Escrever é como um vício, basta começar
Analisando os mais variados fatos que envolvem a atualidade, podemos perceber o quanto a dedicação e o valor pela escrita foram deixados de lado, esquecidos à beira de um abismo que conduz à ignorância e à uma indesejada, mas possível, exclusão. Juntamente com nossos governantes, ou aqueles que possuem um cargo em evidência politicamente, somos culpados pela desvalorização deste ato que eleva a alma e o pensamento de quem o exercita.
O exercício da escrita mostra o lado interior da pessoa. Muitos têm receio ou vergonha de expressar-se oralmente, recorrendo à escrita. Em um texto, você põe seus sentimentos, anseios, suas idéias sobre determinados fatos ou temas... Enfim, através da escrita o autor revela o seu íntimo. O ato de escrever possui um poder incomparável, e pode ser utilizado para diversos fins. No caso da política, por exemplo, será verdade o que os discursos dizem? O que as propostas apresentam? Ou simplesmente aproveitam-se da acomodação e da alucinação da sociedade para implantarem suas belíssimas palavras em nossas mentes?
O fato de alguém escrever algo que outrora falou ou quem sabe falará, é sinal da importância da escrita. A fala é valiosa, é essencial. Sem ela dificilmente conseguiríamos nos comunicar ativa e normalmente. Mas ela passa, e muitas vezes não volta mais: “Verba volant, scripta manent” (“As palavras voam, a escrita permanece”, pode-se dizer assim). Aquilo que é escrito permanece para sempre (ou quase sempre), é eternizado. Devido ao conceito de que o povo brasileiro não tem prática de escrita, e, por conseguinte de leitura e interpretação, muitos políticos, espertos, aproveitam-se para lançar seus venenos sobre todos. Infelizmente, no Brasil, são pouquíssimos os que exercitam a escrita. Boa parte das pessoas, alfabetizadas, dizem não ter tempo para escrever. Outras assumem nunca ter gostado e não se submetem nem a um pequeno esforço, a uma tentativa. E ainda há quem diga que de nada vale.
Porém, nem todos são assim. Grandiosos são aqueles que praticam a escrita constantemente e, com um lápis ou uma caneta, relatam o que estão passando, observam o que está a sua volta. Aqueles que, de um simples fato fazem artigos, crônicas, contos e quem sabe livros... Optam por revelar aos outros suas palavras e idéias. Podemos citar, como exemplo, o grande escritor nordestino brasileiro, Ariano Suassuna (autor de A pedra do Reino e de O auto da Compadecida, grandes sucessos transmitidos por uma emissora de televisão). Apesar de sua idade, ainda tem forças para escrever e não pensa em parar tão cedo. É um revelador de seu povo, de sua gente, de seus costumes e crenças. Um articulador de idéias, um denunciador de crimes, lutador, patriota. A política faz parte, queira ou não, da vida de todos. Não há nenhuma possibilidade de escapar. Por isso, a escrita pode ser utilizada por todos como “arma”. Sim! Arma de paz, que busca denunciar, pedir, consultar, conversar com quem não conhecemos pessoalmente e debatermos muitas coisas. Como Ariano! Utilizou-se (e utiliza-se) de seus escritos para falar de sua gente.
Portanto, escrever ou não escrever depende da vontade de cada um, no mais íntimo do seu ser, e do estímulo dos professores e formadores da nossa personalidade, pois, de nada adianta eu querer se ninguém me incentiva a buscar. Lembre-se que a escrita pode te ajudar a conseguir muitas realizações, além de fazer com que outros possam conhecer um pouco mais sobre você, o que não faz mal a ninguém. A não ser que seu passado seja muito negro... O importante é começar; depois disso é difícil conseguir parar.