está incluído nesta doutrina o laço de unidade - chamado Comunhão dos Santos - que existe entre o Povo de Deus na terra, e os que partiram à nossa frente. O Vaticano II, refere-se a este vínculo de união dizendo que "recebe com grande respeito aquela venerável fé de nossos antepassados sobre o consórcio vital com os irmãos que estão na glória celeste ou ainda se purificam após a morte" (Lumen Gentium, nº 51).
 
A Comunhão dos santos é uma rua de mão dupla: no trecho acima citado, o Vaticano II afirma que, assim como você na terra pode ajudar aqueles que sofrem o purgatório, assim os que estão no céu podem ajudá-lo na sua peregrinação, intercedendo por você junto de Deus.
 
O Inferno
 
Deus, que é infinito amor e misericórdia, é também justiça infinita. Por causa da justiça de Deus e também por causa do seu total respeito pela liberdade humana, o inferno é uma possibilidade real como destino eterno de uma pessoa. É difícil para nós entender este aspecto do mistério de Deus. Mas o próprio Cristo o ensinou e também a Igreja o ensina.
 
A doutrina do inferno está claramente na Escritura. No Evangelho de Mateus Cristo diz aos justos: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo". Mas aos ímpios Ele dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos" (Mt25,34.41). Em outro lugar se recorda que Jesus disse: "É melhor entrares mutilado para a Vida do que, tendo as duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível" (Mc 9,43).
 
Um ponto que se destaca claramente desta doutrina é a realidade da liberdade humana. Você é livre para buscar a Deus e servi-lo. E é livre para fazer o contrário. Em ambos os casos, você é responsável pelas conseqüências. A vida é um assunto sério. O modo como você a vive faz uma grave diferença. Você é livre, radicalmente livre, para buscar a Deus. E é livre, radicalmente livre, para escolher a dor inexprimível de sua ausência.
 
O Céu
 
A graça, presença de Deus dentro de você, é como uma semente, uma semente vital, que cresce, e está destinada, um dia, a desabrochar na sua plenitude.
 
Deus se deu a você, mas dum modo escondido. No tempo presente, você o procura mesmo se já o possui. Mas chegará o tempo em que sua procura vai terminar. Você então verá e possuirá a Deus completamente. Isto é o que foi revelado.
 
Na sua primeira carta, São João nos diz: "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus; mas o que nós seremos ainda não se. manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é" (l Jo 3,2).
 
E, na sua primeira carta aos Coríntios, São Paulo escreve: "Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei totalmente, como sou conhecido" (I Cor 13,12).
 
Isto é o céu: a direta visão de Deus face a face como Ele é Pai, Filho e Espírito Santo; união perfeita e total com Deus, um êxtase de contentamento que vai além de toda imaginação humana; o "agora" da eternidade no qual tudo é sempre novo, aprazível e presente para você; a torrente calorosa de alegria na companhia de Jesus, de sua Mãe e de todos os que você amou e conheceu; a ausência total de dor, de pesar, de más recordações; o gozo perfeito de todos os poderes da mente e (após a ressurreição no Dia do Juízo) do corpo.
 
O céu é isto. Quer dizer, isto é uma descrição pálida e humana daquilo que Deus prometeu aos que o amam, daquilo que Cristo conquistou para nós com sua morte e Ressurreição.
 
Um novo céu e uma nova terra
 
A fé no juízo final no último dia está claramente expressa nos credos da Igreja. Naquele dia, todos os mortos ressuscitarão.
 
Pelo poder divino, todos estaremos presentes diante de Deus como seres humanos corpóreos. Então Deus, Senhor absoluto da história, presidirá um panorâmico julgamento de tudo o que a humanidade fez e suportou através dos longos séculos nos quais o Espírito atuou para nos gerar como um povo.
 
Quando chegará este dia? Numa passagem notável, repleta da esperança em todas as coisas humanas, o Vaticano II, faz essa pergunta e expressa a visão da Igreja: "Nós ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira da transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara morada nova e terra nova. Nela habita a justiça e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos de paz que sobem dos corações dos homens".
 
Enquanto isso, durante o tempo que nos resta, "cresce aqui o corpo de uma nova família humana, que já pode apresentar algum esboço do novo século".
 
Depois que "propagarmos na terra os valores da dignidade humana, da comunidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e do nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos de toda impureza, iluminados e transfigurados... O Reino já está presente em mistério aqui na terra. Chegando o Senhor, ele se consumará" (Gaudium et Spes, nº 39).
 
Este reino já está presente em mistério. Já raiou o dia em que Deus "enxugará toda lágrima dos seus olhos, e nunca mais haverá morte". Já raiou o dia em que Ele diz a todos os seres vivos: "Eis que eu faço novas todas as coisas... Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim" (Apoc 21,4.5.6).
 
Entrementes, trabalhamos e rezamos para o pleno florescimento deste reino vindouro. Com os primeiros cristãos, exclamamos: Marana tha! Vem, Senhor Jesus! Nós te buscamos.
 
Fonte: http://www.geocities.com/estarrecente/confissao.htm