Hoje vou me relacionar....
Minha vó e minha mãe, e aquelas que as antecederam, casaram-se, com elas era assim, só casando...
Não vou aqui confabular sobre o que acontecia com a minoria que sucumbia, isso é assunto para outro momento.
Mas elas, a despeito de toda a submissão a que estavam reduzidas, e isso também é assunto a ser refletido em outra hora, souberam usar algumas regras morais e sociais para autovalorizarem-se. Diziam: Só casando!
Hoje em dia a mulher conquistou muito espaço e isso é muito bom.
A moral tornou-se mais flexível e a mulher de hoje, as mais maduras
relacionam-se, as mais novas, ficam, alias a linguagem mais moderna, não é mais ficar, mas disso vou falar bem depois....
Toda reivindicação para a libertação do ser humano e sua conseqüente evolução é bem vinda. A mulher buscou igualdade com o homem. Não porque seja igual a ele, não é, felizmente não somos iguais a eles....rss....buscou essa igualdade porque sabendo-se um ser de inestimável valor, chegou o momento em que não aceitou mais ser tratada como um humano de segunda categoria, pelo menos aqui no ocidente.
Reivindicou escolher casar-se com alguém que amasse. Reinvindicou participar da vida do trabalho não apenas como cozinheira, faxineira, costureira, etc, hoje são engenheiras, arquitetas, médicas, cientistas, gerentes, executivas e por aí vai.
Reinvindicou liberdade sexual. E nisso teve apoio da ciência, sempre muito mais rápida que a moral e a cultura.
Então a mulher passou a poder escolher quando ter filhos e a isso vieram outras possibilidades de liberdade, isso também abriu as portas para liberdade profissional.
Mas algumas coisas não mudaram. Quando a mulher fica grávida a maioria questiona a ela, porque “engravidou”, porque não se cuidou, etc... Ora a mulher não “engravidou”, quem a “engravidou” foi um homem e é este o primeiro a fazer esse questionamento, como se a responsabilidade não fosse também sua.
Não gosto muito de novelas, quase não assisto, mas já tem algum tempo que estava com a TV ligada e numa novela, uma situação me chamou a atenção: uma personagem ficou grávida, acontece que o autor teve a inteligência e ousadia para colocar essa questão de uma forma totalmente inusitada, a personagem grávida, não queria o filho, não era um momento bom para si. Ela era executiva, tinha toda a sua vida voltada para o profissional, para construção de sua carreira, então decidiu que doaria seu filho ou o deixaria numa instituição pública, tão logo nascesse. Foi um reboliço entre seus amigos e até mesmo com o pai da criança, que inicialmente a questionou sobre a gravidez, como se ele não tivesse nada a ver com isso.
Achei fantástica essa colocação do autor, virando a ampulheta, ele colocou com clareza que ao homem é dado o direito, não moral, mas é dado o direito de ESCOLHER se vai se responsabilizar e assumir o filho. Ninguém o trata como monstro, mas a mulher, naquela personagem, muito cômica aliás, era vista pelos amigos como uma irresponsável e inconseqüente. Claro a questão foi colocada sob o prisma do bom humor, mas foi muito, muito interessante a proposta do autor, a mulher não queria o filho e ia abandoná-lo.
Enfim o autor da novela, que não me lembro o nome, depois virou a situação e a personagem acabou aceitando a gravidez e o pai da criança também o fez com mais naturalidade, mas o importante foi que a questão foi colocada com certa clareza. Se um homem não assume seu filho, tudo bem, mas a mulher é vista como um monstro, alguém desumano.
De qualquer forma hoje em dia há muitas conquistas consolidadas, algumas a conquistarem e consolidarem-se e há também um movimento de busca e igualdade com o homem, que creio, intensificou-se ao reverso.
Hoje as meninas ficam, as mais maduras se relacionam e isso basta. Sim isso basta, porque na pratica, o relacionamento acaba e a mulher fica passando de “mão em mão” ou fica frustrada e infeliz, sentindo-se, porque de fato foi, desvalorizada e desconsiderada. Foi descartada! O homem também é descartado. Sim o homem também, mas ele não aceita isso, ele mata, violenta, humilha e difama!!!
