A importância do ensino da arte
O ensino da arte no ensino fundamental
A arte é representação. Foi assim desde os primórdios quando o homem sentiu necessidade de representar seu espaço, seu cotidiano, suas ações, crenças e costumes, e passou a registrar nas paredes das cavernas, abrigos e superfícies ao ar livre animais selvagens, cenas de caça, imagens humanas, rituais primitivos; pinturas feitas utilizando materiais, tais como: argila, sangue, excrementos, ossos, madeira queimada, pigmentos vegetais . Tudo isso para agradar aos deuses e com estes gestos receberem a graça da fartura, da certeza do alimento, da fecundidade, da proteção de animais maiores que os homens. Arte como magia, meio encontrado e desenvolvido em agradecimentos as divindades, anterior ao surgimento da escrita. O homem já tinha em si o desejo inerente de expressão, de cultivar o simbólico e daí, além da pintura , dita figurativa, desenvolveu a escultura em madeira, em ossos de animais, a cerâmica, armas e utensílios.
A necessidade de transformação, de mudança e adaptação ao meio em que vivia faz do homem um ser criador. O que hoje se chama de arte rupestre, pintura rupestre ou gravura rupestre não é encontrada registrada em livros escritos no período de desenvolvimento de tais habilidades, são os estudos, as descobertas, as pesquisas feitas por estudiosos e cientistas - arqueólogos, antropólogos, historiadores, sociólogos... - preocupados em desvendar a história do homem que trás a tona estes conhecimentos. São achados em parques, lajedos, através de escavações, espalhados por tantas partes do mundo que vão se somando e formando esse enorme quebra cabeça de várias peças.
Somada aos cantos balbuciados que vão dá origem mais tarde ao que chamamos de sons distintivos e daí a fala como concebemos hoje. Nasce o ritmo, a dança, a representação e a arte como espetáculo ou resultado de uma ação concreta que fazia do abstrato, imagem concreta.
Com a evolução, a necessidade da representação dos deuses e do belo. A arte clássica volta-se para a construção de novos conceitos, uma manifestação voltada para o corpo, a definição, a escultura e enormes deuses de pedras são construídos, as divindades criam representação. O homem usa a arte como sobrevivência, sai das cavernas e vem habitar outros espaços planejados. A arquitetura, a escultura, a pintura, a dança, a música, enfim, a representação da vida toma uma dimensão até na forma de pensar da humanidade. O homem, agora é a própria dicotomia, num mesmo corpo é razão e emoção. É sensibilidade e pensamento ao mesmo tempo, uma fusão de coisas e estados e, uma invenção atrás de novas invenções, o desejo de liberdade, de voar, de ganhar o céu. E o desenho que antes era a representação do cotidiano, agora é usado como planejamento das ações de mudança, de uma nova era. A mudança do pensamento empírico para o pensamento filosófico dá a arte um espaço privilegiado. O homem é arte, está na arte, faz de sua arte a motivação de sua evolução.
No período medieval, a arte é aprisionada pela religião, é instrumento de catequese, de monopólio, os artistas são criaturas criadoras para o Deus monoteísta, teocêntrico e imensos monumentos são construídos em nome dessa arte: afrescos, tetos de capelas, painéis com passagens bíblicas, imagens de santos, esculturas, jardins, ambientes... Até que novamente o homem se descobre um ser pensante longe das amarras e arte tem um papel fundamentas neste processo, é chegado o momento do renascimento e do pensamento antropocentrista. O homem senhor da criação, da liberdade de expressão, de um ser articulado com as várias tendências de criação. Não mais um mero representante do clero, mas articulados com outros conhecimentos e assim vão criando outras engenhocas e novos movimentos: Barroco, o uso da perspectiva e da profundidade, pinturas de reis, rainhas, lordes, paisagens. E nomes vão se destacando neste cenário, na música, na pintura, no teatro, na escultura, na arquitetura.
Cores, sombras, riscos, sons, dramatizações, movimento de corpo são algumas linguagens assumidas pela arte. Meios pelos quais o homem se expressa, se representa, transforma, forma, inventa e reinventa seus espaços. A arte moderna, o impressionismo e as vibrações internas do ser, as vanguardas e toda contribuição da arte par cada época, para cada realidade.
Precisamos fazer esse resgate para compreendermos que a arte não está dissociada da vida, não é algo - objeto de estudo distante, privilégio de poucos. Arte é vida, é a representação da vida, do espaço, do corpo, das mudanças. Um corte de cabelo, a roupa que vestimos, a cadeira que sentamos, a pulseira que usados, a maquiagem que fazemos, enfim, em educação, o que se necessita é uma compreensão maior do que venha ser arte, de profissionais qualificados para o ensino da arte, de arte educadores comprometidos em educar "as dores", os anseios e perceber que temos no ensino da ante um material riquíssimo de educação. Fazer o aluno pensar, sentir e agir como ser sensível, suscitar em si o ser criador, transformador de realidades.
São essas verdades que marcam os vários momentos da história da humanidade e nela a contribuição dos movimentos artísticos, marcada de transformações ideológicas que nortearam para sempre o rumo de uma nova evolução e neste percurso, o artista inserido, na concepção nova, no olhar e na maneira do homem se expressar.
Se pegarmos por base a LDB, percebemos que o que está nos pcn's é uma proposta riquíssima, pouco aproveitada pelos profissionais de arte porque arte ainda continua sendo vista como preenchimento de carga horário, complementação e assim qualquer pessoa se acha no direito de pegar a disciplina e enrolar, primeiro a si mesmo porque é pessoa que não tem compromisso com o que faz, se tivesse usaria de bom senso, depois enrolar o aluno que ainda não é constituído como sendo ser pensante, cidadão crítico, até porque o processo ensino-aprendizagem das escolas públicas, no que diz respeito a qualidade, ainda é sonho distante.
Quando se tem uma proposta montada para o ensino da arte voltada para a construção de um ser dotado de conhecimento a cerca da realidade que o cerca, o trabalho com a arte passa pelas ações que integram o perceber, o pensar, o aprender, o recordar, o imaginar, o sentir, o expressar, o comunicar, ações essas despertadas a partir da observação de trabalhos de outras pessoas e de uma criação própria do fazer artísticos nos campos das artes visuais, a Música, o Teatro, a Dança e demais manifestações.Tudo isso mediante a elaboração de idéias, sensações, hipóteses, e esquemas pessoais que o aluno vai estruturando e transformando, ao interagir com os diversos conteúdos de arte manifestados nesse processo dialógico.
A partir do que é pensado, a importância do ensino da arte, em todos os períodos de formação do aluno como protagonista do novo, o cidadão pensante que adquiri conhecimento para interagir, transformar e mudar o espaço e a vida ao seu redor, é de fundamental importância quando se leva em questão o conhecimento trazido por este indivíduo, somado aos conhecimentos dos outros e em contato com novos conhecimentos como meio de ampliar, difundir e adquirir técnicas, conhecimentos e estilos de arte. A arte é a educação da sensibilidade do ser humano. A partir da educação dessa parte sensível, ele torna-se capaz de sempre ser um novo ser, aberto as mudanças.
A arte pode ser usada por qualquer disciplina, desde que haja um planejamento prévio e descobrindo o real valor do uso dessa ferramenta maravilhosa, poderemos perceber o salto que daríamos no processo de ensino-aprendizagem.