A Brevidade da Vida

PALAVRAS DE VIDA

Pr., Th. D., Serafim Isidoro

A BREVIDADE DA VIDA

"Se esperarmos em Cristo somente para esta vida, seremos os mais infelizes dos homens..." - I Co. 15.19.

Quanto mais amadurecemos, mais nos lembramos de nossa infância. Este é um fato biológico, neural, como que uma ilha que antecede a etapa senil. Lembro-me dos dias em que fiquei assombrado quando vi, pela primeira vez, um crânio humano colocado sobre a escrivaninha no escritório do pároco de minha cidade natal. Perguntei-lhe de quem era aquele crânio e qual a razão de estar ele ali assim exposto. - "É para lembrarmos da futilidade da vida." - respondeu-me o Monsenhor.

O fato da existência após a morte tem preocupado o ser humano desde épocas ígneas. Os filósofos se debateram nesse assunto, como que tateando no escuro. Ninguém conseguia definir ou antever o que sucede após esta vida. Alguns procuram simplesmente ignorar tal assunto, ou postergá-lo. "Não há porque esquadrinhar o desconhecido. Afinal, não morreremos hoje... e se morrermos, só Deus saberá qual o nosso destino..." - arrazoam alguns. Mas o fato persiste. A caveira permanece em cima da escrivaninha. Debatemo-nos nesta vida moderna, corrida incessante, atrás de coisas que nem sabemos a que servem: a fama, o orgulho, a riqueza, a beleza, a fortuna, o status, o prazer desregrado. É o ciclo da vida comum, é a procissão da sociedade presente que, desenfreada, nos leva a um torvelinho de planos, às vezes irrealizáveis. Outros, porém, descansam numa inércia vivendo como hipies, ou afogando-se na bebida e nos vícios. "Vou levando a vida, e a vida vai me levando"...

Um dia teremos que parar. Teremos que morrer. E a vida nos será tirada. - A caveira permanece em cima da escrivaninha. - Chegou a nossa vez. "À porta do cemitério daquela minha cidade estava escrito: 'Eu fui o que tu és; e tu serás o que eu sou..." - A caveira continua em cima da escrivaninha... - E se ela pudesse voltar à vida, o que nos diria? Contaria o que vem depois daqui... Teria ela sido religiosa, teria tido bom encontro com Deus... Teria visto os horrores de que Jesus falou do bicho que não morre e do fogo que nunca se apaga... Teria ouvido o cantar de anjos; ou teria presenciado os gritos dos que não tiveram nem fé, nem esperança, nem caridade... O que haveria do outro lado? - Como foi tão passageira a vida... Tudo findou tão rápido. O mundo passou, assim como sua concupicência, seus desejos efêmeros, suas esperanças vazias.

A Bíblia, o livro que revela o que há depois da morte, tem como figura principal o Autor da vida. Aquele para Quem tudo foi feito e que tem, Ele só, a imortalidade. É o Filho de Deus que se fez homem; o Filho do homem, que se fez Deus. E Ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, passou da morte para a vida; e a vida eterna é esta, que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro e a Jesus, o Cristo, a quem enviaste"... - Aqui se fala de vida após a morte. A caveira deixará, um dia, de ser caveira. Ela voltará à vida... - Isto o Monsenhor não explicou ao garoto (que era eu). Hoje, eu pregaria para ele. Sua atenção estava na morte; estava na caveira. Mas há um algo depois. A morte não é o fim, Monsenhor. Diante de uma eternidade esta vida presente é apenas um período. É como a erva: sai o sol e seca-se a erva... - mas a sua semente brota quando aplicada a terra. É o ciclo da vida. Nada se perde definitivamente. Eu e você temos um futuro, além.

Onde passarás a eternidade?...

Nos Seus ensinamentos Jesus nos fala de um porvir glorioso: "Pai, eu quero que onde Eu esteja, eles estejam também comigo". "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno". Aquele que vive e crê em Mim, tem a vida eterna - dissera o Mestre.

Não mais vi aquela caveira, mas nunca me esqueci da lição que me foi dada: devo considerar a minha partida, que pode (até) ser hoje mesmo.

E tu, o que pensas?

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(O Pr.,Th. D. Honoris Teologia, Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas de grego koinê,através E-mail: serafimprdr@ig.com.br

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