A História do Teatro Paulista (Parte III)
A História do Teatro Paulista (Parte III)
O Novo Protagonista - Teatro Oficina
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O novo protagonista do Teatro Paulistano nos anos 60 foi o grupo Oficina, fundado no final dos anos 50, por um grupo de estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco: José Celso Martinez Correa, Amir Haddad (ator homenageado nas mostras de Paraty), Renato Borgui e Carlos Queiroz Telles.
Nos anos 60 a trajetória do grupo se confundiu com a trajetória do diretor José Celso, mais importante diretor da sua geração, que em pouco tempo, ele aprendeu, dominou e transformou a herança estética do teatro ocidental no século XX.
A primeira grande realização do elenco, em 1963, foi Pequenos Burgueses, de Górki, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, responsável por todas as montagens subseqüentes de maior qualidade. A crítica reconheceu nela o melhor exemplo de encenação realista, na linha stanislavskiana, produzida no Brasil. Andorra, de Max Frisch (1964), já incorporou a linguagem épica, deslocada em Os Inimigos, também de Górki (1966), brigando com o estilo do autor e também o melhor Brecht é dele em Na Selva das Cidades ou Galileu Galilei.
Mas o marco de sua obra é a montagem de O Rei da Vela, de Owald de Andrade.
Na montagem Roda Viva, texto de Chico Buarque de Holanda, José Celso e seu elenco tiveram de enfrentar a fúria do grupo paramilitar CCC que, com a complacência da polícia, espancou os atores da peça (entre eles, Zezé Motta, Marília Pêra, Rodrigo Santiago e Jura Otero) e depredou a sala de espetáculos em que se apresentavam, o Teatro Ruth Escobar.
Entre os atores que passaram por essas montagens podemos destacar Renato Borgui (protagonista de quase todas elas), Célia Helena, Raul Cortez, Ítala Nandi, Etty Frazer, Eugênio Kusnet (que transmitiu ao diretor e seus atores sua experiência e conhecimento do método Stanislavisky, que ele havia aprendido em sua Rússia natal), Cláudio Correia e Castro, Fauzi Arap, Beatriz Segall, Fernando Peixoto (também importante na dinâmica do grupo como assistente de direção e teórico) e Mauro Mendonça, entre tantos outros.
O processo de rompimento do grupo, fruto, entre outras coisas, da repressão policial e política, levaram à sua dissolução em 72.
José Celso viveu assim no exílio até 1979. Ao retornar ao Brasil, engajou-se numa luta pela recuperação da posse do espaço do teatro, depois pelo seu tombamento e por sua reforma. E só voltaria a dirigir novamente em 91. O novo Teatro Oficina - ou Usina Uzona, como passou a se chamar - foi aberto em 93 com uma genial adaptação do Hamlet, de Shakespeare.
Vejam Também: História do Teatro Paulista (Parte I) Nasce um Teatro, Nasce o TBC e História do Teatro Paulista (Parte II) Surge o Teatro de Arena.