SOMOS TODOS IGUAIS - (reedição)
Vivemos em tempos apocalípticos, onde o amor realmente parece estar esfriando entre as pessoas. O ser humano pouco se importa com o seu próximo. Raros são os gestos de solidariedade e imensuráveis os atos de egoísmo explicito. Não se vê o outro como a si mesmo. Poderíamos viver num mundo melhor se na loucura dos tempos modernos não nos esquecêssemos de olhar ao redor, basta ao redor. E nesse olhar existe a necessidade e a urgência de que venha acompanhado de um gesto e, nesse primeiro momento nem mais nem menos, basta um sorriso.
A ganância de alguns, a violência de outros, sentimentos de ira e de crueldade foram tomando lugar do amor e da esperança. Tornamo-nos seres egoístas demais para perceber que o que dói em nós é tão igual ou maior em outras pessoas. O desamor se infiltrou nas famílias e o que ouvimos são casos terrivelmente cruéis, aonde o comportamento entre pais e filhos chegou ao absurdo insano do matar ou morrer.
A insatisfação, por mais que realizemos, é constante. Tudo se tornou fácil demais, banal demais. Viver sem ilusões ou esperanças se tornou uma rotina pesada para se carregar sozinho, então criamos nossas próprias doenças, dores muito mais da nossa alma, do que realmente do físico, e recorremos a médicos, entupimos o sistema de saúde pública e os consultórios carregando nossos fantasmas; carências por aquilo que não alcançamos mais: a satisfação do ideal realizado.
Deixamos o entusiasmo esquecido em alguma parte do caminho, num insondável labirinto de modernismos que nos consumiu não apenas o tempo, mas também a alegria das pequenas conquistas, dos pequenos sacrifícios para se chegar como um super atleta no lugar mais alto do pódio.
Perdeu-se o encanto do que uma vez nos foi motivo de grandes esperas. Valores adormecidos se esquecem nos celeiros fechados da nossa memória, a vida se torna mais e mais vazia e a alma nos cobra que sonhemos. A vida insiste em nos chamar para as manhãs. Precisamos reunir de novo a família, enxergar o outro como a nós mesmos, buscar lá no intimo a solidariedade e a generosidade que cada um de nós necessita, para que a alma se aqueça e volte a irrigar nas veias o sopro mágico do amor pela vida.
É preciso redescobrir esse sentimento, para que não pereçamos no submundo das indiferenças e das desigualdades tantos sociais como morais. Temos o direito e o dever de preservar a vida e a dignidade de vivê-la plena e satisfatoriamente em liberdade. Temos o livre arbítrio, mas racionalidade o suficiente para respeitar o espaço de cada um, sabedores que de carne e sangue somos todos nós, criados pela mesma mão que desenhou o universo.