Lembrando os pequeninos.
Não sei se vou poder ouvir os sinos, porque de momento só escuto choros, e gritos de sofrimentos.
É inconcebível uma situação como esta, já tão próximo do natal, e já vejo uma extensa lista de crianças que não poderão participar.
O natal começa no momento e que começamos a montar a árvore, e eu faço assim, mesmo podendo, eu nunca quis comprá-la, gosto de eu mesmo fabricá-la. E já fiz varias, cada qual de um jeito, de acordo com minha situação. E houve uma que enfeitei de algodão, com tiras de papel picado, e no lugar das bolas coloquei laranjas e limões pintados, e as luzes, foram vários vidrinhos nos quais coloquei dois ou três pirilampos, e na noite sagrada, com a luz da sala apagada, eu abri um vidro de cada vez, o efeito que se fez dava a nítida impressão de que vários anjos subiam para o céu. E as crianças ficaram deslumbradas, a ponto de esquecerem os presentes que não ganharam. Mas tiveram um natal, e eu ganhei o maior dos presentes, pois tinha elas do meu lado.
Não sei se vou poder ouvir os sinos, pois diante de tanta covardia que vem acontecendo com os pequeninos, me deixou um trauma, e hoje eu tranco a porta para a morte não entrar, e mantenho a janela fechada para a vida não sair.
(Em memória de Eloá, Joãozinho, Izabella, e tantos outros que se foram).