Hoje meninas dançam e fazem competição para que o menino escolha aquela com quem vai ficar. Hoje a mulher corre atrás. E infelizmente, literalmente, atrás.
O problema não é “ficar”, se “relacionar”, o problema é o que isso gera, uma total irresponsabilidade. Uma geração de filhos sem pais e mães, uma geração que tem pais e mães por obrigação. Não há mais uma família planejada, mães e pais que se amam e que amam seus filhos e é somente se amando que podem ser verdadeiramente pais e mães e filhos.
E pergunto: o que vai acontecer quando as mulheres, num movimento igual, decidirem abandonar seus filhos de fato???
Pois é, estamos num movimento de igualdade sem discernimento, num movimento de igualdade reversa, não os chamamos à responsabilidade social, psicológica, moral, nós estamos nos igualando por baixo, o máximo da responsabilidade exigida é legal, no sentido do Direito mesmo, exige-se que assuma legalmente, pague pensão.
Um pai por obrigação!! Sem amor, sem respeito, sem cumplicidade, sem compaixão, sem responsabilidade. Sim responsabilidade, aquela que o Direito não pode impor, aquela que realmente importa.
Uma mãe menina, que larga seu filho com qualquer um, para poder ir para balada, afinal ela tem os mesmos direitos de se divertir.
E pergunto: uma mãe e pai, tem o direito de se divertir, colocando o filho em segundo plano???? Pais responsáveis divertem-se incluído o filho!
E pergunto ainda: será que não está na hora de resgatarmos o casamento??
Não está na hora de assumirmos que cometemos erros, questionando de forma imatura essa instituição??? Será que não questionamos erradamente?? Questionamos o casamento e não a submissão, a violência física, moral e psicológica que o assolava. Nós jogamos o casamento fora, mas resto ficou!
Hoje em dia o jovem não precisa casar só porque tem filhoS...pois é e não casando, ele não assume mais nada!!
Hoje em dia ouvimos dizer que o casamento faliu! Que está se extinguindo. Ok!! Acabou a obrigação. Acabou a submissão!! E infelizmente, no esteio disso tudo, Acabou também a responsabilidade!! O limite! O respeito, próprio e social.
O individualismo e o consumismo, atingem níveis inimagináveis. Agora não preciso mais ter responsabilidade pelo outro, ele que se dane, ele que se cuide. Não preciso pensar nele, eu preciso pensar apenas em mim, preocupar-me e ocupar-me apenas de meus sentimentos e desejos. O outro que se cuide! Que se responsabilize por si mesmo. Ok!
Hoje não tenho que me preocupar com que o outro pensa e no bojo disso, também não me preocupo que marca Eu deixo no outro. Isso é problema Dele!! Ora, ora, ora....isso tem outro nome, não é evolução, é EgoÍsmO!
Hoje o consumismo não é apenas de coisas, é de pessoas também!!!!
Adolescentes, meninos e meninas, contabilizam quem já “pegaram”.
Sim a linguagem está mudando, mais ainda, eles não falam apenas com quem ficaram, estão mudando, falam agora quem “pegaram”!!!!
Uma linguagem mais grotesca, mais real também.
Já prestou atenção, eles não dizem mais apenas que ficaram, eles agora se vangloriam de quem e quantos “pegaram”, eles e elas!!
Você se preocupava com a geração do “ficar”, pois bem, já mudou, agora é a geração do “pegar”.
Até quando vamos PERMITIR isso??????
SIM PERMITIR, sejamos honestos, nós Permitimos!!
Como não permitir? A pergunta é essa: Como não permitir?? Como chamar à responsabilidade???
Nossos pais tinham a resposta, eles nos davam responsabilidade, desde cedo!
Afinal, simplesmente assumirmos incompetência e fragilidade, não resolve!
(Valéria Trindade)