Puro corporativismo, nada mais...
Há pessoas que me acham polêmico, que gosto de fazer críticas e discutir tudo. Ainda bem que sou assim, pois, a palavra e a opinião, é o que temos como cidadãos neste país.
O Promotor Thales Ferri Schoedl, que matou o jovem Diego Mendes Mondanez e feriu Felipe Siqueira Cunha de Souza, na saída de uma festa no dia 30 de dezembro de 2004, na cidade de Bertioga, no litoral de São Paulo, foi absolvido. Ele foi absolvido do crime e da acusação de tentativa de homicídio e vai continuar no cargo, coisa que já vinha fazendo desde outubro por força de uma liminar. Vai ficar “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
A conclusão a que se chega, a quatro mil quilômetros de distância é de que o “corporativismo falou mais alto”. Nada mais, nada menos. A Justiça está dizendo que toda a autoridade que se sentir ofendida por qualquer motivo, por mais fútil que seja, pode matar que será absolvida.
Um ser humano mata outro, fere mais um e nada acontece! A alegação da defesa é de “legítima defesa”. A queixa é de que os jovens estavam “mexendo” com a namorada do promotor, acontece que ele já havia se envolvido em outras duas brigas em outras ocasiões pelo mesmo motivo. Das duas uma, ou ele é um neurótico ciumento ou a moça costuma olhar por cima do ombro dele. Resta saber de que teria o promotor se “defendido legitimamente”. Estavam os outros jovens também armados? Porque não chamou os “seguranças” da festa? Porque ele não usou de sua “autoridade” para chamar a polícia para “protegê-lo”, ao invés de, sentindo-se ofendido, fazer justiça com as próprias mãos? A propósito, porque um servidor da justiça vai a uma festa pública armado? Como uma “autoridade” ele nem deveria estar num ambiente destes. Se ele não tivesse certeza da segurança na festa, deveria ter ficado em casa, mas, é muito mais fácil ir armado, matar uma pessoa, ferir outra, ameaçar mais uma dúzia porque tem a certeza da impunidade.
Um promotor tem autorização para andar armado, mas não numa festa. Se alguém, chegar numa festa na minha casa armado, será convidado a “não entrar”. Quando ele saiu de casa portando a arma, sabia ele do grau de responsabilidade que isso implica ou levianamente saiu armado para ir a uma festa porque tinha “cacife” para isso? É um promotor de Justiça e pode fazer o que quiser? Portar a arma para ir a um lugar público que não fosse a trabalho, já impõe responsabilidade, sacar esta arma e atirar em outro ser humano “só porque disse um gracejo” para sua companhia é um absurdo que não têm tamanho. Quem saca uma arma e atira, tem que ter consciência do que está fazendo e assumir os riscos que isso implica. Os jovens estavam alcoolizados? O promotor estava alcoolizado?
Este jovem fez o que fez por sua imaturidade, ansiedade, falta de controle emocional, irresponsabilidade e certeza da impunidade.
Uma “autoridade” não deveria estar num ambiente daquele tipo, se insistisse em freqüentá-lo deveria saber os riscos que correria. Não deveria usar sua arma funcional fora do horário de serviço. Deveria ter treinamento especializado para o uso de arma de fogo e saber como, quando e em que situações usá-la. Quem porta uma arma, têm que ter a consciência de que está em vantagem sobre as demais pessoas. Dificilmente, ao ver a arma, os outros jovens teriam insistido no seu intento, uma arma, quando mostrada, impõe respeito e eles teriam corrido e se dispersado, pensando ser o jovem um policial, ninguém em sã consciência enfrenta uma arma de fogo de grosso calibre, por mais bêbado que esteja. Bastava talvez um tiro para o alto, para dispersar os baderneiros.
Quem tem mulher bonita, fica em casa com ela ou vai a locais que sabe serem decentes, onde sabe que ninguém vai afrontá-la. Uma autoridade freqüenta locais onde poderá encontrar seus pares e não um luau, uma festa pública, onde rola de tudo e é freqüentado por todo tipo de pessoas.
Não sou contra a absolvição do jovem promotor. Sou a favor da justiça. Se ele ceifou a vida de outra pessoa, mesmo se defendendo, porém por “motivo fútil” como foi o caso, deveria arcar com as conseqüências de seus atos. Tudo bem foi uma briga, ele foi afrontado, talvez até agredido, mas não deveria ter usado a arma de fogo ou usado apenas para intimidar os seus oponentes.
Um cidadão matar um ladrão que invade sua residência, que invade seu comércio, subjuga funcionários e clientes, é uma coisa. Já um cidadão, principalmente investido de “autoridade” que mata outro na saída de uma festa, por um motivo fútil, como ouvir uma piadinha a respeito de sua companheira, não pode ficar impune. Isso só acontece num país como o nosso, onde as Leis foram feitas para serem burladas.
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