Catita – Um pequeno paraíso
Sítio da Catita é um lugar recôndito no agreste alagoano. Nesse ambiente quase dominado pelos canaviais, se esconde ainda um resto de mata atlântica, ao qual a natureza pode viver em harmonia com o homem. De difícil acesso (é preciso percorrer 20 min. de estrada de barro até a cidade de Colônia Leopoldina – AL), dentro da mata estão presentes homens e mulheres de oração. Deixando o trabalho ativo dentro da Igreja, na luta das reivindicações sociais mais alarmantes, esses fiéis optaram após longos anos dedicados as causas populares, a viverem em sua maior parte do tempo na contemplação do Deus-Amor, erigindo a “Fraternidade do Discípulo Amado”.
A vida monástica está presente nessa Fraternidade. Iniciando o dia às três e trinta horas da madrugada com o Oficio das Leituras, mais cinco orações são realizadas para encerrar a noite com a última oração as dezenove e trinta (Completas), dando fim ao dia repleto de atividades contemplativas e de trabalhos dentro do “Mosteiro” ou ao seu redor, na Mata. Diferente de um mosteiro tradicional, nele crianças e moradores próximos da região são sempre bem-vindos. Às vezes rezam, fazem refeições, participam das celebrações dominicais realizadas pelos monges. As celas onde mora cada membro do “Discípulo Amado” estão espalhadas pelo terreno do Mosteiro. Algumas próximas umas as outras, facilitam os trabalhos domésticos, realizados numa casa a qual abriga o refeitório, cozinha, sala de estar e biblioteca. A natureza sempre em volta cobre o espaço de verde, os pássaros cantam, o barulho das folhas quando o vento por elas passa fazem o som periódico virar canção permanente. Um riacho também faz soar hinos, com suas águas sob as pedras ou desviando-as. Tudo concorre para um ambiente tranqüilo e de paz.
Sem televisão, geladeira ou qualquer eletrodoméstico desnecessário para viver, nos ocupamos no tempo livre com leituras espirituais e nos alimentamos de forma natural. Tudo da natureza é aproveitado, todavia alguns mantimentos precisam ser comprados na cidade. O diálogo é pouco, mas existem momentos específicos para uma conversa fraterna e amiga. O mais importante do que o silêncio exterior, contudo, é o silêncio interior, absorvendo daí apenas o que vem da natureza, incluindo-se as orações e louvores elevados ao Criador.
Em um mundo transbordante de afazeres dos mais diversos e muitos deles fúteis, um pequeno grupo de pessoas devotas a Igreja e compromissadas com o projeto de Jesus, vivem num pequeno paraíso; de forma simples atuam no meio em que estão inseridos e fazem parte do “coração da Igreja” (citação do Papa João Paulo II, ao falar da vida contemplativa nos Mosteiros espalhados por todo o mundo).
Na paz promovida por tal ambiente, os contemplativos rezam incessantemente pelos homens e mulheres do globo terrestre, sendo vozes ativas e efetivas contra o mal, contra as injustiças, contribuindo para um mundo melhor, para a vinda do Reino de Deus, por meio de uma entrega completa de sua vida à Cristo. A oração é a maior e o mais grandioso instrumento para que a paz e o amor um dia façam essencialmente parte de toda a humanidade. Que assim seja!