TRÍPLICES FRONTEIRAS: BRASIL – VENEZUELA – COLÔMBIA
Hoje citarei uma das fronteiras brasileiras mais discutidas no passado e uma das mais perigosas; numa faixa de terra distante cerca de 400 km de Roraima e cerca de 900 km de Manaus, fica a Tríplice Fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Colômbia. Esta fronteira também fica no meio da Floresta Amazônica, numa região inóspita e remota, onde a tecnologia durará muito tempo para chegar.
Oficialmente existe uma Rodovia que leva algum louco ao local, a BR-307, mas esta estrada existe só no papel; os únicos meios de locomoção para o distante lugar são os aviões de pequeno porte e as embarcações que são levadas pelo Rio Negro, fronteira natural na região. O imenso e largo Rio Negro é quem divide as três nações, cortando a margem Leste do Parque Nacional do Pico da Neblina, maior ponto natural do Brasil com 2.993 metros em relação ao nível do mar.
A dita rodovia deveria ligar São Gabriel da Cachoeira à Cucuí, bem na divisa entre os três países, mas o que se vê no lugar de uma rodovia é uma trilha no meio da floresta onde até os tratores mais potentes não se arriscam a cruzar os 150 km.
Por ser uma região de selva virgem, a Lei jamais chegou e a força das metralhadoras, fuzis e granadas, dos exércitos brasileiros e venezuelanos, são as formas de “paz” que índios e poucos nativos extrativistas encontram em locais como esta tríplice fronteira. Uma estreita faixa de terra (deve-se observar num mapa), em forma de corredor, com 25 km (na fronteira) e 7 km na parte mais estreita, são as terras que dividem a Colômbia e a Venezuela; este estranho e perigoso corredor pertence à nação colombiana de fato, mas está sob poder das FARC há dezenas de anos sem que as autoridades consigam tomá-lo de volta. Os serviços de inteligência do Brasil, Colômbia e Estados Unidos acreditam que é por este corredor que parte da grande produção de cocaína colombiana é escoada para o mundo inteiro.
O turismo na região também é quase inexistente, as pouquíssimas pessoas que se arriscam a chegar ao lugar, ou são excêntricas, militares, pesquisadores, traficantes ou contrabandistas. Conflitos entre militares e traficantes são tão comuns quanto ver onças, sucuris e outros bichos amazônicos; não há hotéis, pousadas ou casas disponíveis para abrigar quem deseja conhecer esta fronteira, da mesma forma que bancos ou hospitais capazes de suprir as necessidades mínimas do visitante.
Uma das grandes curiosidades, para os mais bravos aventureiros, é a possibilidade de se percorrer por meio fluvial, de Belém no Pará, até o Oceano Atlântico na foz amazônica venezuelana; os que conseguem vencer os 3 mil km de rios, florestas e igarapés, contemplam uma das vistas mais lindas do Atlântico caribenho, a chegada no Golfo Triste das Ilhas de Trinidad e Tobago; para tal façanha, obrigatoriamente precisa-se passar na tríplice fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Colômbia.
Se você um dia pretender visitar esta região, busque mais informações; ligue para os organismos oficiais de turismo, polícia; tente falar com os quartéis do exército e reúna toda e qualquer informação relevante; discuta, planeje e programe sua viagem, para que ela não se torne uma tragédia. Naquela região as mortes são comuns e raramente se dispõe de alguma possibilidade de resgate; é uma parte do Brasil que nem mesmo a maior parte dos brasileiros sequer sabe onde fica.
Na nossa próxima aventura, falaremos da próxima tríplice fronteira: Brasil – Colômbia – Peru. Até lá!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Meu site: www.irregular.com.br
Informações obtidas com a ajuda do Google Erth e Guia 4 Rodas 2009 versão DVD.