DÚVIDAS DOMINICAIS
Neste domingo os paulistanos terão uma tarefa difícil. Escolher quem será o chefe do executivo municipal do maior orçamento do país. A quem entregaremos esta responsabilidade? Ao novo fenômeno eleitoral, Gilberto Kassab, ou à madame Marta Suplicy?
O primeiro representa o que já tivemos de pior neste país. DEM (democratas): Antigos membros da Arena, partido da situação durante a ditadura militar, depois PDS, partido de Paulo Maluf quando representava os militares, logo após PFL um partido ultraliberal e agora Democratas. Como um partido, em pouco mais de vinte anos, pode mudar tanto? De defensor do regime de exceção até a nova fase da legenda capciosa.
A segunda, esta privilegiada senhora das classes abastadas, entendo ser uma grande oportunista. Aproveitou o prestígio e o nome do ex-marido para alavancar uma carreira política recheada de gafes e de declarações infelizes. Não tem perfil para ser prefeita de uma cidade do porte de São Paulo. Inclusive, tem uma retórica atual totalmente diversa do que pregava a alguns anos. Quem ouvia Marta Suplicy falar nos programas femininos da década de 1980, poderia pensar que se tratava de uma pessoa centrada. Hoje faz campanha tentando insinuar que seu adversário tem uma vida moral reprovável.
Nós, seres que prezamos a ética, temos a ingênua mania de esperar boas ações políticas, mas essa não é a lógica do jogo. Todo partido, essencialmente, tem como prioridade conquistar, exercer e manter o poder. Não há mistura entre política e ética. A ideologia vinculada a um partido, em nossos dias, não significa nada. Não há uma representação de correntes de idéias díspares em nossos partidos, são apenas agremiações de homens e mulheres que representam apenas os seus próprios interesses.
Sempre tive orientação política à esquerda, mas como vou votar no PT de Marta Suplicy se este partido não representa mais os ideais que o fundaram há quase trinta anos? Como votar em Gilberto Kassab se ele representa tudo que eu sempre rejeitei? Kassab ou Marta não farão administrações substancialmente diferentes. Qualquer dos dois que seja eleito não representará a vitória de uma ideologia ou de outra, estas hoje estão misturadas. A opções entre voto branco ou nulo também não agradam, pois uma suposta apatia política é falsa. Sempre estamos de algum lado.
Concluo dizendo que o voto ideológico está desacordado. Talvez a crise econômica mundial, que já está se alastrou pelo mundo afora, inclusive em nosso país, traga novamente uma polarização de ideologias. Votar numa figura apenas por seu carisma torna o voto pobre, empobrece a política. O pensamento único e falta de alternativas estão com seus dias contados. Mas domingo não será fácil saber quais botões vou apertar.