O espanto das informações
Espantoso, é assim que começo o texto de hoje. Estou espantada, as ações das pessoas me espantam, eu espanto as pessoas, a situação brasileira me espanta, parece que estamos no meio do milharal com uma série de espantalhos.
Recebi alguns e-mails hoje no mínimo curiosos. O primeiro de autoria de uma professor da USP, que falava (mal) do Orkut. Que este colabora para os truques, armações de seqüestros, realizados.
De início pensei que fosse uma piada, mas depois fui vendo que não era, ao final percebi que não tinha data, isto mesmo sem data!!! Então poderia ser antigo, pois quem freqüenta Orkut sabe que já existe o recurso de deixar seus dados liberados somente para amigos. Agora se a pessoa adiciona desconhecidos, o problema já não é que o Orkut deixa as pessoas vulneráveis, mas de excesso de confiabilidade por parte de alguns. Desde criança aprendi com meus pais, tios, madrinha a não conversar com estranhos, não será na virtualidade que o que aprendi quando educada vai ser deixado de lado.
Adiante percebi que tinha autor, fui atrás do currículo lattes do mesmo. Todo professor que se presa, pelo menos os universitários, devem ter este modelo de currículo, é exigência em concurso, seleções etc. e a USP não iria fugir a regra. Porém não existe nenhum currículo lattes com o nome do autor.
Outro fato estranho foi a identificação como professor de informática. É óbvio não iria se apresentar de forma tão simplista, podendo ser confundido com um professor de curso técnico profissionalizante. Certamente ele colocaria professor de ciências da computação da USP, e talvez acrescentar sua titulação. Fui ao site da respectiva instituição, e Bingo! Não havia professor algum com o nome do autor do texto. AH, o site estava atualizado, tomei o cuidado para verificar isto também. Este tipo de comentário pode parecer preconceituoso, mas é nossa realidade, realidade de seleção, a lei dos que têm mais títulos.
Para o autor do texto só tenho a dizer que não é só o Orkut que dá dados precisos e pessoais. As próprias faculdades, concursos diversos nos possibilitam a vulnerabilidade de informações pessoais.
O texto tem sim certo teor de verdade, mas nada exagerado como colocam, está mais para tentativa de derrubada de concorrente, e usou nome da USP para dar confiabilidade às informações. É como pesquisas em que se não houver o vírgula alguma coisa por cento parecem que não são verdadeiras, números “quebrados” dá uma idéia de veracidade fortalecida.
O outro e-mail que acho relevante comentar é de uma pessoa que leu um texto meu falando de Jorge Amado, dizendo que se espantou com tanta informação que desconhecia. Ora se leio um livro, quero saber o autor, e sobre o autor não leio só no próprio livro, busco biografias, informações na internet, e até mesmo nas inúmeras comunidades do Orkut ( eis ai um bom recurso existente no Orkut – a troca de informações e debates).
Como a pessoa esperava ansiosa uma resposta minha, e eu ali de frente ao computador espantada com a desinformação, espantada com a tentativa de enganar as pessoas (porque utilizar-se de um autor que é um professor fantasma é enganar sim), apenas respondi, que o mais interessante de cada texto lido não é o conteúdo em si, mas as inúmeras portas que eles nos abre para o conhecimento, para a reflexão. Mas para isto é preciso pesquisar, estar aberto ao novo, ir ao encontro do algo a mais.