Engenheiros de onde?
ENGENHEIROS DE ONDE?
Como filho de Engenheiro, eu sempre imaginei que, por perfilada à matemática, a Engenharia era uma ciência exata. De uns tempos para cá estou discordando de minhas imaginações. Refiro-me aos absurdos que a engenharia dos órgãos públicos, especialmente a que erige estradas, avenidas, viadutos e outras obras construídas à sorrelfa dos usuários. Vamos ver algumas?
A alça que une a BR-116, que vem de Canoas, com a BR-290 (free-way) é um aleijão. Fizeram uma curva de noventa graus para uma via de alto tráfego. Depois, não contentes com a burrada, reduziram o fluxo para um veículo de cada vez. Os “engarrafamentos” ali são diários.
Os “técnicos” do DNIT decidiram fazer um acesso para quem vem de Esteio pela BR-116 para entrar na 386. Só esqueceram a altura dos fios do Trensurb. Já estão aumentando os pilares, pois o projeto original fracassou. Vai ficar uma “montanha-russa”.
Na BR-116, quem vem de Canoas, construíram uma elevada de acesso ao Aeroporto. Ficou baixa demais e os caminhões não passavam: tiveram que desviar a BR.
A Prefeitura de Porto Alegre fez duas obras monumentais: a Assis Brasil e a Perimetral Norte. Tudo seria ótimo se não houvesse colocado uma sinaleira em cada esquina. O que era para desafogar, travou mais ainda. Sem falar nos “corredores de ônibus” da Carlos Gomes e Dom Pedro II, escassamente utilizados, que tomam 60% da avenida.
O Viaduto Leonel Brizola, na confluência da BR-116 com Farrapos e Ceará, ali onde estava a estátua do “Laçador”, ficou um monstrengo que vai “do nada para lugar algum”. A finalidade que era desafogar a saída da Farrapos para a BR (e vice-versa), ficou travada por uma sinaleira. Burrice pura! O viaduto cruza o ponto crítico favorecendo uma área inexpressiva.
Recentemente, a Prefeitura de Porto Alegre fez um estardalhaço no que tange à re-inauguração da Avenida Diário de Notícias, perto do Jockey Clube. Quando se esperava melhorias no escoamento, viu-se que ficou a “lesma lerda”. Não precisavam gastar aquela fortuna para deixar os mesmos gargalos, numa demonstração cabal de incompetência dos “engenheiros”.
Viajando de carro pelo Rio Grande e Santa Catarina se observa as mesmas mancadas, com viadutos e retornos perigosos. Constroem estradas aleijadas e acessos que, ao invés de ajudar, se convertem em verdadeiras armadilhas. Será que o Brasil está assim tão desprovido de engenheiros de rodovias e sistemas viários? Um bom expressivo percentual de culpa por tantos acidentes de trânsito se deve a essa incompetência.
Eu acho que esses “construtores do espanto” deviam se assessorar de filósofos. Sim, porque as mancadas que eles cometem a torto e a direito, seriam sanada se fossem acompanhadas por profissionais especialistas em lógica.
À pergunta-título deste artigo, na peroração final, eu respondo: do jeito que esses caras “viajam na maionese”, não devem ser engenheiros. Ou são “empregados de engenho” ou “músicos”, como os Engenheiros do Hawaii.
Filósofo e escritor.