ELEIÇÕES 2008
Então, as eleições de 2008 acabaram que, de uma forma ou de outra, em vários municípios deste Brasil, trouxeram avanços democráticos na minoria deles e muitos ainda irão sofrer imensos déficits de democracia e cidadania e, obviamente, a não transparência do erário público. Afinal como dizia, em praça pública, o filósofo grego Sócrates – que Platão descreveu a mais de 450 a.C –, que não adianta não existe uma sociedade perfeita, e que aquilo que se fizer com justiça será a virtude (concessão divina).
Em alguns municípios lugar onde prevalece a democracia as eleições ocorreram na maior tranqüilidade pela ausência de campanhas milionárias. A sociedade organizada contribuiu muito para o avanço dos ideais que preconiza o Estado Democrático de Direito. Muitos prefeitos mesmo com avaliações administrativas relevantes cederam a suas gestões para outros candidatos que vinham realizando trabalhos coletivos – ainda melhores –, junto às camadas populares reivindicantes. Nesse processo, a democracia avança e as prioridades sociais são avaliadas pelos atores políticos e colocadas em práticas e a qualidade de vida nessas comunidades municipais adquire maior grau no quesito IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Por outro lado às práticas do neopopulismo – aviltantes compras exacerbadas do voto; abuso de poder; subornos; promessas de cargos comissionados; avalanches de recursos financeiros de empresas transnacionais tendenciosas e gananciosas que modificam o pleito democrático; visitas de quatro em quatro anos dos candidatos em algumas residências; mentiras caluniosas; ações vis e às velhas táticas de obras eleitoreiras – são características exclusivas dos remanescentes municípios considerados grotões de Minas Gerais.
O recrudescimento da compra do voto – ação famigerada, nesses municípios –, significa elevado índice de subdesenvolvimento econômico local e também enorme atraso à formação da sociedade organizada. Esta, uma vez organizada em Ong’s beneficia quando remaneja o eleitor a eleger determinado candidato que, tornando-o quase unânime, se faz lembrar Nelson Rodrigues – o cronista do absurdo cotidiano. Na verdade quando a eleição se ganha pela compra de votos na calada da noite e até mesmo na luz do dia; de cartas marcadas, o preço do voto a ser distribuído entre os candidatos da coligação (qual o maior lance?), não tem sabor de vitória! O eleitorado atinge elevado grau de subordinação, a democracia se esvai na lata do lixo da história e o político tem um prazo de validade.
Nessa perspectiva, tantos os políticos como os eleitores vencidos – nesse pleito desleal –, buscam vislumbrar a tão almejada virtude que avança a passos lentos em muito alhures brasileiros. Convém ressaltar que os eleitores e políticos conscientes cabem maior parte de sua responsabilidade e contribuição para erradicarem velhos valores sociais – viciados –, que maculam os sentimentos de dignidade e civismo.
Autor do romance lírico infanto-juvenil Um Carro de Bois que Transportava Logos e de coletâneas como: Rio das Velhas em Verso e Prosa (Prêmio Projeto Manuelzão/UFMG/Morro da Garça/2006); Letras Mínimas (Ed.Guemanisse/2007); Elos e Anelos – Menção Honrosa (Teresópolis/2008).