O transtorno de personalidade dependente: uma patologia

Existem vários transtornos de personalidade. Por conseguinte, para se tratar de um específico, faz-se necessário, primeiramente, entender o que são os transtornos. Eles podem afetar todas as áreas de influência da personalidade de um indivíduo: o modo de ver o mundo, de se comportar socialmente e expressar suas emoções. Caracteriza um estilo pessoal de vida, porém, mal adaptativo, inflexível e patológico. Significa uma intensidade muito forte de predominância de determinadas características.

A dependência é um fenômeno muito complexo, ela atinge o indivíduo em vários níveis, tornando-o submisso e aderente. No nível comportamental, o sujeito busca constantemente uma substância química ou um mesmo comportamento. Ao mesmo tempo, em nível psicológico, a pessoa é totalmente absorvida pelo objeto de sua dependência. Dessa forma ela descuida-se de todo o resto, o mundo perde o sentido perante seu objeto de dependência.

Desse modo, pode-se dizer que a dependência está relacionada ao valor que a pessoa atribui a determinada droga ou objeto e organiza sua vida pautada nessa relação. O sujeito, dentro de um campo vasto de opções, restringe as suas escolhas em uma única e mesma opção sempre.

O sujeito perde totalmente sua autonomia por causa da grande necessidade de aprovação, tenta agradar sempre aos outros, pelo medo de ser abandonado. Sendo assim, tornam-se frustrados porque sentem-se forçados a fazer coisas que não querem ou porque sentem que não podem expressar seus verdadeiros sentimentos.

Com a necessidade avassaladora de se apoiar em algo ou alguém, o dependente apresenta algumas características que lhe são peculiares: dificuldade em tomar as próprias decisões, necessitando de uma quantidade excessiva de conselhos; não expressam discordância de outros pelo medo de perder o carinho, o apoio ou aprovação; não faz projetos por si mesmo pela falta de auto-confiança; não fica só em nenhum momento, busca a todo instante um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo.

Daí percebe-se o quanto é prejudicial a uma pessoa se apegar a uma única coisa como fonte de realização e se fechar para o resto do mundo ao seu redor. Outro problema é o fato de que a pessoa, mesmo que involuntariamente, envolve outras pessoas, principalmente sua família.

Na atualidade, muitas são as formas de dependência e que, muitas vezes, não são reconhecidas como tal. A dependência química é claramente reconhecida por todos, contudo, quando se trata de dependência psicológica, são sempre negadas, por exemplo, a dependência do trabalho, o sujeito direciona toda a sua vida em torno de seu trabalho e, assim, não encontra tempo para a família, nem para um convívio social.

Esta, como outras, por exemplo: a internet, o celular, as compras, etc., frutos da sociedade tecnológica atual, ainda são fortemente negadas por seus portadores, também pelo fato de não terem conhecimento claro da situação. Por isso tal discussão torna-se relevante, pois chama a atenção das pessoas para um possível aprisionamento em determinada situação que elas estejam vivendo e, dessa forma, corre-se o risco de uma patologia violenta, que tornará a pessoa impotente diante de suas pulsões e, conseqüentemente, todas as pessoas ao seu redor serão envolvidas e prejudicadas.