Abre-se em leque o baralho da vida...

Embaralhando-se no interior da imensa “serpente”, acomodam-se os reis, as damas, os valetes e ases pertencentes ao mais variados “naipes” que compõe a sociedade.


Muitas vidas espremidas no ventre do Metrô acabam, mesmo que sem querer, se embaralhando, enquanto aguardam a chegada em seus destinos. Enquanto isso não acontece, vai uma escopa, um buraquinho, noves fora, trinta e um, renúncia...

Alguém grita: Ganhei! E outro: Roubou! E do outro lado, a menina-moça tentando fugir do não tão moço colado ao seu tenro corpo, ameaça: Olha a pimenta no saco!

Aos poucos o réptil, elétrico e refrigerado, vai regurgitando um a um dos seus momentâneos “comentaristas esportivos”, “médicos”, “doutores advogados”, “farmacêuticos”, “psicólogos”, e tudo o mais...

E ali vão eles... Cada um na sua direção... Canteiro de obras, Casas de família; outros vão para as máquinas de copiadoras e Fax, enquanto uns saem para o Serviço contínuo de Rua.

O interessante, é que assim desembaralhados nem os reconhecemos.






Rio, 01/10/92.