COMO AGE O BRASILEIRO
COMO AGE O BRASILEIRO
O brasileiro pelas suas origens doridas alicerçadas no sofrimento cuja experiência multifária nos leva a conclusão que entre a “desordem social” natural das coisas, permite e estimula o excesso e esta sentença aqui enunciada é verossímil. Pelo comportamento de liberdade onde a vontade de fazer o que quer e deseja, esbarra sempre em duas sentenças: continência e disciplina. Essas nuanças deixam o brasileiro nas amarras e impedido de desenvolver sua potencialidade oticada, vem então à aplicação do que adquiriu no berço e que às vezes o malogro vem a prejudicá-lo. É o emprego e o uso da “malandragem” e o carismático “jeitinho brasileiro”. O brasileiro é expressão correta do clichê popular de que “o homem é o produto do meio”, só que este meio é construído por ele mesmo e poucos sabe ou desconhecem. Nós reagimos a tudo e a todos e para os menos incrédulos são “frescuras”.
Determinada vez um trabalhador ao desobedecer às placas de advertência, como por exemplo: “não pise na grama”, “não cuspa no chão”, “não jogue lixo nas ruas”, foi advertido. Levou tudo na esportiva. E com aquele jeitinho maroto disse: “meu amigo se eu fosse obedecer a tudo que está escrito em todas as placas que vejo, já estaria de barriga cheia.” E num tom alegre e esportivo afirmou: Por onde ando vejo sempre: “beba Coca-cola, e se realmente fosse beber já estaria de barriga cheia”. No livro “Carnavais, malandros e heróis”, um dilema que conotamos com outras sinonímias: ”isto pode, isto não pode”, nada mais é do que chamamos de, a figura social do individuo.
Esta figura enunciada pode ser fruto das leis universais e das relações sociais. O mais importante, porém, é saber qual a reação diante de tantas proibições ou avisos de segurança. Quando nos encontramos em situação difícil e o bolso vai ser acionado a ação é repentina. A vontade é de procurar um amigo de influência para não pagar determinadas multas e se esquivar de sanções que recebeu. É o jeitinho aliado a malandragem. Mesmo estando errado não quer ser punido. Nas inadimplências procuras de todas as maneiras uma “metodologia” para se livrar dos juros.
Encontra uma homérica fila vai de mansinho observando o movimento, passa a conversar com determinada pessoas no intuito de burlar e ser atendido mais rápido, mesmo sabendo que sua atitude é totalmente errada e mesquinha. O termo “moleque” se encaixa bem em várias atitudes praticadas por determinados brasileiros. Até o velho “gato” ele usa para pagar uma conta menor de energia elétrica. Vejam sós: chega até chorar se fazendo de inocentem para melhor passar e burlar a autoridade que o repreendeu. Que povo gozado, o brasileiro! Enquanto, em países do primeiro mundo as leis são rígidas e cumpridas, aqui até governantes as desconhecem e deixam de praticá-las e prejudicar os beneficiados.
As regras jurídicas e a prática da vida diária fazem a diferença. O brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, como diria o famoso e ex-jogador de futebol Gérson, que através de uma publicidade se tornou conhecido pelo jargão que usou: “gosto de levar vantagem em tudo. Certo?”. “A lei do Gérson”. Na verdade estas artimanhas nada mais são do que lúdica vontade de burlar e receber as benesses do velho privilégio. A destruição do privilégio trouxe ao conhecimento popular a idéia do certo e do errado. Sabem quem eu sou? Com quem está falando? Eu sou fulano de tal? Isso, para amedrontar, e tirar proveito em benefício próprio.
Por tudo isso, somo um país onde à lei é burlada e o não pode fala mais alto. O proveito próprio gera prazeres e desmancha projetos e iniciativas para a maioria. Com o “jeitinho e a malandragem” o processo torna-se às vezes simples e até mesmo chocantes. Consta de uma dramatização em três atos: A pessoa que passa despercebida pela sua modesta posição e seu jeito simples de vestir, pode ser até uma pessoa rica e de personalidade, mas como a aparência vale muito, essa pessoa é deixada em segundo plano. Modéstia, jeito de vestir e personalidade. A verdade nua e crua é que apesar dos pesares o jeitinho e a malandragem se intensificaram e fazem parte da cultura do povo brasileiro. Dizem até que existe estudante que pesca e paga e professor que pesca e recebe.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI-ALOMERCE E AOUVIRCE