A Essência do Mundo
A meditação é uma prática que vem crescendo em uso entre as mentes ocidentais tão ávidas em perseguir lucros, metas, ganhos e resultados práticos. A era do consumo adentrou todos os lares e desde a tenra infância nossos filhos aprendem a apontar prateleiras de produtos e a dizer: eu quero. Como se não bastasse, os templos de consumo tendo o pomposo e importado nome de Shoppings Centers multiplicam-se. Os da nossa cidade compram terrenos vizinhos e continuam a afiar as garras mercantilistas.
Sei do benefício que a expansão comercial traz, possibilitando riqueza, empregos e prosperidade. Não há nisso um mal em si. O grande problema é tirarmos o foco do nosso crescimento como seres humanos e aplicarmos a nossa energia na busca desenfreada para atender a padrões de consumo que são estimulados a aumentar sem parar.
Cada geração cultiva novos deuses. Os nossos se encontram enclausurados em vitrines coloridas e iluminadas que tanto nos seduzem os sentidos. Fiquei sabendo de um produto que borrifado no ar nos estimula a comprar. Creio que até mesmo as cores e os sons foram estudados e arquitetados para atingir a esse fim. Os shoppings primam pelo conforto e limpeza, atraindo-nos como moscas ao mel.
O que critico não é o comércio, fonte de riqueza, mas o distanciamento do ser humano de sua essência integral. A sabedoria da divindade nisso consiste: fomos inseridos em um mundo que nos distancia da verdade e testa nossa disposição e interesse em fazer com que o espírito evolua. Cercados do material e do materialismo, enquanto se solidifica como nova prática social, afastamo-nos da busca do ¨Eu Real¨ que nos aproximaria da essência de todas as coisas.
Em busca do equilíbrio de forças (fonte de sabedoria) podemos ser auxiliados pelo hábito de meditar. E o que vem a ser meditar? Existem infinitas definições espalhadas por todos os cantos. Como adepto da mesma, passei a trilhar meu próprio caminho e nisso consiste a beleza do processo: cada Ser terá uma experiência única e intransferível. Somos exclusivos na criação e a própria prática o levará a perceber isso. Meditar é aprender a focar sua atenção no nada. Esvaziar a mente e deixá-la seguir um natural caminho de limpeza, desmantelando sentimentos e pensamentos que por muitas vezes nos atordoam e confundem.
No início, começamos a meditar e logo lembramos de uma conta a ser paga ou de um relatório por fazer. Isso é salutar e nos mostra que o subconsciente, essa misteriosa fonte que nunca dorme, está alerta a nos defender automaticamente de processos destrutivos. Relaxe e volte ao centro buscando o nada. Um antigo mestre que me auxiliou nas práticas, que chamarei de Xam, afirmava que ao meditar pode-se pensar em bater palmas utilizando uma única mão. Achei que ele estava louco. Como bater palmas com uma única mão? No decorrer do tempo, aprende-se a fazê-lo e quando você passar a escutar o som das palmas de uma única mão, saberá estar adiantando no processo.
Uma das maiores revelações que obtive no segmento foi a respeito da conscientização do que consiste o nosso mundo. Perdoem a pobreza da linguagem, mas afirmo que o nosso mundo é todo feito de um único elemento, como se fosse um vento cósmico que se solidificou com o propósito de impressionar nossos sentidos.
Para facilitar, imagine uma tela que na qual foi pintado o nosso mundo em detalhes. Você está inserido na mesma e não percebe isso, acredita que tudo está em três dimensões porque está dentro da tela. E a tinta é um só elemento, que apresenta-se em inúmeras formas para que você se situe no espaço. Assim é o nosso mundo e, as outras dimensões nada mais são do que quadros pintados dentro de quadros indo até o infinito. E quem pintou os quadros? Isso te leva a pensar? Pois pense e medite. Volto ao assunto em breve, caso venha a agradar...