A felicidade contemplativa (Catita)
Sentimos na pele o desejo de ser feliz; o homem e a mulher que ainda buscam um sonho feliz, encontram-se no feliz espaço característico da paz. Com o fim na própria felicidade, a ação primeira para sua realização está na paz interior colaborada pelo mundo exterior e sendo desempenhada pelo louvor ao criador. O louvor e a adoração é o centro, o cume, o ápice da felicidade, a energia motora e o combustível vital para se manter feliz; a exterioridade, o ambiente, meio pelo qual se pode render o devido divino culto, é o melhor atrativo humano para aliviar o peso do corpo e dá ao espírito a “sensacional sensação” de liberdade; e pela humanidade carnal divinizada pelo culto a Deus, o interior do homem e da mulher podem, enfim, gozar a paz, preencher-se de desejo... e ser feliz.
Parece-nos que tudo nasceu de um sonho, “a melhor prova de que não estamos tão firmemente encerrados em nossa pele como parece” (Friedrich Hebbel, poeta), a idéia de felicidade. O ser pensante no instante de prazer sentiu-se impelido a superá-lo, pois o prazer não era perene, se fazia apenas momentâneo, não tinha o atrativo posterior ao seu acontecimento e morreria sem mais nem menos. O homem procurou dentro de si e fora o que mais pudesse se aproximar da natureza divina transcendente, tentando perceber em sua vida terrena o que por ventura imaginava encontrar no céu. Quis ir mais além do que um gozo carnal, elevando-se a um estado onde não existissem limites para... sentir a si mesmo.
No presente momento, homens e mulheres que vivem em comunidade, ex-missionários(as) ativos e extremamente defensores dos excluídos da sociedade, dos trabalhadores rurais e quem estivesse à margem da discriminação, passaram a viver em reclusão para dedicar-se mais à vida de contemplação, sem contudo, desvincular-se completamente de suas raízes missionárias. Dedicam todo o dia a oração e ao trabalho para sua auto-sustentação; e em momentos fortes durante o ano, procuram realizar missões populares, participam das atividades das dioceses que os convidam e recebem em sua casa grupos de retiro, além de pessoas simples que vem passar o dia ou participar de uma oração e fazer refeição com os monges. Entretanto, a vida é simples, a maior parte do tempo em silêncio, num ambiente onde a natureza está em toda a parte.
A Fraternidade do Discípulo Amado localizado no Sítio do Catita (Colônia Leopoldina) é assim, uma pequena fonte de conforto da alma. Na paz predisposta pela natureza viva, se vive a felicidade em seu estado mais fundamental; a vida adquire um sentido real e a liberdade atinge seu grau máximo no encontro horário com Deus por meio das orações e a cada instante, na partilha dos dons com as(os) irmãs(os), em meio a mãe natureza e no sentir-se a si mesmo como parte exclusiva do amor de Jesus Cristo e de sua doce Mãe.
Diante da existência de tal espaço, os corações ainda sedentos de vida em adoração e irrequietos pelas injustiças sociais se deparam com a sua moradia ideal. A vida exige apenas o que tem valor, por mais que o tempo presente se afirme em ditar certas normas. Outro sim, estar aqui faz da liberdade um caminho precioso para o encontro com a Verdade.