Caso Eloá - De quem foi a culpa?
O Brasil assistiu - de camarote - a fatídica e, segundo alguns, evitável morte da bela garota de Santo André, que gostava de ouvir música, sair com as amigas e se divertir como qualquer adolescente de 15 anos.
A morte trágica e precoce trouxe consigo a questão mais discutida sobre o caso: De quem foi a culpa?
Dos pais? Que não impuseram limites a uma garota de 12 anos? Que não a impediram de namorar tão cedo um rapaz sete anos mais velho?
Comumente ouve-se que a imposição de limites é algo a ser feito com cuidado e sensibilidade, pois cada ser humano tem sua reação particular, cada um assimila o limite à sua maneira. Não pode-se, portanto, julgar a postura dos pais com relação a isto, visto que não há o conhecimento necessário sobre os costumes da família ao longo dos curtos quinze anos de vida de Eloá para fazê-lo.
Seria então da própria garota? Que poderia ter assumido o controle da situação e persuadido o ex-namorado a desistir da idéia hedionda? Não se pode ignorar o fato de que, por mais precoce, independente ou segura que fosse, tratava-se de uma garota de 15 anos. Quer a sociedade concorde, quer não, o fato é que a maturidade é gradual, ou seja, esperar que uma menina no início da vida assuma o controle de uma situção com tamanho grau de complexidade é, ao mesmo tempo, ilusório e irresponsável.
Seria culpa da polícia? A tática não funcionou? A operaçãode invasão foi desastrosa? Havia outros mecanismos que não foram utilizados? A polícia opera conforme é treinada. É uma matemática simples: Muito investimento, muito resultado; pouco investimento, pouco resultado; nenhum investimento, nenhum resultado.
Antes de erguer a voz para criticar é importante avaliar que, como qualquer ser humano, policiais também estão sucetíveis ao erro. Esperávamos que não estivessem, mas estão. O objetivo era preservar a vida da garota, mas pensando em poupar o rapaz a polícia executou - de forma questionável é verdade - a tal invasão, que fatalmente resultou na morte da menina esgotada, que só queria que o sequestro chegasse ao fim.
Atribuir a culpa a Lindemberg é fácil, lógico e instintivo, afinal, foi ele quem atirou na cabeça da vítima, porém é importante considerar alguns fatores: Primeiro, o rapaz que se dizia apaixonado e ao mesmo tempo alimentava desejo por vingança, chegou ao apartamento armado e com bastante munição. Ele sabia o que estava prestes a fazer. Segundo, ele se viu no controle da situação, o que o deixou deslumbrado e lhe roubou o pouco do foco que tinha. Terceiro, ao exigir um documento que lhe assegurasse integridade física, ao exigir (e espantosamente ser atendido) o retorno de Nayara ao cativeiro, ao ficar minutos preciosos dando entrevistas às redes de televisão e ao se dar conta de que um verdadeiro espetáculo estava, por ele, sendo protagonizado, ele deixou claro conhecer e desfrutar das regalias que a lei brasileira oferece aos seus criminosos.
Portanto, a culpa pela trágica e sofrível morte da garota que comoveu a nação em seus cinco dias de calvário é, em suma, das leis de seu próprio país, do nosso Brasil. Eloá foi refém, não de Lindemberg, mas sim da constituição brasileira, escrita sob a síndrome do "preso político", dando garantias aos criminosos em cláusulas pétreas, que emenda alguma pode alterar.
Cantemos na próxima Copa: "Dos CRIMINOSOS deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil".